Estamos vivendo uma mu(dança) de época ou uma época de mu(dança)? Tempo de desenvolvimento econômico ou humano? São sinônimos?
(Editado por Comissão Organizadora C. - domingo, 23 jun 2019, 23:59)
Estamos vivendo uma mu(dança) de época ou uma época de mu(dança)? Tempo de desenvolvimento econômico ou humano? São sinônimos?
(Editado por Comissão Organizadora C. - domingo, 23 jun 2019, 23:59)
Eliane,
se desenvolvimento econômico fosse sinônimo de desenvolvimento humano, seria bem mais simples para nós, educadores preocupados com o futuro da sociedade. Eu acredito, inclusive, que nas últimas décadas, a despeito das dificuldades e dos tropeços, vivemos noum desenvolvimento econômico que se dirigia à sustentabilidade e que caminhou bem mais do que o desenvolvimento humano, que também fazia parte das preocupações governamentais mas que é algo bem mais complexo e lento. Não fosse assim, o ano passado teria terminado de forma diferente.
Mudança de época ou época de mudanças? Não sei. Para mim, as fases históricas se sobrepõem e se misturam e se confundem... sempre tempos algo de ontem, algo de hoje e algo de amanhã acontecendo, gente de hoje, gente de ontem e gente de amanhã convivendo e, por isso mesmo, em conflito. E é com essa realidade dialética que precisamos lidar.
Será que entendi sua proposta?
bjs
Ana
Fico descansada em saber que mais colegas também ficaram se questionando sobre as colocações da colega.
Enquanto professores, estamos sempre preocupados e analisando onde estamos, para vermos quais possibilidades e para onde podemos ir.
Ultimamente os tempos não tem nos dado tantas alegrias mas a esperança jamais morre.
Acho q n são sinônimos n. Embora n seja antônimas elas se diferenciam bastante, nas mudanças de época éramos coletivos, nos tornamos capitalistas. Nessa vibe a época de mudanças faz da humanidade uma coisa perversa em q a solidariedade humana da lugar ao individualismo e aos mais mesquinhos desejos humanos. Para o geógrafo Milton Santos em seu livro "Por uma outra globalização" (2008)uma outra realidade é possível, seres humanos mais humanizados, solidários e humildes. Nosso Brasil está nas mãos de "irresponsáveis talvez" prq ao longo dos anos fomos criando políticos e pessoas sem ética, moral e muito menos valores democráticos como filhos da pátria!!
Sim, apenas confundimos os termos, mas...que é de se pensar...é.
O desenvolvimento econômico foca em pontos estanques do desenvolvimento humano. Desenvolvimento humano leva em consideração o desenvolvimento do ser e suas potencialidades o desenvolvimento econômico foca apenas na questão financeira e o que ela pode gerar.
Poderíamos dizer desenvolvimento econômico de alguns, dos donos dos meios-de-produção, do retentor da Mais-valia, do burguês, da elite. E o trabalhador dono da mão-de-obra, servil, escravo, assalariado, portador da força-de-trabalho v seu desenvolvimento social cada x mais marginalizado, expropriado do fruto do seu trabalho e ficando as margens do bem socialmente produzido.
Em um período onde as pessoas se tornam cada vez mais frias e superficiais nas suas relações sociais, acredito que estamos vivenciando uma realidade onde o mundo necessidade priorizar o desenvolvimento humano, é preciso valorizar a dignidade da pessoa humana, a empatia, tolerância e o respeito ao próximo.
Olá professora Eliane e colegas do grupo, confesso que essa questão foi a mais delicada para mim. Não sei ao certo o que estamos vivendo nem como estamos nos desenvolvendo...
Sinto na minha experiencia de vida uma mudança bem significativa, nasci nos ano 80, essa época passou por muitas mudanças, mas não sei se ao passar por tantas mudanças é possível dizer que ela permanece, poderia compreender então que a mudança foi de época?? Agora sobre as mudanças não podemos negar não é mesmo?? Lembro das leituras do filósofo Zigmunt Bauman sobre a ideia de modernidade líquida e consigo perceber a solidificação das relações do meu tempo se dissolvendo rapidamente.
Sobre o desenvolvimento, percebo uma crise em ambos que não deixa fluir, estamos quase estagnados. Vivemos uma situação frágil das relações econômicas e humanas, para Bauman sentiríamos a sensação de confusão nesse período pós-moderno. Na verdade sinto que o desenvolvimento humano não está apenas frágil, está perdendo o sentido. Volto a comparar "na minha época", eu assistia o jornal e ao saber de algumas notícias ficava chocada por um longo período, hoje ao me recuperar de uma notícia trágica recebo mais duas ou três... Essa rapidez que as coisas acontecem e da forma que acontecem quase não permite que eu assimile e acompanhe o fluxo da vida. Sinto que a humanidade está em extinção, muito longe de se desenvolver.
Eliane gostei muito do teu questionamento, tive que fazer um exercício ao refletir para poder contribuir, isso também faz parte dos tempos modernos em que estamos acostumados a responder no automático, sem precisar pensar muito.
Gratidão!
