O INÍCIO DO CICLO DAS ABELHAS EM THE BEE MEETING, DE SYLVIA PLATH: uma análise temático-estrutural - Autoria: José Ignacio Ribeiro Marinho; Mathias Vinícius Santos Rocha

Olá para todas e todos, bem-vindos para esse no espaço de debate!

Obrigado pela sua pergunta coordenadora Beatriz.

Acerca da "alegoria" como uma forma de escrita e como podemos vê-la sendo aplicada no texto, além da definição feita pelo crítico Massaud Moisés, podemos acrescentar que, a forma de expressão poética com simbólicos podem sim representar várias formas conceitos, sendo eles abstratos ou amplos, o que corrobora para uma espécie de transitoriedade entre o ficcional e o real. Nesse contexto, a linguagem lírica que é empregada pela autora na obra, com ênfase neste poema que foi analisada, a maneira metafórica e simbólica que ela utiliza para compor os versos partem da própria experiência que Plath teve com a apicultural nos últimos meses de vida enquanto ela residiu em Devon. Assim evocando sensações e pensamentos, os a leitura desses versos permitem que o leitor interprete a mensagem de forma mais subjetiva e poética, mediante a uma experiência que aconteceu com autora. (Caso queiram consultar, essa passagem pode ser lida no diário, na entrada de 7 de junho de 1962 . A edição que uso para os meus estudos é: "Diários de Sylvia Plath: 1950-1962", Companhia das Letras 2017, 2 ed.)

Quando Bakhtin emprega que " A lírica é uma visão e uma audição do interior de mim mesmo pelos olhos emocionais e na voz emocional do outro: eu me escuto no outro, com os outros e para os outros ", dessa maneira podemos ver a que a configuração em que a poeta acaba se colocando, através dessa colocação do filosofo da linguagem, é em um sentido comunitário, mesmo que ela tenha dito essa experiência de uma forma particular, a leitura pode ser feita também de maneira ampla, abarcando outros indivíduos também que podem transitar como, autor, personagem, autor-personagem. Ao que indica, os traços de personificação, que ocorre em alguns versos, podem corresponder para uma ideia de "iniciação" feitas por aqueles pessoas, logo, todos os que são iniciados à algo, mediante a um ato externo podemos alcançar o interno, ou vice-versa.

Se for para chegar em uma conclusão, eu acredito que autor e personagem, nesse caso, eu lírico, são um só, mas podem ambos distintos mediante a informação que o leitor detêm.

Olá, Nora, muito obrigado!

O poema consegue se sustentar por si só com as metáforas empregadas ao longo dos versos, e mesmo o leitor sem ter conhecimento algum sobre a vida da autora pode fazer uma associação de maneira coletiva com o que pode acontecer, especialmente com muitas mulheres. Porém, quanto aos elementos tratados nos versos, o poema não só reflete um pouco da vida, mas diz muito sobre como ela mesma se sentia naquele momento que estava passando. O relacionamento entre Sylvia Plath e Ted Hughes sempre foi conturbado. No momento em que o poema foi escrito, a autora já tinha seus filhos, Frieda e Nicholas. Assim, além de dividir seu tempo como esposa e mãe, ela ainda precisava se desdobrar como escritora e professora.

 Em seu diário temos uma frase que define bem essa questão de estar em múltiplas funções: "Primeiro preciso conquistar minha capacidade de escrever & experimentar, & depois merecerei o direito de ser mãe. [...] Se a vida é prosaica — parece haver, atualmente, sempre uma pilha de panelas & pratos sujos na pia — pelo menos os sonhos deveriam ser coloridos, maravilhoso", dessa forma Plath também pode ser descrita  como eu lírico do poema. Sendo esse o primeiro de cinco poemas que possuem a temática das abelhas nessa coletânea intitulada Ariel,  o que na verdade deveriam ser apenas quatro, pois o último, "Stings", ou como ficou traduzido "Ferroadas", não faz parte da composição original deixado pela autora antes de morrer, mas através desses poemas conseguir observar o quanto da vida de Sylvia Plath era posto nos versos que ela mesmo escrevia, o que também corrobora para autora ser inserida dentro dos estudos confessionalistas. Um ponto importante de se destacar é que, nós leitores e pesquisadores é que colocamos ela nesse patamar, pois o movimento confessional não surgiu como algo sintético, como se alguns autores tivesses se reunido em certo um momento para determinar que eles seriam os "poetas confessionalistas", pelo contrário, são mediante ao entendimento das vidas que eles conseguem transformar tantas complicadíssimas em puro lirismos, por a relação da alegoria é tão forte e intensa, não só nesse trabalho como em toda sua obra.      

Eu que agradeço aos convidados que se dispuseram para virem aqui e comentar. Muito obrigado!