STIS 2014
4. Maio; Semiótica e Barroco, Discurso e Imigração
4.1. registro maio
LOG: Carolina Tomasi e Alexandre Marcelo Bueno
Registro da Conferência em chat escrito, de 23 de Maio de 2014:
Semiótica da Agudeza e a negação da euforia barroquista
conferencista: Carolina Tomasi
Interações nos discursos sobre a imigração no Brasil
conferencista: Alexandre Marcelo Bueno
moderador: Equipe STIS
[14:02] <thalita> Boa tarde a todos!
[14:02] <tomasi> Boa tarde!
[14:02] <thalita> É com imensa alegria que venho, em nome do Grupo STIS - SEMINÁRIOS TEÓRICOS INTERDISCIPLINARES DO SEMIOTEC e da profª Drª Ana Cristina
[14:02] <thalita> Fricke Matte, dar boas -vindas a todos vocês que nos honram com sua presença: conferencistas e participantes.
[14:03] <thalita> O Stis é um programa de conferência realizado na penúltima semana de casa mês de março a dezembro, congregando pesquisadores do Brasil e do exterior em torno do tema educação livre e democrática.
[14:03] <thalita> O STIS, a Revista Texto Livre, o UEADSL e o EVIDOSOL/CILTEC são pés do programa polvo denominado TEXTO LIVRE do CNPq, coordenado pela Profª Drª Ana Cristina Fricke Matte.
[14:03] <thalita> Ao longo desta caminhada o STIS tem se firmado como um canal democrático de divulgação das pesquisas relevantes que estão sendo desenvolvidas no Brasil e no exterior.
[14:03] <thalita> Na verdade, nós do grupo STIS, temos muito que comemorar, pois, neste curto período de tempo, o STIS já promoveu 24 eventos, com a presença de ilustres pesquisadores
[14:04] <thalita> tais como Carla Viana Coscarelli, Luiz Tatit, Maria Lucia Castanheira, Alemida Filho, dentre outros nomes do Brasil e do exterior como o Brian Street (Kings College/Londres) e o Julio Paz (Argentina).
[14:04] <thalita> Também divulgamos o STIS em dois eventos internacionais ocorridos: CLAFP / Brasília e no 19º Intercâmbio de Pesquisa em Linguística Aplicada (19º InPLA) e 5º Seminário
[14:04] <thalita> Internacional de Linguística (5º SIL), este último como convidado do Prof. Marcelo Buzzato.
[14:04] <thalita> Para que este trabalho se concretize a cada mês contamos com a colaboração voluntária de uma equipe fantástica de seres humanas altruístas
[14:05] <thalita> que compartilham da mesma concepção de que as mudanças na nossa sociedade só acontecerão através do acesso a educação para todos.
[14:05] <thalita> Farei agora uma breve apresentação de nossos conferencistas convidados. Quem abrirá nossa conferência de maio do STIS Ano III /2014 será a doutoranda Carolina Tomasi.
[14:05] <thalita> É bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (2002), Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Linguística Geral e Semiótica da Universidade de São Paulo (2011).
[14:05] <thalita> Atualmente, é aluna de doutorado pelo mesmo Programa, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Vicente Pietroforte. Desde 2008, é membro do Grupo de Estudos Semióticos da USP.
[14:05] <thalita> Tem vários artigos, participações em congresso e livros publicados, dentre eles podemos citar:
[14:06] <thalita> Elementos de Semiótica: por uma gramática tensiva do visual, Comunicação empresarial, Português forense. Novo acordo ortográfico da língua portuguesa, dentre outros
[14:06] <thalita> Nosso segundo conferencista que nos honra com sua presença é o Prof Dr Alexandre Marcelo Bueno da PUC/SP
[14:06] <thalita> Possui graduação em Linguística/Português pela Universidade de São Paulo (2002). É mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Semiótica e Linguística Geral pela FFLCH-USP, onde também fez seu doutorado.
[14:06] <thalita> Realizou estágio de doutorado-sanduíche na Université Paris 8, sob supervisão do Prof. Dr. Denis Bertrand entre os anos de 2009-2010.
[14:06] <thalita> Em 2012, foi professor visitante da Universidade Nacional de Timor-Leste. Atualmente, realiza pós-doutorado no Centro de Pesquisa Sociossemiótica (CPS) na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
[14:06] <thalita> Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: imigração, História do Brasil, intolerância
[14:07] <thalita> e preconceito linguísticos, semiótica de linha francesa e sociossemiótica.
[14:07] <thalita> Tem uma relevante publicação de artigos em periódicos, vasta participação em congressos e dois livros publicados: Linguagem e Política: princípios teórico-discursivos e Linguagem e política: estratégias, valores, interações e paixões.
[14:07] <thalita> Para finalizar, gostaríamos de agradecer a doutoranda Carolina Tomasi e ao prof Dr Alexandre Marcelo Bueno por aceitarem nosso convite e acreditarem em nossa proposta tornando possível o êxito desse evento.
[14:07] <thalita> A todos os participantes do Brasil e do exterior, gostaria de agradecer em nome de toda a equipe pela suas honrosas presenças. É um prazer tê-los conosco nesta tarde de sexta-feira. Obrigada por nos ajudar a fazer do STIS uma ação concreta de democratização da educação de todos e para todos.
[14:08] <thalita> Passarei a palavra neste momento a moderadora deste evento, a profª Isabel Coimbra, que explicará em detalhes o funcionamento de nossa conferência virtual.
[14:08] <thalita> Obrigada, sejam bem vindos e um ótimo evento a todos!
[14:08] <thalita> belcoimbra, agora é com você.
[14:08] <belcoimbra> OK! Boa tarde a todos! Sejam bem-vindos
[14:08] <belcoimbra> para quem participa pela primeira vez, teremos 30 minutos de apresentação das conferencistas (só por escrito, no chat)
[14:09] <belcoimbra> durante esse tempo, a sala estará moderada /mode #stis +mz
[14:09] <belcoimbra> após as duas apresentações, abriremos a sala para perguntas, sugestões e discussão geral das ideias expostas
[14:09] <belcoimbra> o código para os slides será tomasi
[14:10] <belcoimbra> basta inserir o código à direita, depois de escolher o tipo de atendimento: “apresentação de slides”
[14:10] <belcoimbra> vocês podem regular o tamanho do chat e slides ajustando a coluna vertical entre as partes
[14:10] <belcoimbra> desejamos um ótimo seminário a todos!
