Oi!
Não nos detivemos muito sobre esse assunto. Esse é um assunto difícil, que ainda estamos aprendendo como lidar melhor. Os textos de Irandé Antunes mostram bem como abordar a questão, mas há alguns apontamentos que podem ser feitos aqui.
É importante se preocupar com o uso, o sentido e não a nomenclatura. Não interessa que o "mas" seja "adversativo" ou uma "conjunção adversativa", mas que ele serve para relacionar duas frases, mostrando que a segunda se opõe à primeira (quebra uma expectativa que poderia ser gerada com a primeira frase).
Outro ponto é que não interessa muito se é conjunção, advérbio, preposição, sintagma, o que interessa é que exerce um papel de conector/conexão. Irandé Antunes também não opõe subordinadas concessivas e coordenativas adversativas, o que interessa é o sentido de oposição.
Creio que exercícios de substituição por expressões que realizam o mesmo sentido sejam interessantes, por exemplo.
Uma outra consideração que acho interessante é que o problema da coesão às vezes está na organização do texto. Conforme Costa Val, a coesão é a manifestação linguística da coerência. Então, se o texto tem problemas na ordem da coerência, problemas de organização e relação entre as partes, isso vai se manifestar também da coesão. Um exercício que já dei em sala de aula foi de organizar um texto, pondo trechos em uma ordem que fosse interessante.
É importante, também, não perder de vista a centralidade do texto. Há redações dissertativo-argumentativas, por exemplo, que substituem "brasileiros" por "população verde-amarela". Isso é muito pior que repetir a palavra simplesmente. A repetição é ruim porque torna o texto enfadonho. "População verde-amarela" é uma substituição artificial, que não encontra aceitabilidade, que não se adequa ao contexto.
Por fim (apesar de ser possível fazer acréscimos), é preciso se preocupar com o sentido, com o uso, com a situação concreta, com o efeito de sentido. O que eu quero dizer com isso? É que o aluno não deve fazer meras substituições artificiais, ele deve ler textos e ir incorporando as formas linguísticas. Adoro o uso de tabelas, acho que é sim muito proveitoso e tem que ser usada, mas o aluno tem que usar aquilo que ele conhece e se arriscar um pouco, não somente colocar uma expressão que uma tabela diz que serve pra substituir. Por exemplo, "portanto" tem um valor conclusivo bastante maior que "nesse sentido". Mesmo que as duas formas sejam classificadas como conjunção conclusiva, elas não são absolutamente equivalentes (não existe sinonímia perfeita, conforme Rodolfo Ilari). O aluno tem que se preocupar com o efeito de sentido, se aquele trecho deve ter maior ou menor valor conclusivo, se ela deve ser uma conclusão de valor mais lógico ou empírico. Então, em resumo, a gramática deve estar a serviço do texto.