Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

Número de respostas: 12

RESPEITO EM DISCURSO

UMA LEITURA SEMIÓTICA DA REPRESENTAÇÃO DO AUTISMO NA MÍDIA SOCIAL

Autores

•     Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta Faculdade de Ciências Econômicas/UFMG

•     Camila Ferreira Guimarães Silva EEFFTO/UFMG

Palavras-chave:

Autismo, Semiótica Discursiva, Inclusão, Discurso, Campanhas Sociais.

Resumo

Este artigo propõe uma análise semiótica das campanhas do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, com base nos conteúdos divulgados pelo site Canal Autismo. A partir dos conceitos de função veridictória, quadro de valores e dialogia, busca-se compreender como os signos visuais e discursivos dessas campanhas constroem sentidos sobre a cidadania e a inclusão de pessoas com TEA. A análise revela uma valorização simbólica da empatia e da diversidade, mas também aponta para limites e ambivalências entre o discurso institucional e a prática social. 

PDF: leia aqui o texto completo

Coordenadores de mesa: 

  • professor Ana Matte
  • Mesa: Camila de Melo

Em resposta à Primeiro post

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Ana Cristina Fricke Matte -
Bom dia, Maria Luiza, Camila Ferreira e Camila de Melo!
Autoras, é mesmo interessante que a percepção semiótica da veridicção permite-nos de forma clara e bastante simples compreender como a distância entre a teoria e a prática nos colocam sérios problemas. Muito bom!
Minha pergunta para todos os trabalhos sobre TEA e Semiótica, repito para vocês:

A função da veridicção é muito profícua para tratar de questões como o masking no autismo. Esclarecendo para quem eventualmente não souber, o Masking é um mascaramento, disfarce de características do TEA, uma estratégia que todos os autistas, especialmente mulheres e identificados como elas, usam para se defender de um mundo que só vai reconhecê-los quanto mais típicos se mostrarem. É o contrário da inclusão, não? Mas parece-me que, com moderação e muita consciência, é uma estratégia que pode ajudar em muitos momentos. O que você acha disso?

Um excelente evento para todes nós!

Ana Cristina
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Camila Ericka Andrade de Melo -
Olá, Ana Cristina.

Obrigada pela sua participação e esclarecimento sobre o termo utilizado. Fiquei reflexiva sobre as suas indagações... Impossível não nos remetermos para a nossa realidade cotidiana e não nos colocarmos no lugar do outro. É triste pensar que vivemos em uma sociedade na qual precisamos viver nos mascarando para nos encaixarmos nela em diferentes contextos. Angustiante pensar que precisamos lutar para reforçar a importância e a beleza da diversidade. Fiquei a me indagar: O que nos impulsiona, enquanto seres humanos, a querermos ser iguais? O quanto de desumano há nessa ilusória de igualdade para nos encaixarmos em algum lugar?

Continuemos a dialogar e refletir.
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta -
Oi, Ana!
No nosso artigo, usamos a função veridictória para mostrar a diferença entre o discurso de inclusão e a realidade, que muitas vezes exige que pessoas com TEA usem o masking para se proteger. Concordamos que o masking pode ajudar em certos momentos, mas também revela que a inclusão ainda não é plena, já que exige que a pessoa esconda partes de si mesma.

Vemos o masking como um sinal de que as políticas e práticas atuais precisam avançar para respeitar a diversidade autista sem a necessidade de “máscaras”.
Acho que a sua observação pode ser um bom caminho para próximas pesquisas, incluindo por exemplo a voz dos próprios autistas. Agradecemos o comentário e o convite ao diálogo!
Em resposta à Primeiro post

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Camila Ericka Andrade de Melo -

Um notebook ao centro contendo o logo do evento UEaDSL, estando a sua volta elementos que remetem a diferentes conhecimentos.


Olá, queridos/as participantes!


Tudo bem?


Primeiramente, quero desejar, com entusiasmo e carinho, boas-vindas para todos/as aqui presentes no Congresso Nacional Universidade, EaD e Software Livre 2025.1, em especial, neste anfiteatro.

Sou a Professora Camila Ericka. Estarei, junto com a Professora Ana Cristina Matte, coordenando os diálogos desta mesa. Aproveito para cumprimentá-la neste momento e desejá-la um maravilhoso evento.

Cumprimento e parabenizo, também, as autoras Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta e Camila Ferreira Guimarães Silva que compartilharam conosco o trabalho intitulado “RESPEITO EM DISCURSO: UMA LEITURA SEMIÓTICA DA REPRESENTAÇÃO DO AUTISMO NA MÍDIA SOCIAL”, que será o precursor das nossas reflexões e diálogos neste fórum.

Convido todos/as a lerem o trabalho apresentado com carinho e atenção, assim como os comentários dos/as colegas que já iniciaram as nossas discussões. Desta maneira, poderemos nos unir com maior qualidade nos diálogos já iniciados. Ressalto que, como afirma Paulo Freire, “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes". Logo, que possamos juntos/as nestes próximos dias refletir, dialogar e escrever valiosas histórias colaborativas, ampliando assim as nossas aprendizagens e compartilhando saberes.

 

Aproveitemos deste diálogo que é todo NOSSO e que não tenho dúvidas que será profícuo!

Abraços!



