A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

Número de respostas: 12

A COERÊNCIA TEXTUAL E O CONTRATO DE VERIDICÇÃO: UMA PONTE ENTRE A SEMIÓTICA E O AUTISMO

Reflexões sobre ensino e cognição

Autores

•     Isadora Baroni Santos Faculdade de Letras/UFMG

Palavras-chave:

coerência textual, veridicção, autismo, semiótica discursiva, ensino inclusivo

Resumo

Este artigo propõe uma análise da coerência textual a partir da articulação entre a semântica dinâmica e a semiótica discursiva, discutindo como o conceito de contrato de veridicção pode dialogar com características cognitivas de sujeitos autistas. A proposta visa refletir sobre implicações didáticas dessa relação e apresentar caminhos inclusivos para o ensino da coerência textual.

PDF: leia aqui o trabalho completo

Coordenadores de mesa: 

  • professor Ana Matte
  • Mesa: Márcia Duarte

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Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Márcia Marília Teixeira Alves de Souza Duarte -
Prezadas/os autoras/es e público,

É com grande alegria que damos início aos trabalhos como membros da Comissão Científica. Sejam todas e todos muito bem-vindas e bem-vindos! Desejamos que este espaço proporcione reflexões ricas, trocas respeitosas e um debate produtivo para todas e todos os envolvidos.

Um ótimo evento a todas e todos!

Abraços,
Márcia Duarte
Coordenadora de Mesa
Em resposta à Márcia Marília Teixeira Alves de Souza Duarte

Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Márcia Marília Teixeira Alves de Souza Duarte -
Olá, pessoal, bom dia!

Que tal discutirmos de que maneira o conceito de contrato de veridicção, articulado entre a semântica dinâmica e a semiótica discursiva, pode contribuir para práticas pedagógicas mais inclusivas no ensino da coerência textual, especialmente voltadas para estudantes autistas?

Aguardo vocês!

Abraços,

Márcia Duarte
Em resposta à Márcia Marília Teixeira Alves de Souza Duarte

Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Isadora Baroni Santos -
Boa tarde, adorei a proposta de discussão.
Discutir como o conceito de contrato de veridicção pode ser aplicado pedagogicamente envolve refletir sobre como construímos e compartilhamos sentidos. Quando esse conceito é articulado à semântica dinâmica, como propõem Shimoda e Ferreira (2019), evidencia-se que a coerência textual não está apenas no texto, mas na relação entre o que é dito, o que se espera que seja entendido e os saberes que circulam entre enunciador e leitor.
O contrato de veridicção, conceito da semiótica discursiva, parte da ideia de que, ao nos comunicarmos, fazemos acordos implícitos sobre o que é aceito como verdadeiro ou coerente em um discurso. No entanto, esses acordos nem sempre são percebidos ou compreendidos da mesma forma por todos — especialmente por estudantes autistas, que podem ter uma forma diferente de interpretar o mundo e o texto.
Ao ensinar coerência textual, considerar essas diferenças é fundamental. Muitos alunos com TEA têm dificuldade em perceber sentidos que dependem de inferências implícitas, como ironias ou conhecimentos culturais partilhados. Por isso, práticas que tornem mais visíveis esses “acordos de sentido” — como explicar o contexto, mostrar diferentes interpretações de um mesmo texto ou usar esquemas visuais — podem tornar a aprendizagem mais acessível para todos.
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Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Ana Cristina Fricke Matte -
Isadora,
Este é o melhor momento da nossa disciplina, quando vocês podem conversar com outras pessoas sobre o trabalho que fez, não ficando restritos à minha avaliação.
Semiótica é minha melhor praia e fico contente que tenha feito bom proveito da disciplina. Existem estudos muito interessantes nessa seara em que você desenvolveu seu trabalho. O que você considerou mais difícil de levar do estudo teórico à prática?
Um ótimo evento!
Ana
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Isadora Baroni Santos -
O mais desafiador foi transformar conceitos abstratos da semiótica, como o contrato de veridicção, em algo acessível para a sala de aula, especialmente pensando em alunos com TEA. Eles costumam interpretar de forma mais literal, então precisei adaptar tudo para formas mais visuais, concretas e estruturadas — o que exigiu bastante criatividade e sensibilidade.
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Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Maria Cecilia de Albuquerque Cabral -
Parabéns pelo trabalho, Isadora!
Esse projeto mostra de forma concreta uma forma de pedagogia mais inclusiva para sujeitos com TEA.
Você possui alguma sugestão sobre como seria a aplicabilidade dessa adaptação a redes públicas no Brasil?
Em resposta à Maria Cecilia de Albuquerque Cabral

Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Isadora Baroni Santos -
Acredito que seria possível com três passos: investir na formação dos professores para que entendam melhor o funcionamento cognitivo dos alunos com TEA; produzir materiais didáticos mais visuais e acessíveis; e criar políticas educacionais que valorizem diferentes formas de aprender e interpretar o mundo. Com isso, a escola pode realmente se tornar mais inclusiva e acolhedora.
Em resposta à Maria Cecilia de Albuquerque Cabral

Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Márcia Marília Teixeira Alves de Souza Duarte -
Muito obrigada pela questão para instigar o debate, Maria Cecília, muito pertinente! A Isadora respondeu com muita propriedade. Parabéns para ambas! Abraços!
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Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Maria Isabela Bertolini Viol -
Achei muito interessante a forma como o texto se mostra como é muito importante ao nos fazer pensar que ensinar leitura e escrita vai além da gramática. Ele mostra que, para incluir pessoas autistas de verdade, é preciso respeitar os diferentes jeitos de compreender o mundo. Ensinar coerência textual de forma acessível é uma forma de garantir que todos possam participar, entender e se expressar, e isso torna a educação mais justa e humana.
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Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta -
Achei muito interessante como o artigo articula o contrato de veridicção com as particularidades cognitivas do TEA. Ele levanta que a coerência textual, muitas vezes tida como objetiva, depende de um pano de fundo compartilhado que nem sempre está acessível a todos, e que também é uma construção cultural e situada.
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Re: A Coerência Textual e o Contrato de Veridicção: Uma Ponte Entre a Semiótica e o Autismo. Autoria: Isadora Baroni Santos

por Alexandra Cristina de Moura -
Isadora, seu artigo apresenta uma reflexão extremamente relevante ao propor um diálogo entre coerência textual, semiótica discursiva e as particularidades cognitivas de sujeitos autistas. A articulação entre os conceitos de contrato de veridicção e common ground oferece uma lente poderosa para entender como diferentes modos de cognição influenciam a construção de sentido. O texto mostra sensibilidade ao reconhecer que, para muitos autistas, a leitura e a produção textual são atravessadas por desafios específicos, como a interpretação literal ou a dificuldade em acessar inferências implícitas que precisam ser acolhidos pedagogicamente, e não julgados como falhas.

Além disso, sua proposta pedagógica é muito valiosa por sugerir práticas concretas de ensino que respeitam a diversidade neurocognitiva, como o uso de roteiros visuais, textos multimodais e mediações que explicitem o contexto e a intencionalidade. Essa perspectiva torna o ensino da linguagem mais inclusivo e democrático, abrindo espaço para que os estudantes autistas desenvolvam suas competências interpretativas sem serem forçados a seguir modelos únicos e normativos. É um texto que não apenas teoriza com profundidade, mas também oferece caminhos possíveis para uma prática educativa mais sensível e plural. Parabéns pela abordagem tão cuidadosa e transformadora!