Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

Número de respostas: 19

Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo

Autores

•     Marco Túlio Pinto e Silva Faculdade de Letras/UFMG

Palavras-chave:

Autismo, Semiótica, TEA

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar um texto publicado na rede social Instagram pelo Coletivo Autista da USP (Causp) (@coletivoautista), considerando os aspectos semióticos presentes em sua construção. A partir dessa análise, busca-se compreender como a aceitação performática do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é representada na mídia digital e quais sentidos são produzidos a partir dessa representação.

PDF: leia aqui o texto completo

Coordenadores de mesa: 

  • professor: Ana Matte
  • Mesa: Ana Noronha

Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Ana C. Noronha -
Olá a todos e todas, bem vindes!
Que alegria este espaço de discussão de trabalhos na edição de 2025 do Congresso Nacional de Universidade EAD e Software livre. Fiquem à vontade para postar suas dúvidas, questões, comentários.
Profa. Ana Noronha
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Ana Cristina Fricke Matte -
Bom dia, Marco e Ana,

Esta será com certeza uma ótima experiência.

Marco, gostei muito de você ter feito, no seu texto, uma descrição da imagem que analisou, ficou muito bem explicada sem estender-se demais, parabéns!

Minha pergunta para todos os trabalhos sobre TEA e Semiótica, repito para você:

A função da veridicção é muito profícua para tratar de questões como o masking no autismo. Esclarecendo para quem eventualmente não souber, o Masking é um mascaramento, disfarce de características do TEA, uma estratégia que todos os autistas, especialmente mulheres e identificados como elas, usam para se defender de um mundo que só vai reconhecê-los quanto mais típicos se mostrarem. É o contrário da inclusão, não? Mas parece-me que, com moderação e muiota consciência, é uma estratégia que pode ajudar em muitos momentos. O que você acha disso?

Um excelente evento para todes nós!

Ana Cristina
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Marco Tulio Pinto e Silva -
Questões sobre acessibilidade e alt-text tem aparecido semi-frequentemente para mim, então a legenda foi bastante influenciada por isso. Fico feliz que gostou.
Masking é uma estratégia de "sobrevivência". E tal qual toda estratégia desse tipo, o ideal seria não ter que ser colocado numa situação em que isso seria necessário. Mas absolutamente é uma habilidade importante de se desenvolver até algum ponto.
Acho também que um pouco do que pode ser considerado como positivo sobre o masking é melhor classificado como "aprendizado de habilidades sociais". O processo de aprender os hábitos dos neurotípicos pode ser menos automático e mais esforçado para os autistas, mas também o é para os neurotípicos que também idealmente deveriam aprender habilidades sociais para comunicação neurodivergente. Deixando, assim, o termo masking mais reservado para aplicações desagradáveis ou não tão saudáveis.
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Ana C. Noronha -
Marco, seu trabalho está mesmo interessante e bem feito. A escolha do meme foi muito feliz, por trazer à tona, figurativizada, a questão do parecer x ser autista, lexicalizada no "masking" - termo bastante acertado também.
Gostaria de ver você responder à questão colocada pela Ana Matte para dar prosseguimento a este debate.
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Ana Luiza Marcos Romualdo -

Achei o artigo “Da Semiótica ao TEA: a aceitação performática do autismo” muito interessante e necessário, especialmente por abordar a diferença entre o discurso de aceitação e a prática real em relação às pessoas autistas. A análise feita a partir do meme publicado pelo Coletivo Autista da USP deixa evidente como muitas vezes a aceitação é apenas superficial, e que, na prática, espera-se que a pessoa autista “não pareça” autista para ser aceita.

O uso do quadrado veridictório ajudou bastante a compreender essas contradições entre “ser” e “parecer”, e me fez pensar em quantas vezes isso acontece no cotidiano: uma falsa inclusão que continua exigindo o masking, ou seja, o esforço contínuo da pessoa autista para se adequar. Isso me levou a refletir o quanto essas dinâmicas são excludentes e desgastantes.

Diante disso, fico com a seguinte dúvida: como podemos, enquanto sociedade — e também como futuros profissionais das áreas da saúde e da educação — promover uma aceitação que seja realmente prática e libertadora para as pessoas autistas, e não apenas simbólica ou performática?


Em resposta à Ana Luiza Marcos Romualdo

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Marco Tulio Pinto e Silva -
Acredito que esse problema, de maneira bastante simplificada, pode ser sintetizado como uma questão de comunicação autística. Muitos dos sofrimentos pelos quais pessoas autistas passam resumem-se a desentendimentos por uma "falha" a seguir as regras sociais não comunicadas. E o mais importante para resolver situações assim é escutar as pessoas autistas; não escalar conflitos desnecessários, não impor comportamentos desnecessários, etc.
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Maria Virginia Lelis Malschitzky Crespo -
Fiquei tocada com o termo "aceitação". Considerando existe um abismo entre a "aceitação" e o acolhimento real, quais estratégias podemos adotar para que o discurso de inclusão deixe de ser apenas performático?
Em resposta à Maria Virginia Lelis Malschitzky Crespo