Em resposta à Primeiro post

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Fernanda Portela Bastos Linhares -
Esse artigo me tocou de forma especial, porque tenho dois cunhados autistas de 14 anos, e convivo de perto com as alegrias e os desafios que o espectro traz — tanto para eles quanto para toda a família. A análise semiótica apresentada me fez refletir sobre como, muitas vezes, o discurso sobre inclusão está mais presente na aparência do que na prática. É bonito ver campanhas falando de empatia e respeito, mas, como o texto mostra, ainda faltam ações reais, principalmente nos espaços que mais impactam o cotidiano de pessoas com TEA, como escolas e serviços públicos. O trecho sobre o uso da cor azul também chamou minha atenção, pois nunca tinha parado para pensar como certos símbolos podem reforçar uma visão única e limitada sobre o espectro. A leitura foi importante e me fez enxergar essas campanhas com um olhar mais crítico e mais consciente.
Em resposta à Fernanda Portela Bastos Linhares

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta -
Muito obrigada por compartilhar sua experiência, Fernanda! É justamente esse contato de perto que ajuda a gente a entender melhor como o autismo impacta no dia a dia, e porque é tão importante transformar esses discursos em ações reais. Quando a gente junta a teoria com a vida das pessoas, fica claro o quanto ainda falta avançar para garantir uma inclusão de verdade.
Em resposta à Primeiro post

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Kayque Edgar Chiarelli Nascimento Cornelio -
Parabéns pelo trabalho, Maria Luiza e Camila! A leitura semiótica que vocês fazem das campanhas do Dia Mundial do Autismo é super pertinente — especialmente ao mostrar como o discurso do respeito pode parecer inclusivo, mas nem sempre se traduz em ações concretas.

A crítica ao uso simbólico da cor azul e a análise do slogan #RESPECTRO também me fizeram pensar: até que ponto essas campanhas estão realmente dialogando com as vozes autistas? Ou será que ainda falam mais sobre do que com?
Em resposta à Kayque Edgar Chiarelli Nascimento Cornelio

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta -
Muito obrigada pela sua reflexão! Exatamente, essa é uma questão central que levantamos: o discurso pode parecer inclusivo, mas sem diálogo real com as vozes autistas, ele corre o risco de ser apenas simbólico.
Em resposta à Primeiro post

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Isadora Baroni Santos -
Achei o artigo muito relevante, principalmente por destacar como discursos institucionais sobre o autismo nem sempre se traduzem em práticas reais de inclusão. A análise semiótica foi bem aplicada ao mostrar a diferença entre "parecer" e "ser" inclusivo. O uso da hashtag #RESPECTRO é simbólico, mas ainda falta escuta das próprias pessoas autistas. Também gostei da crítica à cor azul como símbolo único. Me fez pensar o quanto campanhas bem-intencionadas ainda podem reproduzir silenciamentos.
Em resposta à Isadora Baroni Santos

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta -
Obrigada pelo comentário! Nosso foco foi justamente mostrar essa distância entre o discurso e a prática real de inclusão.
Em resposta à Primeiro post

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Camila Ericka Andrade de Melo -
Olá, autoras e colegas!

Primeiramente, parabéns pelo trabalho tão importante que nos levou a valiosas reflexões!

Assim como a maioria colocou, chamou a minha atenção, a utilização da cor azul e essa discussão crítica relacionada a ela. Concordo com Isadora quando pontua a sua reflexão sobre o quanto campanhas bem intencionadas podem reproduzir silenciamentos. Tomo a liberdade para ampliar a mesma, acrescentando a relevância de refletirmos em nossas ações diárias o quanto ainda podemos reproduzir silenciamentos e/ ou exclusões em questões simples como um olhar, uma fala e até em uma cor.


Particularmente, fico muito preocupada com a dimensão que essa conscientização vem ocorrendo nos dias atuais, em especial, quando limitamos apenas ao dia específico e/ou ao mês. Não tornando em ações reais que a inclusão ocorra em todos os dias do ano. Como observa essa prática do dia e/ou do mês? Na sua realidade profissional como percebe que essa temática pode ser ampliada?
Em resposta à Camila Ericka Andrade de Melo

Re: Respeito em Discurso. Autoria: Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta, Camila Ferreira Guimarães Silva

por Maria Luiza Lopes Fernandes Pimenta -
Olá! Muito obrigada pelo comentário!
De fato, a cor azul, apesar de ser um símbolo tradicional, pode acabar limitando a pluralidade de representações do autismo, e isso reflete os desafios maiores que apontamos sobre silenciamentos no discurso.

Quanto à conscientização restrita a datas específicas, concordo que isso pode acabar sendo apenas simbólico, sem garantir mudanças efetivas no cotidiano. No mundo corporativo, por exemplo, acredito que ampliar o tema do TEA envolve promover ações contínuas de sensibilização, capacitação e adaptação de ambientes para receber melhor as pessoas autistas, garantindo inclusão real no dia a dia. Na realidade profissional, acho que deve incluir processos seletivos mais acessíveis e políticas internas que apoiam a diversidade e a valorização das diferenças.
Acredito que levar essa pauta para dentro das empresas, com compromisso real e com o apoio de vozes que têm propriedade, é fundamental para transformar o discurso em práticas efetivas de inclusão.