[14:11] <belcoimbra> Carolina Tomasi, pode começar quando quiser. Cole, por favor, frases pequenas, de até 3 linhas, durante sua apresentação, ok?
[14:11] <tomasi> ok
[14:11] <tomasi> Muito obrigada Adelma, muito obrigada ao grupo do “Seminários Teóricos Interdisciplinares do Semiotec” pelo convite! Parabenizo o trabalho de vocês! Espero não me atrapalhar aqui na digitação… Já me desculpo de antemão pela dinossaurice.
[14:12] <tomasi> Onde coloco os slides? Antes de começar...
[14:13] <tomasi> As recepções contemporâneas aos séculos XVI e XVII não entendem as produções literárias como barrocas e sim como clássicas, diferentemente, portanto,
[14:13] <tomasi> do valor atribuído ao “estado de barroco” constante dos textos da crítica do século XX (cf. HANSEN In: MOREIRA; ROCHA, 2005, p. 16-17).
[14:13] <belcoimbra> tomasi: seus slides ja estao anexados , veja ao lado e insira o codigo tomasi
[14:14] <tomasi> Ok, Obrigada… continuando...
[14:14] <tomasi> Ao investigar as obras de Peregrini (1997), Gracián (1986), Hansen (2000; 2006a; 2006b; 2006c), depreendemos a agudeza como sistematizadora das produções barrocas do século XVII.
[14:14] <tomasi> Além disso, notamos, por meio de nossa pesquisa de doutorado, não a presença eufórica de barroco sincrônico ou a existência de um possível neobarroco,
[14:14] <tomasi> mas sim as gradações da agudeza como um tipo de operador formal da poesia dita barroquista.
[14:15] <tomasi> A partir dessa agudeza, propomos nesta fala, dentro do quadro teórico-metodológico da semiótica tensiva (ZILBERBERG, 2006a), demonstrar como essa poesia, entendida por muitos críticos como “neobarroca”,
[14:15] <tomasi> é regida por uma oscilação que a regula entre dominância de agudeza do plano da expressão (PE) e dominância de agudeza do plano do conteúdo (PC).
[14:15] <tomasi> Desse modo, as propriedades da agudeza podem ser observadas nos objetos poéticos com algumas diferenças tensivas.
[14:16] <tomasi> Para tratar essas diferenças, sugerimos em nossa tese o desdobramento da agudeza em duas vertentes: agudeza do PE e agudeza do PC, que,
[14:16] <tomasi> observadas de um ponto de vista das gradações tensivas, determinam diferenças de intensidade promovidas pelo obscurecimento do PE do enunciado poético. Como sabemos, PE e PC separam-se para efeitos de estudo apenas.
[14:16] <tomasi> A instância da enunciação, por exemplo, ao privilegiar a tonificação das agudezas do PE, busca delongar o reconhecimento intelectivo do conteúdo.
[14:17] <tomasi> Foi possível verificar também que a agudeza do PE promove uma tensão estetizante, um jogo entre o prazer da conservação sensível e o prazer demorado do reconhecimento inteligível do objeto estético.
[14:17] <tomasi> Nesse sentido, observo que a operação retórica utilizada no usualmente conhecido “barroco”, o “ornato dialético” – um artifício do plano do conteúdo –, tem continuidade no ornato da expressão na poética do século XX.
[14:17] <tomasi> Para demonstrar como se dá tal fato, utilizaremos ao longo da palestra as poesias de Gregório de Matos, de Affonso Ávila e de Haroldo de Campos (ver power point durante a apresentação).
[14:17] <tomasi> Mencionamos aqui ornato não em sentido pejorativo, mas no sentido de obscurecimento do PE que vemos nas poesias de Gregório, Ávila, Haroldo.
[14:18] <tomasi> Esse obscurecimento do PE, como estamos afirmando, engendra um simulacro de duração do sensível, uma tentativa de prolongar o deleite estético da poesia.
[14:18] <tomasi> Tais propriedades configuram uma competência do enunciador, que esmaece os contornos, fluidificando-os (direção da agudeza do PE). O maravilhamento aqui é particularmente sensível, ora destacando o plano sonoro, ora o plano visual.
[14:18] <tomasi> No caso da agudeza do PC, concentram-se semelhanças e diferenças semânticas de forma nova e inesperada, impactando o enunciatário e causando-lhe maravilhamento (HANSEN, 2000, p. 318; ZILBERBERG, 2011a, p. 244).
[14:19] <tomasi> No PC, a agudeza é particularmente semântica, causando maravilhamento sobretudo na descoberta intelígivel das aproximações inesperadas: as metáforas agudas.
[14:19] <tomasi> Se as produções poéticas seiscentistas eram chamadas de enigmáticas, entendemos que assim possa ser a poética de Ávila e de Haroldo no século XX, variando, porém,
[14:19] <tomasi> a escolha da tonicidade (mais ou menos tônica), pela instância da enunciação, nas estratégias de “entravamento” do plano da expressão, emprestando, então, maior fôlego ao estético.
[14:20] <tomasi> Nesta palestra, pretendo também mostrar brevemente como esses refreamentos funcionam na poesia de Ávila e de Haroldo como ruptura de sentido, promovendo paradas diluidoras do objeto.
[14:20] <tomasi> O poema, sensivelmente concentrado, conta com uma oscilação tensiva: desaceleração inteligível e aceleração sensível.
[14:20] <tomasi> Um exemplo dessas estratégias de ruptura do plano da expressão são as operações anagramáticas.
[14:20] <tomasi> Em notas preliminares ao estudo dos anagramas, Saussure comenta que a poesia poderia se dar pelo entendimento de uma razão poética
[14:21] <tomasi> e não do ponto de vista de uma razão lógica (STAROBINSKI, 1974, p. 42-43): o inteligível seria assim regido pelo sensível.
[14:21] <tomasi> Os anagramas condensam fonemas, grafemas, diluindo o enunciado em novas unidades de sentido. Nas palavras de Pound, a poesia é “a mais condensada forma de expressão verbal”.