Especialistas econômicos, tais como Bresser-Pereira (2006) lembram que, por diversas
vezes, houve tentativas de traduzir matematicamente o desenvolvimento por meio de modelos,
em sua maioria falhos, devido à complexidade do processo em geral. Logo, acabam sendo
redutores e não promovem a compreensão do processo de desenvolvimento. A economia se
formaliza, são desenvolvidos métodos hipotético-dedutivos, mas essa ciência é maior e objetiva
estudar os sistemas econômicos, englobando a sociedade e a distribuição de riqueza em um
quadro particular, conforme as instituições de cada nação (BRESSER-PEREIRA, 2006).
O desenvolvimento não dependente apenas da expansão econômica, pois não resulta
somente de um fenômeno, mas sim multidimensional. Transformações na estrutura social e
cultural são de suma importância para que um progresso aconteça. A grande maioria dos
modelos desenvolvimentistas se basearam nos países europeus. Tais modelos contribuem, mas
podem não ser úteis para explicar o desenvolvimento de um país periférico.
Referência
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. O conceito histórico de desenvolvimento econômico. São Paulo:
Fundação Getúlio Vargas, 2006.
Olá, pessoal!
Muito bom conversar com vocês! Ana, quando lancei a questão pensei muito em todos os acontecimentos, como tu mencionou. A proposta é essa mesma refletir ao sensibilizar sobre as expressões que não são sinônimas, mas infelizmente estamos acompanhando tantos retrocessos. Desenvolvimento humano não é desenvolvimento econômico, assim também quando mencionamos sustentabilidade é no sentido de sustentabilidade ambiental e não pelo desenvolvimento sustentável que é dicotômico. Foi e é neste sentido que convidei vocês a compartilhar suas impressões. Vale mencionar, é muito bom conversar com vocês!
Fiquei pensando ao ler tua colocação Joemir, especialmente a ética e quando referes aos seres humanos mais humanizados, em que trazes o Milton Santos. Nosso grupo de estudos mobiliza sobre a ética nas e das relações humanas pelas interações afetivas embasadas no autor, Urie Bronfenbrenner (2011), como tornar seres humanos mais humanos? A ética é dever e cuidado!
Cientes de que em tempos de crise não é somente o ambiente natural que sofre com os resultados negativos do uso abusivo dos recursos naturais, isso também é evidenciado diariamente nas relações humanas, que cada vez mais se tornam líquidas e egoístas, descartáveis como se fossem produtos que podemos comprar, será que podemos adquirir as relações? (PISKE, NEUWALD, GARCIA, 2018, p. 90).
Por falar em relações humanas ao ser mais humano, entra em cena perfeitamente as colocações do Tiago, realmente “desenvolvimento humano leva em consideração o desenvolvimento do ser (...)”. O que vai ao encontro da colocação Daniel: “(...) é preciso valorizar a dignidade da pessoa humana, a empatia, tolerância e o respeito ao próximo”.
Que sintonia essa conversa! Por falar em reciprocidade, nossa Joice quanto cuidado ao (re)pensar para conversar, como mencionas: “tive que fazer um exercício ao refletir para poder contribuir”, trazes ótimas reflexões para pensar: “sinto que a humanidade está em extinção, muito longe de se desenvolver”. Estamos em destruição? Será?! Lembrei de um trecho do Maturana e Varela:
No zoológico do Bronx, em Nova York, há um grande pavilhão especialmente dedicado aos primatas. Lá é possível ver os chimpanzés, gorilas, gibões e muitos macacos do novo e do velho mundo. Chama a atenção, porém, que no fundo existe uma jaula separada, com fortes grades. Quando nos aproximamos, vemos uma inscrição que diz: “O primata mais perigoso do planeta”. Ao olhar por entre as grades, vemos com surpresa a nossa própria cara: o letreiro esclarece que o homem já matou mais espécies no planeta que qualquer outra espécie conhecida. De observadores, passamos a observados (por nós mesmos). Mas o que vemos? (MATURANA; VARELA, 2011, p. 28-29, grifo nosso).
O fragmento nos ajuda a (re)pensar os modelos, como menciona o Nathan a partir de especialistas econômicos: “por diversas vezes, houve tentativas de traduzir matematicamente o desenvolvimento por meio de modelos, em sua maioria falhos”, as contribuições deste autor vai ao encontro do que Bronfenbrenner (1996) já alertava que era falho, as pesquisas que eram realizadas fora dos contextos ecológicos microssistêmicos, o que muito contribuiu e contribui para ponderar sobre o desenvolvimento humano.
A intenção é chamar a atenção para a responsabilidade das/pelas trans(formações) para todos em suas ações cotidianas, em que somos responsáveis pelo o que fazemos ao ser e não ao esperar pelo o outro: “há soluções para os principais problemas de nosso tempo, algumas delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores” (CAPRA, 2006, p. 23). Sendo assim, podemos dizer que as crianças são o futuro do planeta?
Boa tarde, Eliane! As suas indagações são extremamente válidas e ao mesmo tempo preocupantes ao relacionarmos com o cenário atual de nossa sociedade. Precisamos cada vez mais nos unirmos para que não perdemos a nossa humanidade. Em um meio tão hostil é preciso resistir e lutar por aquilo que acreditamos: por um mundo melhor e não por interesses econômicos, desumanos, atrasados e antiéticos. Obrigado pelas contribuições!
Acredito que os termos se confundam, interessante que não consegui fechar esse pensamento. Estamos numa mudança de época, com uma época de mudança, só pode ser.
Olá, Paulo e Tamyres!
O desafio era esse (re)pensar, resistir e lutar ao ser mais humano em tempos de tantas mu(danças). Gratidão!
Forte abraço!