Olá, autoras!
Gostaria de parabenizá-las pela relevância do trabalho!
Tratar da saúde mental dentro do contexto de crise sanitária e humanitária que ainda vivemos decorrentes do novo coronavírus é , no mínimo, um tema muito delicado e importante de ser debatido.
Como professora de curso pré-vestibular, e também antiga vestibulanda, sei bem como é puxado essa época de preparação que os alunos do 3° ano enfrentam e a cobrança por resultados, principalmente quando envolve o investimento em cursos preparatórios, é grande por parte da família.
Por outro lado, penso que na situação em que ainda vivemos de pandemia, há de se considerar que o acesso educacional dos alunos brasileiros não é, de forma nenhuma, homogêneo no que tange recursos tecnológicos, internet, computadores, espaço para estudo, dentre outras condições que são fundamentais para que as aulas remotas ocorram, como bem pontuado pela Profª Drª Luana Wunsch na palestra de abertura do UEADSL.
Da mesma forma, a formação de professores não compreende, atualmente, treinamento para ser um "youtuber", especialista em fazer vídeos, edição, iluminação, roteiro, som e etc, algo que é mais trabalhado, por exemplo, na educação à distância.
Nesse ponto gostaria de ressaltar que é extremamente diferente a EaD do ensino remoto emergencial instaurado na pandemia. Digo isso, pois não desejo que vocês tenham uma visão negativa do ensino a distancia por meio de plataformas digitais. A questão aqui é que, como o próprio nome diz, foi uma situação emergencial para que as aulas não fossem interrompidas, e, como tal, devemos ter o cuidado de analisá-la assim também. É o famoso ditado "feito é melhor que perfeito" rsrs.
Sem entrar nos ônus e bônus da metodologia empregada, de fato, somos seres necessitados de contato, seja online ou presencial. E ter essa separação abrupta de uma realidade de passeios, convivência com os colegas, viagens, para, de repente, não podermos ir na esquina sem mascara e álcool em gel, sim, vai afetar a saúde metal coletiva, como vocês bem pontuaram.
Penso que tudo na vida é uma questão de aprendizado, independente do momento em que vivemos. Assim, numa situação de crise sanitária em que 4,55 milhões de pessoas no mundo, sendo cerca de 600 mil só no Brasil, já perderam suas vidas, penso que não devemos avaliar que o nosso "novo normal" é uma perda da juventude, como vocês avaliaram.
Pessoalmente, acho que diferentemente de outras gerações, vocês estão tendo a oportunidade de aprender a como lidar com situações de crise, sobre o que priorizar ou não, sobre colocar a saúde coletiva em detrimento dos prazeres pessoais, sobre escolher que abrir UTI's para salvar vidas é mais importante do que aquela baladinha com os amigos, sobre compartilhamento de tecnologia para produção de vacinas, dentre outros aspectos.
Penso que, ainda que estejamos numa situação péssima de crise, sempre há algo a aprender, e vocês têm essa oportunidade de serem melhores do que as gerações anteriores por terem aprendido numa situação de crise sanitária.
É fato que ninguém sairá ileso, principalmente quanto a saúde mental. Estar em época de vestibular, estar pensando no futuro emprego, já é uma pressão enorme sim.
Agora, mais do que nunca, penso que, como professora, ex-vestibulanda e universitária, devemos pensar em como cuidar da nossa saúde mental nesses tempos de crise. Ter o apoio familiar é essencial, como vocês bem apontam, mas ainda sim, penso, é necessário o cuidado coletivo para conseguirmos enfrentar essas dificuldades.
Realmente demandaria muitos e muitos debates o assunto tratado por vocês, e creio que ainda renderão bons aprendizados sobre como cuidar da saúde mental em contexto de crise como a que ainda estamos vivendo.
Mais uma vez, parabéns pelo trabalho de todas!
Grande abraço!
Nathalia O. Costa - Química/UFMG