[14:21] <tomasi> E é com base nas figuras “condensada e diluída”, tendo em vista que todo enunciado poético condensado foi esmaecido em seus contornos do PE,
[14:21] <tomasi> que propomos uma visada semiótica para o entendimento da poética de Affonso Ávila e de Haroldo de Campos, obras do século XX, em confronto com um soneto de Gregório de Matos (ver slide 3).
[14:21] <tomasi> No século XX, a alta tonicidade da poesia “Caminho Novo” (ÁVILA, 2008, p. 310) e de “Usura Canto” (CAMPOS, 1985) produz um efeito de obscuridade:
[14:22] <tomasi> suas formas intensas, tônicas e diluídas, orientam o enunciatário na direção da busca de expansão e do reconhecimento do que está opaco.
[14:22] <tomasi> Nesse sentido, a opacidade proposta é um desafio prazeroso ao inteligível. “Caminho Novo” (slide 4) e “Usura Canto” (slide 5) representariam, pois,
[14:22] <tomasi> um exemplo de poema mais fluidificado em seus contornos, de re-formas, ora no sentido de estilhaçamento, ora no sentido de amálgama.
[14:23] <tomasi> Bel e pessoal, tudo bem por aí>? Muito rápido?
[14:23] <AlexandreMBueno> por mim está tudo bem
[14:23] <tomasi> Continuando...
[14:23] <tomasi> Essas estratégias do plano da expressão articulam, portanto, um jogo de andamentos: o do prazer sensível, mais acelerado, engendrador de outro prazer, mais desacelerado, na busca da apreensão inteligível.
[14:23] <tomasi> Trata-se de um movimento em que tanto enunciador quanto enunciatário têm papel ativo na construção do objeto poético.
[14:23] <tomasi> Assim, enquanto o enunciador compõe (amalgama fonemas, morfemas, criando, por exemplo, um novo significante), o enunciatário decompõe numa tentativa de reconhecimento inteligível.
[14:24] <tomasi> E quando o mesmo enunciador decompõe (desmantela um morfema, por exemplo), o enunciatário recompõe o enunciado.
[14:24] <tomasi> É um jogo entre um enunciador competente para criar surpresas, maravilhamentos no sentido zilberberguiano (2011), por meio de simulacros discursivos, condensações (fusões) de elementos inamalgamáveis etc.,
[14:24] <tomasi> e um enunciatário também competente para, após o impacto sensível do êxtase, desvelar os emaranhados e labirintos do texto poético a fim de fruí-los.
[14:24] <tomasi> P. ex: Se em Ávila e em Haroldo de Campos (slides 4 e 5), prevalece a arquitetura linguística por meio da agudeza do PE, em Gregório de Matos (slide 3), prevalece a arquitetura linguística, em que se reconhece um trabalho engenhoso no PC.
[14:25] <tomasi> Como estamos vendo nos slides do Power Point, o enunciatário TU é convidado a participar da construção do texto e a observar o desenho dos poemas “Caminho novo” e “Usura Canto”, que faz deles objetos estéticos de ordem visual.
[14:25] <belcoimbra> está indo bem!!!
[14:25] <tomasi>
[14:25] <tomasi> No soneto de Gregório, temos um objeto estético de ordem de agudeza do PC (aproximações semânticas inesperadas) e de agudeza do PE (aproximações sonoras).
[14:25] <tomasi> Nos objetos do século XX, diferentemente da leitura linear do soneto de Gregório de Matos, temos uma leitura espacial. Em vez da sequência horizontal, temos em Ávila e Haroldo uma simultaneidade no espaço do branco da página.
[14:26] <tomasi> Prevalecem em Haroldo de Campos e de Affonso Ávila uma tonicidade sensível visual,
[14:26] <tomasi> convidando o enunciatário a desistir da leitura horizontal para adentrar a uma leitura vertical, espacializada, do poema.
[14:26] <tomasi> Assim, a disposição vertical e o desenho da distribuição dos morfemas em ziguezague, bem como as elipses, os amálgamas figurativizam no plano da expressão um poema fluido, esmaecido em seus contornos.
[14:26] <tomasi> Tomando o exemplo no poema de Haroldo de Campos, “Usura Canto”, ao distribuir verticalmente a palavra “vertical”, adjetivo de ouro, engendra o efeito de sentido visual da barra de ouro, estreita e comprida.
[14:27] <tomasi> Nesse caso, o poeta não só descreve o lingote de ouro, mas também o mostra no espaço branco da página do poema.
[14:27] <tomasi> Essa agudeza do século XX apresenta-se intensificada no PE, diferentemente da agudeza seiscentista em Gregório de Matos. Não se trata da mesma agudeza.
[14:27] <tomasi> Ver slides de Gregório de Matos, comparando-os com os poemas de Haroldo de Campos e Affonso Ávila.
[14:27] <tomasi> Um tempinho breve para olharem os slides. rs
[14:28] <tomasi> Ao ocupar-se do fazer arquitetural, o enunciador, tanto da agudeza de Gregório quanto o da agudeza de Ávila e Haroldo, volta-se para o trabalho da própria linguagem.
[14:28] <tomasi> As diferenças, no entanto, são de andamento e de contrato enunciativo. Na agudeza dos seiscentos, no poema de Gregório, em certa medida, preservam-se os contornos:
[14:28] <tomasi> temos um soneto, de contornos nítidos, preservado em linearidade, horizontalidade, de andamento menos acelerado no sensível (cf. ZILBERBERG, 2011, p. 44),
[14:28] <tomasi> assim, os refreamentos do PE são menos tônicos no sensível, se comparados ao de Campos e Ávila.
[14:28] <tomasi> Em Ávila e Campos, a agudeza intensifica-se no PE; não temos mais a nitidez de um soneto, esmaecem-se os contornos,
[14:29] <tomasi> Em Ávila e Campos, a agudeza intensifica-se no PE; não temos mais a nitidez de um soneto, esmaecem-se os contornos,
[14:29] <tomasi> o andamento acelera-se no sensível por meio dos intensos reafreamentos no PE; são mais tônicos no sensível, se comparados ao soneto de Gregório.
