Olá Maurício e os demais colaboradores. Fiquei triste pelo grupo que estava pronto para participar do evento e por fim não pode. Aguardo por conhecer os alunos no próximo evento.
Sobre a questão da proibição do aparelho celular penso que deve haver um equilíbrio e não uma proibição, a lei no meu ponto de vista ignora sim o contexto dos alunos. Vivemos em uma era digital, em tempos de modernidade líquida, temos que acompanhar nossos alunos.
Fiquei dois anos inserida em um escola do campo aqui no estado do Rio Grande do Sul, a realidade dos alunos da escola não envolvia os aparelhos eletrônicos ate o ano passado, porém com a chegada da internet na comunidade houveram mudanças significativas. A professora da turma "multisseriada", começou a aprofundar as pesquisas como exercícios para casa, também teve a iniciativa de trabalhar com produção textual em grupos e com recursos dos computadores e celulares em aula, notamos também que muitos deles começaram a participar de rede social como o "facebook" por exemplo. Uma educação do campo de qualidade deve sempre investir em formação de alunos que estejam preparados para permanecerem em sua comunidade se desejarem, mas também preparar para viver em outros contextos. O professor das escolas do campo deve estar atento e acompanhar essas demandas, nem sempre vai ser possível igualar as condições das escolas do campo com as da cidade, não temos políticas públicas efetivas, vemos cada vez mais o sucateamento das escolas rurais.
Outro relato de experiência foi meu acompanhamento a uma aluna quilombola que saiu de sua comunidade e veio fazer Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande-FURG , como na comunidade em que ela morava não tinha internet ela se sentia uma analfabeta digital (palavras dela), quando ela entra no mundo acadêmico se depara com uma infinidade de normas, inclusive a ABNT. Acompanhei a aluna e colega e pude perceber o interesse dela em levar o conhecimento adquirido de volta para sua comunidade, hoje ela esta de volta na comunidade quilombola e nos falamos por meio de aplicativos. Fico me perguntando se a colega tivesse se relacionado com o celular na escola dela não teria facilitado esse processo?? A minha colega foi a primeira quilombola da comunidade a se formar, sabe porque?? Ela dizia em suas palestras que ninguém falava sobre as cotas e como ela não tinha acesso a internet ficava cada vez mais distante a possibilidade de continuar os estudos, não havia na visão dela uma possibilidade de acesso a universidade. Hoje ela é inspiração para os jovens de sua localidade e tenta avançar na luta por uma educação justa e de qualidade para todos.
A função do celular na sala de aula pode ser visto tanto como positiva quanto negativa, o celular não é problema, o que é feito com ele nos espaços educativos sim. Temos que ter a sensibilidade de usá-lo como ferramenta que aproxime a turma dos problemas locais, regionais, nacionais e global.