
STIS - Seminários Teóricos Interdisciplinares do SEMIOTEC
Roxane e Fernanda
Conferência STIS SETEMBRO 2014
Dia 19 de setembro das 14 às 16:00, na Sala de Conferências do STIS
Novos multiletramentos na escola: Direções para programas e materiais didáticos
(Profª Drª Roxane Rojo (IEL/UNICAMP))
Resumo
O presente trabalho reunirá diferentes diretrizes visando os novos multiletramentos no ensino de Língua Portuguesa na escola, por meio de sugestões de propostas para programas de ensino e de produção de protótipos de materiais didáticos digitais interativos enfocando gêneros multimodais e hipermidiáticos que são objetos resultantes de remidiação. Para Bolter e Grusin (1999), as novas mídias visuais adquirem sua significação cultural homenageando, rivalizando e redesenhando mídias anteriores como a pintura em perspectiva, a fotografia, o cinema e a TV. Os autores denominam esse processo de reformatação como “remidiação”. A pedagogia dos multiletramentos, que defende o foco em textos multimodais contemporâneos e na diversidade cultural das coleções do alunado (GARCÍA-CANCLINI, 1989), vê-se favorecida por este tipo de objeto resultante de remidiação ou de processos de hibridação e remix. Finalmente, os materiais didáticos digitais interativos (livros didáticos digitais interativos, objetos interativos) apresentam características multimodais, hipermidiáticas, intuitivas e interativas que descortinam, efetivamente, um novo universo de possibilidades de ensino-aprendizagem em que os objetos de ensino e estudo, anteriormente abstratos, longínquos e que tinham de ser captados e compreendidos por meio de uma linguagem verbal escrita altamente complexa, agora podem estar presentificados no livro, por meio de imagens estáticas e em movimento e de áudio e vídeo (objetos e animações 3D interativos, galerias de imagens, imagens interativas, vídeos e áudios, gráficos, tabelas e infográficos animados, assim como quizes, PDFs e apresentações Power Point animadas), facilitando muito a compreensão e análise de conceitos mais abstratos e o acesso a diversos gêneros hipermidiáticos. Um protótipo de ensino é um “esqueleto” de proposta de ensino a ser “encarnado” ou preenchido pelo professor, por exemplo, um modelo didático digital de um gênero ou conjunto de gêneros, sem seus acervos ou bancos de textos, ou apenas com acervos e bancos que funcionassem como exemplos e pudessem ser substituídos no produto final. Paralelamente, há acervos ou bancos alternativos disponíveis para que o professor “encarne” seu projeto de ensino para uma turma específica, com sua cultura local, seu repertório, suas necessidades e potencialidades, dentro dos princípios da pedagogia dos multiletramentos. Esses acervos e bancos se aproximariam dos acervos REA, ou seriam, mais simplesmente – se a sala de aula estiver conectada à Web –, uma lista de links para materiais (textos, imagens, vídeos, animações, objetos etc.) que pudessem ser utilizados pelo professor ou inspirá-lo para a montagem final de sua proposta, a partir do protótipo.
A formação do educador de jovens e adultos em Projetos: lições da história
(Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues Silva (UFOP))
Resumo
O estudo procurou identificar as especificidades da formação do educador da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Foram estudados o Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos da UFMG (MG), o Projeto Paranoá (DF), o Centro Municipal de Educação do Trabalhador Paulo Freire (RS) e o Projeto Escola Zé Peão (PB). A investigação utilizou um banco de dados produzido em duas pesquisas anteriores sobre a temática. A leitura analítica do material coletado permite afirmar que cada Projeto continua adotando um repertório de procedimentos formativos. Algumas ações se firmaram no Projeto e se constituíram em duas linhas de ação: uma direcionada à construção de um conceito de EJA e outra envolvendo a manutenção desse conceito. Destacaram-se as seguintes ideias-força instituidoras: centralidade do processo no educando; orientação permanente por grupo multidisciplinar; contextualização histórica da EJA e do próprio Projeto e realidade do educando como princípio pedagógico. E mantenedoras: elaboração de instrumentos didáticos próprios, sistematização regular do trabalho e acompanhamento constante em sala de aula. As ideias-força foram fundamentadas e, dos argumentos construídos concluiu-se que elas são elementos potenciais à construção de um conjunto de especificidades da formação do educador da EJA.