[14:29] <tomasi> Ambas as formas de agudeza ocupam-se, pois, do fazer linguístico como escolha da instância da enunciação.
[14:29] <tomasi> Enunciador e enunciatário tanto nos seiscentos como no século XX são competentes semioticamente para “dissimular” enunciados, dando a cada um deles um tipo de agudeza, ou mais voltada ao PE ou mais voltada ao PC.
[14:29] <tomasi> Cito o conceito greimasiano de sujeito da enunciação (“logicamente implícita pela existênca do enunciado”):
[14:30] <tomasi> “esse termo é empregado como sinônimo de enunciador e cobre as posições actanciais de enunciador e enunciatário” (GREIMAS; COURTÉS, 1983, p. 150, verbete “enunciador/enunciatário”).
[14:30] <tomasi> Temos aqui um jogo solidário entre enunciador e enunciatário pressupostamente competentes em saber reconhecer inteligivelmente,
[14:30] <tomasi> compondo ou decompondo os contornos, ora mais nítidos (o caso do soneto), ora mais opacos (fluidos, o caso de Ávila e Haroldo)
[14:30] <tomasi> Em Affonso Ávila e Haroldo de Campos, observo uma agudeza mais voltada para o PE; fazer poético cujos destinadores são outros: Mallarmé, Pound, Cummings.
[14:30] <tomasi> Direção de composição à decomposição: casos em que o enunciador escolhe juntar fonemas, morfemas, criando novos significantes e, nesse caso, o enunciatário faz o movimento contrário.
[14:30] <belcoimbra> tomasi: você tem mais 10 minutos de apresentação, ok?
[14:30] <tomasi> Ok!
[14:31] <tomasi> Direção de decomposição à composição: casos em que o enunciador escolhe, por exemplo, desmantelar um morfema e, nesse caso, o enunciatário fará o movimento contrário.
[14:31] <tomasi> Em Gregório de Matos, observo um tipo de agudeza mais voltada ao PC; há casos, porém em menor número, de poesia visual nos seiscentos (cf. Hatherly, 1995 e Costa, 2010).
[14:31] <tomasi> A produção dos seiscentos distancia-se tensivamente da do século XX: o destinador dos seiscentos são os tratadistas da agudeza seiscentista (Gracián, Peregrini). Daí depreendermos que se trata de agudezas completamente diferentes.
[14:31] <tomasi> Duas agudezas semioticamente distintas: dois destinadores, dois contratos enunciativos, andamentos e velocidades tensionados por dois tempos discursivos diferentes.
[14:31] <tomasi> Além disso, diferenciam-se por uma regência da agudeza do conteúdo nos seiscentos e por uma regência da agudeza da expressão no século XX. Por isso, negamos a euforia barroquista (cf. HANSEN, 2000; 2006a; 2006b; 2006c).
[14:31] <tomasi> Ou seja, seria um entendimento de que o barroco teria atingido o século XX. Depreendemos, porém, que se trata de dois tempos discursivos completamente díspares.
[14:32] <tomasi> Um em que prevalece a agudeza do PC: século XVII (ou “impropriamente” conhecido como “barroco”); outro em que prevalece a agudeza do PE (os objetos visuais): final do século XX (ou “impropriamente” denominado “neobarroco”).
[14:32] <tomasi> Para finalizar, a etimologia de barroco pouco contribui para o estudo de obras impropriamente chamadas de barrocas e neobarrocas,
[14:32] <tomasi> visto que não se verifica nestas últimas propriamente um novo barroco em termos de repetição histórica e ideológica.
[14:32] <tomasi> O século XX reconstrói imagens não só com palavras, mas também com traços segmentais e gráficos, bem como com quebras de palavras e de versos,
[14:33] <tomasi> como tivemos oportunidade de mostrar nos poemas de Affonso Ávila e de Haroldo de Campos.
[14:33] <tomasi> O “barroquismo” que alguns críticos vêem nas obras do final do século XX, o que chamamos de agudeza do século XX, é uma estratégia da performance,
[14:33] <tomasi> que intensifica os reafreamentos do plano da expressão (como sabemos, na função semiótica, o PE é solidário ao PC, vice-versa).
[14:33] <tomasi> Além disso, O poeta, indiferentemente do tempo discursivo a que pertencer (o de Gregório, o de Ávila, o e Haroldo), persegue um projeto poiético:
[14:33] <tomasi> Obscurecimento (no PE e no PC), que delonga o reconhecimento para prolongar o máximo que puder o átimo da experiência estética.
[14:34] <tomasi> Termino por aqui! Espero que tenha dado para compreender. Agradeço imensamente e de coração o convite de vocês!
[14:35] <belcoimbra> Obrigada Carolina! E agora passamos para nossa próxima apresentação.
[14:35] <AlexandreMBueno> Obrigado, Carol! E parabéns pela ótima apresentação!
[14:35] <tomasi> Obrigada, Ale!!!!
[14:35] <tomasi> Obrigada, Bel!!!
[14:35] <belcoimbra> Lembramos que após esta apresentação, abriremos a sala para perguntas, sugestões e discussão geral das ideias expostas nas duas apresentações.
[14:35] <tomasi> Ok!
[14:35] <belcoimbra> digo a apresentação do AlexandreMBueno !
[14:36] <AlexandreMBueno>
[14:36] <belcoimbra> Reiteramos que como na primeira palestra, teremos 30 minutos de apresentação só por escrito
[14:36] <belcoimbra> durante esse tempo, a sala continua moderada.
[14:37] <belcoimbra> o código para os slides é alexandre
[14:37] <belcoimbra> basta inserir o código à direita, depois de escolher o tipo de atendimento: “apresentação de slides”
[14:37] <belcoimbra> vocês podem regular o tamanho do chat e slides ajustando a coluna vertical entre as partes.
[14:38] <belcoimbra> Boa tarde Alexandre!
[14:38] <AlexandreMBueno> Boa tarde!
[14:38] <belcoimbra> você pode começar quando quiser. Cole, por favor, frases pequenas, de até 3 linhas, durante sua apresentação, ok?
[14:38] <AlexandreMBueno> combinado!
