“Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

Número de respostas: 27

“ANJO AZUL” À LUZ DA VERIDICÇÃO: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA SOBRE O TEA

Autores

•     Jasper Vilan Braga Faculdade de Letras/UFMG

Palavras-chave:

Veridicção, Transtorno do Espectro Autista (TEA), anjo azul, semiótica

Resumo

Este trabalho busca analisar um post da autoria de Rodrigo Diesel publicado no X a partir da teoria da veridicção. A postagem ressalta o termo “anjo azul", este que é popularmente utilizado para referenciar pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A partir dos conceitos de verdadeiro, falsidade, mentira, segredo e observador, o texto é avaliado quanto ao seu teor de verdade.

PDF: leia o texto completo aqui

Coordenadores de mesa: 

  • professor: Ana Matte
  • Mesa: Ana Noronha

Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Ana C. Noronha -
Olá a todos e todas, bem vindes!
Muito bom termos este espaço de discussão de trabalhos na edição de 2025 do Congresso Nacional de Universidade EAD e Software livre. Fiquem à vontade para postar suas dúvidas, questões, comentários.
Profa. Ana Noronha
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Ana Cristina Fricke Matte -
Bom dia, Jader e Ana,
De fato, Jader, você pegou num ponto central: o afeto não é sempre a melhor forma de acolhimento, por mais importante que seja fundamental não deixá-lo de lado, pois, ao menos na nossa cultura, o carinho está de certa forma restrito a duas instâncias: a infantil e a de relacionamentos como namoro. Esse "anjo azul" funciona mesmo assim, e exclui do espectro o gênero feminino, cis ou trans, além de excluir também a possibilidade do autista crescer e alcançar também a maturidade sexual. Parabéns pelo trabalho!

Minha pergunta para todos os trabalhos sobre TEA e Semiótica, repito para você:

A função da veridicção é muito profícua para tratar de questões como o masking no autismo. Esclarecendo para quem eventualmente não souber, o Masking é um mascaramento, disfarce de características do TEA, uma estratégia que todos os autistas, especialmente mulheres e identificados como elas, usam para se defender de um mundo que só vai reconhecê-los quanto mais típicos se mostrarem. É o contrário da inclusão, não? Mas parece-me que, com moderação e muiota consciência, é uma estratégia que pode ajudar em muitos momentos. O que você acha disso?

Um excelente evento para todes nós!

Ana Cristina
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Ana C. Noronha -
Boa noite, Jasper e Ana Cris,

Jasper, o tema é mesmo muito interessante e a comparação do autista com o "anjo azul", que eu não conhecia, se coloca mesmo para ser objeto de análise da veridicção, ou do parecer-verdadeiro - a verdade, afinal, do ponto de vista da semiótica, é um efeito de sentido do texto.
A partir disso, gostaria de ver seu comentário se estender sobre o porquê da escolha desse determinado post, dessa pessoa - quem é? - no X. Além disso, gostaria de saber como esse tuíte (era um tuíte?) se posiciona em meio a outros do mesmo autor, se existirem. Na sua análise, você coloca que o efeito de verdade depende de outros fatores do enunciatário, quais seriam?

Ana, sua questão a respeito do masking é mesmo muito intrigante. Quero ver como serão essas respostas!
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Bom dia, Profa. Ana Noronha,

O post escolhido foi o de um influenciador autista (@dieselrodrigo) que posta frequentemente sobre sua experiência como autista diagnosticado tardiamente e sobre alguns conceitos e percepções sobre o autismo que não são baseadas em conceitos científicos. O tweet escolhido destaca um ponto constantemente levantado pelo autor dos posts, a desaprovação dele quanto ao uso do termo “anjo azul”.

O efeito de verdade depende dos saberes, valores, crenças e princípios do enunciatário.

Muito obrigado pelas perguntas, pelo interesse e pelos comentários!
Em resposta à Jasper Vilan Braga

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Ana C. Noronha -
Bom dia! Jasper, agora que sei que Rodrigo Diesel é autista e que milita nas redes a esse respeito, seu trabalho fez muito mais sentido. Essa informação precisa ser acrescentada no texto, para ajudar leitores que, como eu, não têm esse histórico. Se você for expandir seu trabalho em algum outro momento, seria interessante abordar outras postagens desse influenciador ou então postagens de outros influenciadores na mesma condição. Isso enriqueceria a abordagem e as análises.
Veja que, quando você responde que o efeito de verdade depende do sujeito da enunciação (enunciador e enunciatário juntos), você está colocando que outras postagens te ajudariam a estabelecer esse quadro, pois por meio desse conjunto mais amplo, seria (será) possível verificar isso melhor .
Abraço
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Muito obrigado pelo feedback!
Tenho interesse em continuar estudando questões relativas ao autismo e a linguística, então seria interessante expandir o trabalho futuramente.
Abraço
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Bom dia, Profa. Ana,