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Marco Tulio Pinto e Silva -
De fato existe. E lembra muito a diferença entre o abismo entre acolhimento e "tolerância" que é o termo que mais aparece em questões queer, além de outras.
Não existe estratégia mágica que faça com que a o acolhimento real ocorra na sociedade toda da noite para o dia. Mas reconhecer suas próprias necessidades como autista é o mais importante que as pessoas podem fazer individualmente, na minha opinião. A partir disso é possível que a visibilidade faça com que os outros enxerguem o "parecer autista" como algo que não precisa ser escondido.
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Ana C. Noronha -
Bom dia!
Várias perguntas e reflexões importantes aqui suscitadas por esse trabalho. Uma riqueza podermos debater a questão do autismo utilizando as ferramentas de análise da semiótica.
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Isadora Baroni Santos -
O artigo traz uma reflexão muito necessária sobre o que realmente significa aceitar uma pessoa autista. A análise do meme mostra como, muitas vezes, o discurso de inclusão não passa de uma encenação — a pessoa diz aceitar, mas só enquanto o outro “não parecer” diferente. Isso me fez pensar em quantas vezes vemos isso acontecer no dia a dia, mesmo que de forma sutil. A abordagem semiótica ajuda a desvelar essas contradições de forma bem clara e crítica. É duro perceber que, mesmo com tanta fala sobre diversidade, ainda há tanta resistência ao comportamento autêntico.

Você acha que as redes sociais ajudam mais a promover a inclusão real ou reforçam esse tipo de aceitação performática?
Em resposta à Isadora Baroni Santos

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Marco Tulio Pinto e Silva -
Por um lado acho que as mídias sociais funcionam primariamente como uma caixa de eco que reforça qualquer opinião que você já teria independente dela. Por outro lado, de fato existem rachaduras nessa caixa que permitem uma permeabilidade de informações novas. Acredito que as mídias sociais tiveram um papel significativo ao permitirem que pessoas autistas formem comunidades e compartilhem suas experiências. E tal compartilhamento tem um efeito, mesmo que reduzido, de promover melhor inclusão fora dos círculos autistas.
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Luiza Morais Barbosa Lima -
Achei muito interessante como o autor aborda a aceitação performática do autismo nas redes sociais, especialmente a partir da análise de um meme. Isso evidencia como a comunicação digital pode tanto reforçar discursos excludentes quanto abrir espaço para tensioná-los. A ideia de que algumas manifestações de “aceitação” são apenas simbólicas, sem impacto real na vida da pessoa autista, me fez pensar sobre o quanto ainda precisamos avançar em termos de inclusão genuína.
Como você avalia o impacto que esse tipo de crítica semiótica pode ter na construção de políticas públicas mais efetivas para a inclusão de pessoas com TEA? A análise de memes pode ser um caminho válido para influenciar mudanças sociais concretas?
Em resposta à Luiza Morais Barbosa Lima

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Marco Tulio Pinto e Silva -
Acredito que esse tipo de análise tem esse tipo de poder no que ela acrescenta no vocabulário e na caixa de ferramentas de possibilidades de explicação e entendimento de experiências das pessoas autistas. A particicação em mudanças sociais concretas pode ser indireta e pequena, mas com certeza existe.
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Leidiane Pereira de Almeida -
Achei a proposta do trabalho muito relevante. Refletir sobre como o autismo é representado nas redes sociais é essencial, e gostei bastante da forma como o autor analisou essa questão da aceitação.
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Roberta Amim Correia -
O artigo revela com clareza a contradição entre o discurso de inclusão e a realidade autista, usando um meme como estudo de caso inteligente. A aplicação do quadrado verídico para analisar "ser" vs "parecer" autista é particularmente eficaz, expondo a aceitação superficial. Destaque da discussão sobre o "masking" como estratégia de sobrevivência social - um ponto comovente e revelador. O texto equilibra bem teoria semiótica e crítica social, tornando conceitos complexos acessíveis. Pertinente, atual e necessário. Excelente contribuição para debater neurodiversidade além do superficial. Parabéns!
Em resposta à Primeiro post

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Lisania Gabriele Santos -
Olá, Marco! Parabéns pelo trabalho, você discorreu muito bem sobre um assunto tão relevante. Como você avalia o impacto da aceitação performativa sobre a saúde mental e a qualidade de vida de pessoas autistas, especialmente no contexto universitário, em que o 'masking' muitas vezes se torna uma exigência social implícita?
Em resposta à Lisania Gabriele Santos

Re: Da semiótica ao TEA: A aceitação performática do autismo. Autoria: Marco Túlio Pinto e Silva

por Marco Tulio Pinto e Silva -
Não acho que é algo que eu consiga dar uma resposta boa sem conhecimento de literatura sobre o assunto, mas imagino que exista um efeito positivo mínimo no simples ato do reconhecimento do autismo, mesmo sem acolhimento. Mas, por outro lado, os danos potenciais são grandes e muito mais relevantes que qualquer benefício. Especialmente se a pessoa autista precisar de qualquer apoio de alguem que em teoria teria entenderia que pessoas no espectro autista enfrentam esses desafios.