[14:38] <belcoimbra>
[14:39] <AlexandreMBueno> Antes de começar, gostaria apenas de dar um aviso: coloquei na minha escrita o número do slide que estarei falando, combinado?
[14:39] <belcoimbra> Ok!!
[14:39] <AlexandreMBueno> Vamos lá
[14:39] <AlexandreMBueno> (Slide 1) Boa tarde a todos. Gostaria inicialmente de agradecer o convite e a oportunidade para apresentar esta pesquisa, que venho desenvolvendo desde o mestrado. Agradeço também a presença de todos os participantes dessa experiência virtual instigante.
[14:39] <AlexandreMBueno> Gostaria também de dizer que estou muito contente por compartilhar essa experiência com minha grande amiga: Carolina Tomasi.
[14:40] <AlexandreMBueno> (Slide 2) Minha apresentação está dividida em três parte. Começo falando rapidamente sobre a história da imigração no Brasil.
[14:40] <tomasi> Obrigada, Ale!
[14:40] <AlexandreMBueno> Apresento também rapidamente alguns conceitos usados para se depreender os valores e os modos de interação entre governo nacional, sociedade brasileira e imigrantes.
[14:40] <AlexandreMBueno> Por fim, trago trechos de textos sobre imigração e imigrantes que foram usados ao longo da minha pesquisa de mestrado e doutorado para discutirmos como as duas questões (valores e interação) estão interligadas.
[14:40] <belcoimbra> codigo dos slides: alexandre
[14:41] <AlexandreMBueno> (Slide 3) De um modo geral, os historiadores costumam dividir a história da imigração no Brasil em quatro etapas, como podemos ver no slide.
[14:41] <AlexandreMBueno> Em cada momento, há grupos que predominam, como os alemães na primeira fase, os italianos, na segunda, e os japoneses na terceira fase.
[14:41] <AlexandreMBueno> Daí por diante, aumenta o número de nacionalidades com o fim das grandes imigrações europeias.
[14:41] <AlexandreMBueno> A última fase, que ainda está por ser melhor estudada e sistematizada, surgem novos grupos, muito também em decorrência da globalização e da nova configuração econômica e política do mundo.
[14:42] <AlexandreMBueno> (Slide 4) Quando se fala em imigração no Brasil, dois grandes núcleos semânticos nos vem à mente: o econômico e o cultural.
[14:42] <AlexandreMBueno> É comum pensarmos na contribuição que os imigrantes deram no trabalho agrícola e na formação da cultura brasileira, entendida hoje como grande diversidade que nos diferencia de outros países.
[14:42] <AlexandreMBueno> Mas houve um outro discurso a respeito da imigração no Brasil: o discurso do branqueamento da sociedade brasileira.
[14:42] <AlexandreMBueno> De um modo geral, esse discurso defendia a vinda de imigrantes europeus como uma forma de branquear uma sociedade brasileira, considerada então negativamente mestiça, traço considerado como o responsável pelo atraso econômico e cultural brasileiro no século XIX e começo do século XX.
[14:42] <AlexandreMBueno> Como veremos nos textos a serem analisados, a imagem do imigrante “ideal” era a de um homem branco, trabalhador, católico (ou cristão), preferencialmente falante de uma língua latina, pois essas eram as características de prestígio no final do século XIX.
[14:43] <AlexandreMBueno> Mas acredito que esses traços não tenham mudado muito ao longo do tempo, infelizmente.
[14:43] <AlexandreMBueno> A consequência direta da escolha desse padrão de imigração também será visto hoje, mas já adiantando, podemos dizer que a opção era quase sempre a da exclusão de todos os grupos sociais que não se adequavam ao padrão europeu, ou seja, índios, negros e asiáticos.
[14:43] <AlexandreMBueno> (Slide 5) Além desses traços no discurso sobre a imigração, há uma narrativa sobre a imigração que está cristalizada em nossa sociedade: a de que a imigração é composta por pessoas que, com muita dificuldade e superação, conseguiram ser economicamente bem sucedidas no Brasil.
[14:43] <AlexandreMBueno> Nosso trabalho procura contestar, em parte, essa narrativa, mas não pela via aberta por Petrone, em sua citação. Pensamos que os fracassos dos imigrantes estão ligados às possibilidades de interação (ou não) determinadas pela sociedade e pelo Estado brasileiros.
[14:43] <AlexandreMBueno> (Slide 6) Vamos agora falar um pouco sobre a parte da semiótica que utilizamos em nosso trabalho. De antemão, gostaria de dizer que o uso da semiótica tensiva (elaborada por Zilberberg e por Fontanille) e dos regimes de interação (do Landowski) em um mesmo estudo não significa uma tentativa de integração da teoria.
[14:44] <AlexandreMBueno> A ideia é apenas usar o que essas duas vertentes contemporâneas da semiótica oferecem de arcabouço conceitual para tentar entender a organização de nosso objeto de estudo em diferentes níveis: um tensivo e outro narrativo.
[14:44] <AlexandreMBueno> (Slide 7) Não vou me deter muito tempo aqui porque creio que todos já conheçam o esquema tensivo presente no livro Tensão e Significação. O esquema nos mostra como é possível pensar como uma identidade (nacional, social, grupal, individual) pode possuir diferentes valores que são veiculados por discursos diversos.
[14:44] <AlexandreMBueno> No caso do Brasil atual, é possível ver como discursos sobre a nacionalidade brasileira oscilam entre a diversidade (exaltando a mestiçagem e o convívio de diferentes culturas) e a unidade (“falamos uma só língua”, o Estado brasileiro, “história oficial”, etc.).
[14:44] <AlexandreMBueno> Veremos nos textos analisados esses dois valores, mas, em muitos casos, a diversidade pode aparecer algo um valor disfórico enquanto a unidade será quase sempre um valor eufórico para a constituição de uma imagem de Brasil.
[14:45] <AlexandreMBueno> A ideia de unidade está, inclusive, na base da construção das nações europeias, que usaram a triagem para produzir uma língua oficial, símbolos e heróis nacionais, uma história oficial, um estado burocrático uno. Com isso, se cria a ideia de uma nação homogênea e de uma sociedade que assume e reproduz essas significações como suas.