O masking é uma estratégia de sobrevivência dos autistas na sociedade atual, ele é necessário de forma moderada, entretanto, é prejudicial quando usado em excesso, causando estresse, fadiga e crises características do autismo em maior escala. Acho interessante tratá-lo como oposto a inclusão, já que o masking como é visto atualmente, de fato, se caracteriza dessa forma, pois ele é usado em excesso para que autistas tenham oportunidades e direitos básicos atendidos em vários âmbitos sociais.
Em resposta à Jasper Vilan Braga

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Ana C. Noronha -
Olha que interessante, há uma gradação no masking em que, em um polo, é negativa, em outro, é positiva, mas que varia conforme sujeitos envolvidos, tempo e espaço - é isso? Penso que a semiótica tensiva poderia auxiliar aqui...
Muito bom, Jasper.
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
O masking é uma ferramenta usada como adaptação ao ambiente e a situações sociais, uma medida necessária. Entretanto, não consigo interpretá-lo como positivo, já que é algo que causa fadiga, mesmo ele não seja inerentemente negativo.
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Marcelle Cristina Ribeiro Mendes -
Oi, gente!
Achei a leitura do trabalho muito interessante e necessária. A escolha do tema já chama atenção logo de cara – esse debate sobre o termo “anjo azul” é super atual e importante. Gostei muito de como vocês usaram a teoria da veridicção pra mostrar que o sentido do texto não está só no que é dito, mas em como isso aparece e se constrói. Ficou bem claro como o post do Rodrigo Diesel quebra com uma visão romantizada do autismo e traz à tona uma perspectiva mais real e crítica. Um trabalho sensível e bem conduzido!
Em resposta à Marcelle Cristina Ribeiro Mendes

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Fico muito feliz que gostou do trabalho e muito obrigado pelo feedback!
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Fernanda Goncalves Ramos -
Muito interessante, Jasper! Não tinha conhecimento sobre esse termo. Você tem alguma opinião do porquê as pessoas tendem a utilizar termos que infantilizam e criam uma imagem de ''pureza'' pessoas no espectro?
Em resposta à Fernanda Goncalves Ramos

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
A associação entre o autismo e o infantil me parece ser devido ao diagnóstico de autismo como "Autismo Infantil", este que está presente ainda hoje em dia nos registros formais, mesmo que já tenhamos o conhecimento de que o autismo não é restrito à infancia.
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Michele Stefany Muniz Burmann -
Uma escrita fluida e prática que nos traz uma perspectiva muito importante sobre os estereótipos do autismo e como eles são incoerentes e pouco fundamentados na realidade do espectro. É muito interessante entender que muitas vezes o afeto pode ser capacitismo também, sua pesquisa exemplifica exatamente isso de forma clara e objetiva e ainda nos mostra de maneira implícita o perigo dessas associações, afinal, quantos comportamentos e ações não são relevados fundamentados nessa visão errônea do que é o Autismo, certo?. Texto muito bom, Jasper! Parabéns!
Em resposta à Michele Stefany Muniz Burmann

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Muito obrigado!

O capacitismo é comumente atrelado ao afetivo e ao infantil, dessa forma tendo uma faceta delicada e aparentemente inofensiva, mas que revela também o menosprezo das pessoas com deficiência, como pode ser visto no uso do termo "anjo azul".
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Isadora Baroni Santos -
Achei o artigo muito pertinente, principalmente por trazer uma crítica ao uso da expressão “anjo azul” de forma tão naturalizada. Muitas vezes, usamos esses termos sem pensar no quanto eles podem reforçar estereótipos e apagar a complexidade das pessoas com TEA. A análise feita com base na veridicção ajudou a mostrar como essa imagem de pureza não corresponde à realidade e pode até ser prejudicial. É importante repensar esse tipo de linguagem, por mais bem-intencionada que pareça. O texto me fez refletir bastante sobre como pequenas expressões carregam grandes ideias.
Em resposta à Isadora Baroni Santos

