Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

Número de respostas: 16

CAPACITISMO, AMORALIDADE E DEFLEXÃO DE RESPONSABILIDADE MASCULINA

TEA COMO O BODE EXPIATÓRIO MASCULINO

Autores

•     Michele Stefany Muniz Burmann

Palavras-chave:

Semiótica Discursiva, TEA, Capacitismo, Função Veridictória

Resumo

Esse trabalho tem como objetivo analisar o discurso capacitistas sobre autismo postado em redes sociais, embasando-se na semiótica greimasiana para esmiuçar as camadas mais profundas e entender a que se dá o movimento capacitista e a verdade oculta entre as linhas deste. A análise foca em como o autismo também é usado como cortina de fumaça para desviar a responsabilidade social masculina enquanto tem seus aspectos generalizados e apagados perpetuando um estereótipo social que marginaliza o TEA.

PDF: leia aqui o texto completo

Coordenadores de mesa: 

  • professor Ana Matte
  • Mesa: Thyenne Rocha

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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Thyenne Menezes Rocha -

Boa tarde a todos e todas,

Sejam muito bem-vindos à nossa mesa de debates do UEADSL! É uma grande satisfação contar com a presença de cada um e cada uma neste espaço de diálogo, aprendizado e construção coletiva.

Agradeço aos autores e autoras pelos trabalhos apresentados, que certamente enriquecerão as discussões. Ao público, convido a participarem ativamente: comentem, perguntem, tragam suas contribuições. O debate é o que move este evento e é por meio dele que ampliamos perspectivas e fortalecemos o conhecimento.

Desejo a todos e todas um excelente debate, com trocas respeitosas e muitas reflexões inspiradoras.

Vamos juntos e juntas construir um momento significativo!


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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Ana Luiza Marcos Romualdo -
Achei esse artigo extremamente necessário e potente. A autora analisa, com base na semiótica discursiva, como o discurso capacitista nas redes sociais pode ser usado não só para reforçar estigmas sobre o autismo, mas também como uma forma de desviar a responsabilidade de homens neurotípicos diante de comportamentos inaceitáveis, como o assédio. A partir de um post do X (antigo Twitter), o texto mostra como o TEA é injustamente usado como justificativa para atitudes masculinas abusivas, perpetuando a ideia de que pessoas autistas não entendem limites ou são "naturalmente" problemáticas.

Gostei muito da maneira como o artigo traz o conceito de veridicção para mostrar que o problema não está no autismo em si, mas na estrutura social machista que encontra no TEA um bode expiatório conveniente. Isso me fez refletir sobre como discursos aparentemente “explicativos” podem esconder preconceitos e defender privilégios.

Diante disso, fico me perguntando: como podemos combater esses discursos capacitistas disfarçados de justificativa social, especialmente quando eles vêm travestidos de preocupação ou "explicação científica"?
Em resposta à Ana Luiza Marcos Romualdo

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Michele Stefany Muniz Burmann -
Pergunta extremamente pertinente, Ana! Acredito que exista dois caminho para combater esse discurso, primeiramente dar voz a pessoas do espectro. Ninguém melhor que eles para falar deles mesmo! Isso não é apenas uma questão de inclusão mas também de responsabilidade social!
Segundo é permitido que comportamentos inadequados sejam questionados desemparelhados do fator TEA, pois, se o espectro é plural e as pessoas se encontram em diferentes lugares e posições dentro dele, logo muito comportamento independem dele. É necessário que se jugue o ato observando antes de tudo o ator como um humano, um cidadão e um ser social capaz, antes de buscar a causa e as justificações. Não é apenas muito fácil como também conviniente usar o TEA como justificativa para determinados comportamentos quando não existe uma ligação verdadeira entre as duas coisas.
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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Ana Cristina Fricke Matte -
Michele, adorei teus fluxogramas!
Este é o melhor momento da nossa disciplina, quando vocês podem conversar com outras pessoas sobre o trabalho que fez, não ficando restritos à minha avaliação.
Semiótica é minha melhor praia e fico contente que tenha feito bom proveito da disciplina. O que você considerou mais difícil de levar do estudo teórico à prática na análise do post e seu comentário, formando uma unidade?
Um ótimo evento!
Ana
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Michele Stefany Muniz Burmann -
Bom dia, prof! Obrigada, que bom que gostou! Mas, respondendo a sua pergunta, o maior problema também foram eles (risos). Até enxergar de forma ampla a análise, fazer os fluxogramas e os quadros de valores foi um dos meus maiores empecilhos. Parecia que eu estava inventando algo até que eu tivesse terminado e pudesse ver a análise como um todo. Foi também um empecilho para a organização do próprio artigo pois não queria colocá-los já que tomam muito espaço mas não achei outra maneira de ilustrar ou colocar em palavras o processo esquematizado da análise.
Resumir tudo também foi um grande caos pois a primeira análise era muito mais longa e dava muitas voltas. Cortei bastante coisa da análise principal em busca de ser mais objetiva. Mesmo assim, o resultado me agradou muito no final.
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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Fernanda Goncalves Ramos -
Parabéns pelo trabalho, que leitura potente! A forma como você analisa os discursos capacitistas nas redes sociais é extremamente necessária, especialmente ao mostrar como o autismo é instrumentalizado para encobrir responsabilidades sociais, em especial as masculinas. A articulação com a semiótica greimasiana deixou a análise ainda mais profunda, revelando sentidos muitas vezes naturalizados.
Fiquei com uma curiosidade: você acredita que esse uso do TEA como “cortina de fumaça” nas redes se dá de forma consciente por quem compartilha esses discursos, ou muitas vezes acontece de forma automática, já imersa em um imaginário social capacitista e patriarcal?
Em resposta à Fernanda Goncalves Ramos