[14:45] <AlexandreMBueno> (Slide 8) Quando essa identidade passa a se relacionar (ou se confrontar) com uma alteridade, surgem diferentes possibilidades e estratégias de interação. Pode-se aceitar o outro, renegá-lo, tentar transformá-lo ou mesmo, em casos extremos, até mesmo eliminá-lo, como a história já nos mostrou.
[14:45] <AlexandreMBueno> O modelo proposto por Landowski é muito interessante para pensarmos nessa relação entre identidade e alteridade, na medida em que o esquema não é um privilégio da identidade, mas também uma opção da alteridade.
[14:45] <AlexandreMBueno> Afinal, é possível observar um alteridade que deseja ser assimilada, ou cuja vontade é a de se manter excluída ou segregada para preservar seus valores. A combinação de dois quadrados (um da identidade e outro da alteridade) pode gerar combinações que contemplem situações diversas.
[14:45] <AlexandreMBueno> Por exemplo, imaginemos uma identidade que deseja promover a assimilação de uma alteridade que prefere manter-se segregada, por ter um forte apego à sua cultural, à sua língua e à sua história. É possível pensar também em uma identidade que respeita a alteridade, no regime de adesão, mas o outro quer ser assimilado. E assim por diante.
[14:46] <AlexandreMBueno> Nisso, abre-se a possibilidade para a construção de diferentes representações de si e do outro, incluindo preconceitos e estereótipos com temas diversos (sexual, religioso, cultural, da nacionalidade, racial).
[14:46] <AlexandreMBueno> Landowski, em anos mais recentes, propôs outras formas de interação: o ajustamento e o acidente. Esses conceitos também nos ajudam a pensar na interação na qual os imigrantes estão presentes. Eu não trouxe esses conceitos para a apresentação de hoje porque já possuímos exemplos o suficiente para explorar o quadrado baseado na junção.
[14:46] <AlexandreMBueno> Talvez possamos conversar mais sobre o conceito de união, e seus reflexos na interação em discursos sobre a imigração e os imigrantes, em uma outra oportunidade.
[14:46] <AlexandreMBueno> (Slide 9) A hipótese de nosso trabalho é a de que as interações, por si só, não são suficientes para explicar essas diferentes combinações presentes nos textos. Seria preciso dar “um passo atrás”, ou seja, observar também quais são os valores da identidade e da alteridade.
[14:46] <AlexandreMBueno> Dessa forma, os valores estariam na base da construção dos simulacros da alteridade, construídos pela identidade, pois esses são os discursos a que tivemos acesso (mas acreditamos que o inverso também existe).
[14:46] <AlexandreMBueno> Esses simulacros do outro acabariam, assim, por orientar o modo como interagir com a alteridade (por assimilação, por exclusão, por adesão ou por segregação).
[14:47] <AlexandreMBueno> (Slide 10) Passemos, então, para os textos. Vamos começar com discursos jurídicos sobre a imigração, ou seja, leis e decretos que trataram da definição, da entrada, do estabelecimento e de algumas proibições sobre e para os imigrantes no Brasil.
[14:47] <AlexandreMBueno> Este fragmento, de 1890, nos dá uma boa apresentação de como a triagem opera. Começa com uma projeção sobre a totalidade não definida (“os indivíduos”) para começar a selecionar um determinado tipo de imigrante: que não tenha problemas jurídicos em seu país de origem.
[14:47] <AlexandreMBueno> Mas o que chama mais a atenção, é claro, é a exclusão de asiáticos e africanos nessa lei porque, ao mesmo tempo, ela admite a entrada livre de todo um outro grupo (no caso, os europeus) no país, sem a necessidade de uma sanção, como a prevista em relação aos asiáticos e africanos.
[14:47] <AlexandreMBueno> (Slide 11) Para a construção da imagem e da definição de imigrantes, a triagem se torna mais “refinada” neste outro decreto, criado já na Primeira República, pois ela apresenta mais critérios de seleção.
[14:48] <AlexandreMBueno> Ao mesmo tempo em que se tenta construir uma imagem una do imigrante (relativamente jovem, trabalhador, saudável, moralmente correto, mentalmente são, fisicamente forte e pobre), a lei também se mostra com um valor de diversidade por não interferir na religião ou na atividade que o imigrante iria exercer no país.
[14:48] <AlexandreMBueno> (Slide 12) Nos anos 30 (do século XX), uma questão trabalhada pela lei foi a da naturalização, pois alguns grupos já estavam estabelecidos a um bom tempo no Brasil e, além do mais, já que é uma forma de assimilação do imigrante. Mas a naturalização não é apenas uma vontade do Estado ou mesmo do imigrante.
[14:48] <AlexandreMBueno> O desejo de assimilação pode estar no início do programa narrativo, mas para ser realizada, o imigrante precisa provar sua competência para se transformar em um “brasileiro” e precisa obter uma sanção positiva do Estado brasileiro para isso.
[14:48] <AlexandreMBueno> Nessa lei, de 1938, o Estado dá mostras de que a sanção presente na naturalização/assimilação é uma sanção que depende mais da vontade do destinador-julgador do que apenas da competência do imigrante.
[14:49] <AlexandreMBueno> Dentre as provas necessárias para se tentar obter a naturalização, o imigrante precisa mostrar que já foi assimilado. E para provar isso, ele precisa mostrar sua competência em relação ao /saber/ a língua portuguesa em seu registro “culto”.
[14:49] <AlexandreMBueno> Assim, a triagem não está presente somente na exclusão e na seleção de imigrantes, mas também é usada, com determinados critérios, para selecionar qual imigrante é competente para /ser-brasileiro/.
[14:49] <AlexandreMBueno> (Slide 13) Já no período pós-1945, a triagem presente na naturalização apresenta critérios mais detalhados. Esses critérios servem construir a imagem do imigrante ideal. Essa imagem é a de “bom cidadão”: ter um trabalho, sem problemas com a lei, ter saúde.
[14:49] <AlexandreMBueno> Essa é apenas a etapa inicial do esquema narrativo que a naturalização é. Nessa mesma lei, o imigrante também precisa provar que sabe ler e falar português. Interessante é o privilégio dado ao imigrante português, que pode ser analfabeto, condição não prevista para os demais imigrantes.