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Muito obrigado pelo comentário! Fico feliz de ter contribuído para uma reflexão, também refleti bastante sobre o uso desse termo durante a escrita do trabalho e sobre as suposições que as pessoas fazem quanto a pessoas com TEA e sobre como a linguagem reflete essas suposições.
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Márcia Marília Teixeira Alves de Souza Duarte -
Parabéns pelo artigo, Jasper! A análise é muito relevante ao discutir o uso da expressão “anjo azul” a partir da teoria da veridicção. A escolha do post de Rodrigo Diesel como objeto de estudo foi bastante acertada, pois permite refletir criticamente sobre como termos popularizados podem reforçar visões equivocadas sobre o autismo. A aplicação dos conceitos de verdadeiro, falso e observador contribui para uma leitura mais profunda e ética sobre o tema. Parabéns pela abordagem crítica e fundamentada! Abraços!
Em resposta à Márcia Marília Teixeira Alves de Souza Duarte

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Muito obrigado! Fico feliz que o texto contribuiu para uma reflexão sobre os termos populares usados para fazer referência ao autismo e como esses termos, no texto especificamente "anjo azul", podem reforçar ideias que não necessariamente condizem com o que é o autismo de acordo com o discurso científico.
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Luiza Morais Barbosa Lima -
Achei muito pertinente a forma como o trabalho problematiza o termo “anjo azul”, que apesar de parecer afetuoso, acaba reforçando uma visão romantizada e bastante limitada sobre o autismo. Também penso que esse tipo de expressão pode excluir outras vivências dentro do espectro, como as de mulheres e pessoas trans, além de desconsiderar o autista adulto e suas complexidades.
Em resposta à Luiza Morais Barbosa Lima

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Muito obrigado! O termo "anjo azul" limita bastante a visão do autismo pela pessoa e, de certa forma, chega a colocar autistas em um lugar de inumano. As experiências não infantis e cis masculinas são comumente excluídas do que é popularmente reconhecido como autismo, seu comentário foi bastante pertinente ao ressaltar a existência das várias vivencias autistas.
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Maria Isabela Bertolini Viol -
O texto traz uma reflexão muito importante sobre como certas expressões populares, como “anjo azul”, podem parecer carinhosas, mas acabam criando uma imagem falsa sobre pessoas com autismo. A análise com base na veridicção mostra que esse termo não representa a diversidade real das pessoas com TEA. É um alerta sobre o quanto precisamos pensar melhor nas palavras que usamos e buscar formas mais respeitosas e reais de falar sobre o autismo.
Em resposta à Maria Isabela Bertolini Viol

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
A escolha de palavras quando nos referimos a pessoas com deficiência, nesse caso especificamente pessoas autistas, é bastante importante, já que são um grupo de pessoas marginalizado. Muito obrigado pelo comentário!
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Alexandra Cristina de Moura -
Gostei muito do texto e da clareza com que ele desvela os impactos do termo "anjo azul". É muito importante problematizar expressões que, embora pareçam afetuosas, na prática acabam desumanizando as pessoas autistas. A análise mostra com sensibilidade e embasamento como essa nomenclatura reforça estereótipos capacitistas — ainda que sob a máscara da "bondade".

A crítica ao “capacitismo benevolente” foi especialmente potente. De fato, ao idealizar a pessoa autista como “anjo” ou “dádiva”, se apaga sua complexidade, sua agência e até mesmo sua sexualidade — o que contribui para que sejam vistos como eternamente dependentes ou desprovidos de desejos próprios. Isso não é inclusão, é um silenciamento disfarçado.

Também achei extremamente pertinente o alerta sobre o uso da cor azul e sua associação ao masculino. Esse detalhe aparentemente inofensivo ajuda a manter invisíveis meninas e mulheres autistas, que já enfrentam tantas barreiras no diagnóstico e no reconhecimento de suas necessidades.

Ao invés de romantizar o autismo, o texto nos convida a reconhecer a neurodiversidade com respeito, horizontalidade e compromisso com a dignidade. É um chamado ético para tratar pessoas autistas como o que são: seres humanos completos, com direitos, vontades e trajetórias singulares. Um posicionamento necessário e urgente.

Parabéns por levantar essa discussão de forma tão cuidadosa e firme. Que mais pessoas possam refletir sobre isso e rever suas palavras, práticas e posturas.
Em resposta à Alexandra Cristina de Moura

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -
Muito obrigado pelo comentário (que está muito bem escrito, por sinal)! Seu comentário é extremamente pertinente e trata de forma suscinta e realista muitos dos problemas existentes atualmente quanto a visão do autismo.
Em resposta à Primeiro post

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Delano de Carvalho Ferreira Filho -
Parabéns! Excelente artigo!
Em resposta à Delano de Carvalho Ferreira Filho

Re: “Anjo Azul” À Luz da Veridicção: Uma Análise Semiótica Sobre o Tea. Autoria: Jasper Vilan Braga

por Jasper Vilan Braga -