Então Ana, 

Também sinto esse Anísio mais socialista quando leio sobre ele ou textos dele mesmo. O interessante é quando podemos conhecer de perto a vida dele aqui. Vemos um homem simples apesar de sua abastada família. Era tímido e tinha muitos irmãos. Foi educado nas formalidades de uma família tradicional, mas estudou em escola de jesuítas quando na primeira infância além de conviver, desde cedo, com o povo da roça que muito contribuiu para a construção de sua personalidade.

Alguns conhecedores leigos/autônomos da vida e obra de Anísio, como a Diretora do arquivo Público Municipal e Presidente da Associação de Amigos do Museu do alto Sertão da Bahia, Rosália Junqueira (minha tia) diz que seu pai, o severo Deocleciano, fosse hoje vivo, Anísio e ele, teriam problemas de relacionamento pois o posicionamento político ficaria nitidamente divergente. 

Anísio, aprendeu com o pai a fazer política. Não essa politicagem que nos enoja hoje. Muito inteligente e perspicaz, Anísio bebia de várias fontes para batalhar por uma educação na qual acreditava, uma Educação enquanto caminho para a sustentação da verdadeira Democracia. 

Dizia:

"A consciência da necessidade da escola, tão difícil de criar em outras épocas, chegou-nos, assim, de imprevisto, total e sôfrega, a exigir, a impor a ampliação das facilidades escolares. Não podemos ludibriar essa consciência. O dever do governo - dever democrático, dever constitucional, dever imprescritível - é o de oferecer ao brasileiro uma escola primária capaz de lhe dar a formação fundamental indispensável ao seu trabalho comum, uma escola média capaz de atender à variedade de suas aptidões e das ocupações diversificadas de nível médio, e uma escola superior capaz de lhe dar a mais alta cultura e, ao mesmo tempo, a mais delicada especialização. Todos sabemos quanto estamos longe dessas metas, mas o desafio do desenvolvimento brasileiro é o de atingi-las, no mais curto prazo possível, sob pena de perecermos ao peso do nosso próprio progresso (TEIXEIRA, 1994, p.33)."

                                                                              (TEIXEIRA, Anísio. Educação não é privilégio. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994.)

Bem, como podem perceber, há muito o que falar desse meu "vizinho". Sim, a presença dele em Caetité é forte graças ao trabalho de pessoas que batalham todos os dias para fazer da residência da Família Teixeira um espaço de promoção da educação e cultura que Anísio defendia, além de salvaguardar sua memória e história.

Convido a todos a conhecer esse pedacinho de chão encantador para qualquer educador!

A Casa Aníso Teixeira fica situada à Praça da Catedral, n 57, Centro da cidade. Caetité-Bahia

É museu da Família Teixeira, Biblioteca Pública, Cinema, Teatro, Conservatório Musical e espaço de recreação e cultura. 

Para quem não puder vir tão logo o coração pedir, faça um tur virtual:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_An%C3%ADsio_Teixeira

https://www.facebook.com/casaanisioteixeirainformativo/

https://www.facebook.com/casaanisioteixeirainformativo/videos/1692548724185645/

 

*Fotografia: Casa Anísio Teixeira - Flávio Ferreira - Disponível no Google Maps

É com felicidade que participo de mais um UEADSL.

Desejo as boas vindas (mesmo que um tanto tardias) a todos e principalmente àqueles que se interessarem a ler meu artigo. 

Sou mestranda do programa de pós-graduação em Estudos Linguísticos da FALE/UFMG e Professora de Inglês como língua estrangeira no Colégio Prisco Viana no interior do Alto Sertão da Bahia, região onde nasci e cresci. 

Agradeço à Professora Dr. Ana Cristina Ficke Matte pela oportunidade de fazer parte dessa edição mesmo nas condições limitantes em que me encontro atualmente. Minha gratidão e carinho!

*Fotografia: "um pouquinho de sertão". Arquivo pessoal, 2019.

Cris,

Que leitura bacana que você fez sobre a história desses educadores que foram tão importantes a educação brasileira!

Ao ler o resumo de seu artigo, fiquei curiosa para saber qual a abordagem semiótica que você vai dar para a discussão dos caminhos da educação no Brasil. Você vai traçar o percurso narrativo para a atuação dos professores de alunos campesinos ou dos próprios educadores apresentados no artigo? Vai fazer algum paralelo entre as práticas?

Como vai se dar essa discussão nos termos da Semiótica?

Parabéns pela pesquisa!

Oi Natália, 

Obrigada pela interação! A audiência é muito importante para nosso crescimento.

Para ser bem sincera eu sou prolixa de mais. Nesta fase da escrita da dissertação tenho que me policiar para não extrapolar e mesmo assim, as vezes, escrevo coisas que são umas viagens. Esse texto foi uma delas! (risos)

Buscava definir o termo Educação no texto já que é uma área cujas fronteiras são fluidas e traspassadas por inúmeras outras. Daí senti necessidade de falar de Anísio, dada a minha vivência e de Freire, pois não se pode trabalhar EJA sem citá-lo. Quando vi já estava escrevendo mais sobre a vida dos dois do que sobre o termo em si. 

Foi muito importante poder trazer esse texto em forma de artigo para o UEADSL pois posso "escoar" da dissertação fazendo apenas a menção a ele quando for tratar dos dois. 

Por outro lado, Anísio e Freire são tão atuais, me espanto em ler os textos deles e ver que o apelo deles ainda não foi atendido nem suas lutas vencidas. Pelo contrário, não é verdade? Parece que voltamos no tempo e estamos começando agora a querer implantar um regime democrático. E como os dois bem defendiam, não há democracia sadia sem o pilar da boa Educação para todos servindo como degrau corretor de justiça social. 

Gosto muito de uma charge genial que explica muito do que estamos falando:

(https://i.pinimg.com/originals/80/8d/10/808d10fcda516eec50ed55c1351bfd68.jpg)  

A Educação é, tanto para Anísio quanto para Freire, esses caixotes que dão suporte para que a essência democrática aconteça.

Não sei se respondi, qualquer coisa estou à disposição. 

Obrigada pela contribuição!  

Olá, Marco.

Tenho refletido sobre a condição de estudante como um todo. Estudar, ultimamente, tem sido um ato de resistência. No tempo de Paulo Freire defender a melhoria da Educação foi luta. Infelizmente, sinto que o nosso videogame deu um boot e foi reiniciado, perdemos toda a memória e precisamos enfrentar todos os chefões novamente. 

O jogador medíocre vai abandonar o jogo. O jogador que almeja ser excepcional, vai reiniciar, tomar o controle e partir para a batalha. É assim que me sinto.   

Obrigada José, pela contribuição e elogios.