[14:49] <AlexandreMBueno> Dessa forma, podemos dizer que o imigrante é um sujeito constantemente condicionado por sanções: para entrar no país e depois, se desejar, para se tornar brasileiro e assim assimilado pelo Estado brasileiro.
[14:50] <AlexandreMBueno> (Slide 14) Neste slide, temos um trecho da lei vigente atualmente no país. Ele é o Estatuto do Estrangeiro, assinado pelo último presidente militar do país, já na fase final da ditadura. Essa lei tem a peculiaridade de prever uma série de punições e de restrições aos direitos dos imigrantes.
[14:50] <AlexandreMBueno> Como podemos ver, a lei se constrói como uma defesa da unidade nacional em diferentes temas (de segurança, cultural, institucional, político, social, moral, econômico).
[14:50] <AlexandreMBueno> Ao imigrante que não se adequa à imagem do “bom cidadão” (ou qualquer outro critério), a punição é a exclusão total com o espaço social e físico brasileiro.
[14:50] <AlexandreMBueno> (Slide 15) Além disso, na mesma lei, há uma série de restrições ao /ser/ e ao /fazer/ do imigrante, sobretudo no tema econômico. Dessa forma, uma imagem do imigrante, construída nesta lei, é a da “ameaça nacional”.
[14:50] <AlexandreMBueno> Essa é a razão para que seja proibido o trabalho ou a propriedade de áreas consideradas estratégias para a manutenção da integridade nacional (navegação, aviação, comunicação, pesquisa em energia e minérios etc.). Exclui-se, assim, o imigrante de realizar determinados fazeres.
[14:51] <AlexandreMBueno> (Slide 16) Mas há uma outra área considerada estratégica para esse período: a política. Assim, os imigrantes não podem ter qualquer tipo de atividade relacionada à política (incluindo temas de interesse dos próprios imigrantes).
[14:51] <AlexandreMBueno> Se a lei fosse aplicada nos dias atuais, a mobilização que observamos para a mudança da lei poderia ser motivo de expulsão (i.e., exclusão) para os imigrantes, pois as manifestações ou as reuniões de trabalho organizadas por associações de imigrantes não poderiam ser realizadas, segundo a fria letra da lei.
[14:51] <thalita> AlexandreMBueno , vá um pouco mais devagar, por favor.
[14:51] <AlexandreMBueno> ok
[14:51] <AlexandreMBueno> Ao longo do tempo, as leis foram oscilando entre uma permissividade nos primeiros anos da República a um maior controle durante o período das Grandes Guerras, que prosseguiram durante a ditadura militar e aqui permanecem até os dias de hoje.
[14:52] <AlexandreMBueno> Em relação à seleção, era clara a opção pelos imigrantes europeus, ideia que foi, ao menos do discurso, eliminada nas leis subsequentes. No entanto, veremos a seguir, como os discursos da sociedade brasileira mantém a preferência por imigrantes de origem europeia.
[14:52] <AlexandreMBueno> (Slide 17) Passemos então a falar mais sobre os discursos “opinativos”. Eu coloquei “opinativos” entre aspas porque temos ensaios e textos de caráter mais científico, mas que sempre revelam um ponto de vista muito pessoal sobre a imigração e os imigrantes no país.
[14:52] <AlexandreMBueno> Este primeiro slide é o trecho de um relatório escrito por Menezes e Souza, também conhecido como Barão de Paranapiacaba. Seu longo relatório é um bom exemplo da mentalidade da época que privilegia imigrantes europeus como colonos que podem auxiliar o país a se desenvolver economicamente.
[14:53] <AlexandreMBueno> Chamo também a atenção para o fato de se usar o termo “raça” para designar diferentes grupos sociais, pois ela representa uma ligação entre a constituição biológica de um grupo e a sua moral. Em outras palavras, raça e moral são sentidos correlacionados nesse tipo de discurso.
[14:53] <AlexandreMBueno> Se o imigrante alemão é considerado um bom imigrante para o país, e por isso deveria ser incentivada a sua entrada, o discurso de Menezes e Sousa também aponta para os imigrantes que não deveriam entrar no país.
[14:53] <AlexandreMBueno> (Slide 18) Assim é representado o chinês: como “raça bastarda e secundária” cuja configuração biológica e moral pode degenerar a sociedade brasileira por meio da mistura. Aqui ele estabelece uma oposição entre a “raça mãe” (europeia) e as “raças secundárias” da qual faz parte o chinês.
[14:53] <AlexandreMBueno> Os europeus seriam harmônicos na forma, enquanto as raças secundárias seriam violentas. A consequência dessas diferentes representações é um pouco óbvia: incentivar a entrada dos alemães e europeus e a proibição (exclusão) da entrada dos chineses e asiáticos.
[14:54] <AlexandreMBueno> Essa hierarquização de “raças”, muito comum no século XIX, foi também responsável pela demora em se começar a imigração japonesa para o Brasil, pois havia um sentimento antinipônico não só no país, mas também nos EUA e na Inglaterra.
[14:54] <AlexandreMBueno> (Slide 19) Neste slide, vemos uma ideia recorrente no período que envolve a imigração: a mestiçagem, considerada, então, como um sentido disfórico da mistura entre negros, brancos e índios. Até onde sei, a ideia de mestiçagem começa a ser eufórica a partir dos estudos de Gilberto Freyre.
[14:54] <AlexandreMBueno> O imigrante, a depender de sua origem, pode ser o adjuvante necessário para que o país finalmente se desenvolva e se torne uma civilização europeia nos trópicos. Ou pode ser o antissujeito que paralisaria o desenvolvimento da sociedade brasileira, renegando-a ao atraso econômico e cultural.
[14:55] <AlexandreMBueno> (Slide 20) No entanto, o imigrante europeu nem sempre teve uma imagem eufórica nos discursos sobre a imigração. Neste texto de Silvio Romero, há uma crítica ao isolamento dos alemães em relação à sociedade brasileira. A partir daí, uma série de questões são levantadas.
[14:55] <AlexandreMBueno> (Slide 21) A suposta superioridade racial alemã é permanece, mas ela não é aqui considerada como algo positivo para o país, mas sim uma ameaça à unidade nacional. A prova disso seria a segregação que os imigrantes alemães mantinham para preservar sua língua, seus valores e sua cultura.