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Michele Stefany Muniz Burmann -
Bom dia, Fernanda. Te confesso que você trouxe o mesmo questionamento que tive enquanto fazia esta análise. O interessante da análise semiótica é que às vezes ela pode revelar mais coisas do que o esperado e essa foi uma delas. A forma como o discurso escondia outro em uma camada mais profunda foi uma coisa que percebi apenas na análise. Em princípio minha ideia de análise era demostra que o capacitismo invisibiliza a pluralidade do espectro, entretanto, pôde se perceber muito mais que isso durante a análise. E isso me levou ao mesmo questionamento, seria intencional ou não? Acredito que seja necessário pesquisas bem mais amplas e aprofundadas sobre o assunto para responder de forma objetiva e correta, porém não descarto a possibilidade de discursos como esse se darem de forma consciente. A possibilidade de se suceder esse tipo de discurso devido o imaginário social é algo indiscutivelmente a prior, agora seria necessário estudar a possibilidade de ser algo intencional e consciente, pensado de forma estratégica pelo protagonista.
Em resposta à Primeiro post

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Ana Cleia Barbosa -
Boa noite, Michele!
Diante do que foi exposto em seu trabalho, tenho uma pergunta.
Como o uso do autismo como “cortina de fumaça” nas redes sociais contribui para reforçar estereótipos capacitistas e isentar responsabilidades sociais, especialmente masculinas?
Em resposta à Ana Cleia Barbosa

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Michele Stefany Muniz Burmann -
Bom dia, Ana Cleia ! É exatamente isso que o trabalho se propõe a responder.
Em resposta à Primeiro post

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Julia Victoria Campos Emiliano -
Achei o artigo super instigante, especialmente por revelar uma camada do discurso sobre autismo que nem sempre é tão visível: como o capacitismo funciona para apagar particularidades e ainda serve como uma forma de deflexão da responsabilidade masculina na sociedade. A ideia do TEA como “bode expiatório” masculino é uma provocação importante, mostrando que, por trás da estigmatização, existe uma estratégia discursiva que esconde questões mais profundas sobre gênero e poder. Esse olhar pela semiótica greimasiana realmente ajuda a destrinchar essas camadas complexas. Fica a pergunta: como podemos desconstruir esses discursos capacitistas e ao mesmo tempo enfrentar as desigualdades de gênero que eles mascaram? Parabéns à autora pelo trabalho crítico e necessário!
Em resposta à Julia Victoria Campos Emiliano

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Michele Stefany Muniz Burmann -
Uma pergunta necessária, Julia! Acredito que os neurodiversos, em destaque pessoas com TEA, é apenas mais um dos grupos que sofre com o machismo estrutural da sociedade, sendo assim, para que possamos enfrentar essa desigualdade de gênero dentro do TEA, tanto no diagnóstico quanto no tratamento que as pessoas dentro do espectro recebem de acordo com seu gênero, é necessário tratar da raiz desse mal e sabemos que essa não é uma tarefa fácil e é um processo secular que ainda demorará tempo para que seja resolvido e tratado. Temos esperança que as novas gerações e a tecnologia ajude a quebrar essa permanecia embasada em estereótipos falsos e infundados que apenas marginalizam mais as pessoas do espectro e corroboram para a perpetuação dessa desigualdade de gênero.
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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Wanessa Lina Fernandes -
O uso da semiótica discursiva para analisar a presença do discurso capaciticas nas redes é revelador.
O artigo, muito bem construído, trata de um tema pertinente e pouco discutido.

A avaliação dos discursos capacitistas por meio dos fluxogramas foi ensencial para a comprenssão total e entendimento pleno do tema. O trabalho revela como o capacitismo funciona como desvio da responsabilidade masculina na sociedade. Uma análise crítica e muito pertinente, de um assunto importante e, como já dito, pouco levantado e debatido.

Parabéns, Michele! Sua análise se revelou importante e muito promissora para trabalhos futuros sobre semiótica e outros estudos linguísticos.

Bom evento!
Em resposta à Wanessa Lina Fernandes

Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Michele Stefany Muniz Burmann -
Muito obrigada, Wanessa! Espero que essa área se amplie mais para que possamos entender melhor como o capacitismo atua não apenas para desresponsabilizar e invisibilizar pessoas mas também como um instrumento de desvio de responsabilidade de outros setores e grupos sociais.
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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Maria Helena Teixeira Ribeiro -
O artigo traz uma análise bem afiada e provocadora sobre como o autismo é, às vezes, usado como desculpa para justificar comportamentos masculinos inaceitáveis. A semiótica foi usada de um jeito interessante pra mostrar como certos discursos escondem preconceitos e transferem responsabilidades. É uma leitura que cutuca e faz pensar!
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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Maria Isabela Bertolini Viol -
Gostei bastante da forma como o texto explica como certos discursos escondem preconceitos contra pessoas autistas. A análise ajuda a perceber como essas ideias são construídas e nos faz pensar de forma mais crítica e justa sobre o autismo.
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Re: Capacitismo, Amoralidade e Deflexão de Responsabilidade Masculina. Autoria: Michele Stefany Muniz Burmann

por Maria Eduarda Gomes Ribeiro -
Um texto ousado e necessário! A autora propõe uma análise crítica sobre como o autismo pode ser usado como desculpa para justificar comportamentos inaceitáveis, deslocando a responsabilidade. A abordagem é corajosa, com argumentação sólida e clara. É um trabalho que provoca, questiona e abre espaço para debates urgentes sobre capacitismo e gênero. Muito relevante e bem articulado!