[14:55] <AlexandreMBueno> Segundo o texto, essa manutenção seria o primeiro passo para um projeto maior: a declaração da independência dos Estados ao sul do país e a fundação da uma nova Alemanha na América do Sul.
[14:56] <AlexandreMBueno> Esse é o tema do “Estado dentro do Estado”, com regras próprias e independentes do Brasil, mas baseadas no Estado alemão. Atualmente, ainda é possível encontrar ecos dessas significações no discurso separatista existente nos estados sulistas.
[14:56] <AlexandreMBueno> Segundo Silvio Romero, esse isolamento seria consequência da tolerância do governo brasileiro em relação aos imigrantes. A mesma ideia de ameaça à identidade nacional foi relacionada aos imigrantes japoneses que também mantinham colônias isoladas do convívio com brasileiros.
[14:56] <AlexandreMBueno> E, então, surge uma outra questão. Como combater essa “ameaça”?
[14:56] <AlexandreMBueno> (Slide 22) A principal forma de se combater essa ameaça é com a assimilação do imigrante. Uma serie de léxicos surgem para explicar essa ideia: abrasileiração, aculturação, integração e, claro, assimilação.
[14:57] <AlexandreMBueno> Nesse tipo de discurso, ocorre uma inversão de papeis entre os imigrantes e a sociedade brasileira.
[14:57] <AlexandreMBueno> Se antes o imigrante viria para auxiliar no desenvolvimento cultural, racial e econômico, agora seria preciso defender esses elementos da influência estrangeira, sobretudo dos imigrantes cuja cultura, línguas e valores fossem muito diferentes dos brasileiros (ou seja, quanto menos latino for, maior a ameaça dessa influência).
[14:57] <AlexandreMBueno> (Slide 23) Para isso, seria preciso controlar a quantidade de nacionalidades presentes nas colonias imigrantes e inserir a população brasileira para forçar a assimilação desses imigrantes.
[14:57] <AlexandreMBueno> Dessa forma, a sociedade passa a ser o sujeito que irá defender os valores e a identidade nacional, assimilando os diferentes grupos imigrantes.
[14:58] <AlexandreMBueno> Neste slide, vemos qual é a imagem de Brasil presente no discurso de Oliveira Viana (cujo texto foi publicado originalmente em 1943). Um país formado pela cultura ibérica, cujas língua, cultura e tradições devem ser preservadas, pois são fundantes da identidade nacional brasileira.
[14:58] <AlexandreMBueno> E os imigrantes, por estarem aqui, devem ser integrados à “nossa comunidade nacional”, ou seja, devem ser assimilados para que a unidade nacional permaneça intacta.
[14:58] <AlexandreMBueno> (Slide 24) Com o final da Segunda Guerra Mundial, a seleção de imigrantes volta à discussão, pois todo um contingente de estrangeiros está a espera de poder sair de seus respectivos países devastados pela guerra.
[14:58] <AlexandreMBueno> Este texto, publicado em 1947, propõe explicitamente os critérios necessários para que o imigrante não se torne uma ameaça à unidade nacional brasileira, pois quanto mais próximo do que se imagina ser a identidade nacional, mais fácil seria a assimilação dos estrangeiros.
[14:59] <AlexandreMBueno> É interessante notar como a raça permanece dentre os critérios usados para se selecionar/triar os imigrantes, revelando um pensamento conservadorr e racista que não estava presente, por exemplo, na lei da Primeira República.
[14:59] <AlexandreMBueno> Nesse contexto histórico, o autor volta a manifestar uma preferência do país: a de que imigrantes europeus entrem no país. Também volta o tema do desenvolvimento cultural e econômico no qual imigrante pode ajudar a melhorar o padrão cultural (e racial) da sociedade brasileira.
[15:00] <AlexandreMBueno> Dessa forma, o autor revela também a imagem do Brasil: uma sociedade ainda por se constituir e, principalmente, por ser melhorada, concepção igualmente encontrada em 1890 no texto de Menezes e Sousa.
[15:00] <AlexandreMBueno> (Slide 26) Mesmo com todas as transformações pelas quais o mundo e o Brasil passou nas décadas seguintes ao final da Segunda Guerra Mundial, ainda existem discursos que pretendem propor orientações para uma política imigratória brasileira.
[15:00] <AlexandreMBueno> Esse é o caso do texto de Reis, publicado em 1961. Aqui ainda permanecem os mesmos temas de contribuição do imigrante à sociedade e ao país e a necessidade de se selecionar e de assimilar o imigrante, pois a defesa da unidade nacional não pode ser esquecida.
[15:01] <AlexandreMBueno> (Slide 27) Assim como o texto de Côrtez, a assimilação ocorreria mais facilmente se o imigrante possuísse traços étnicos (ou seja, raciais) e culturais (religião e língua) semelhantes ou idênticos ao da sociedade brasileira.
[15:01] <AlexandreMBueno> A partir dessa concepção de assimilação, o autor estabelece uma hierarquia dos melhores imigrantes a serem asismilados: os de origem latina. Talvez paradoxalmente, o autor afirma que os japoneses são bons imigrantes, mas não toca diretamente na questão da assimilação.
[15:01] <belcoimbra> AlexandreMBueno: você tem mais 10 minutos de apresentação, ok?
[15:01] <AlexandreMBueno> ok. já estou terminando.
[15:02] <AlexandreMBueno> Ele apenas diz que os japoneses são bons trabalhadores (tema do trabalho) e tem amor à terra brasileira (tema da nacionalidade). Isso pode ter ocorrido também porque a imagem dos imigrantes japoneses passou por uma grande transformação após o fina da 2a. Guerra Mundial.
[15:02] <AlexandreMBueno> (Slide 28) Finalizando, espero ter mostrado, com os exemplos trazidos, que no fio da história, temas diversos podem sumir ou voltar, diferentes grupos podem ser considerados bons para o país ou uma verdadeira ameaça à unidade nacional.
[15:02] <AlexandreMBueno> Por um lado, discursos cujo valor é a unidade, promovem tanto a triagem de grupos como a sua assimilação. Por outro, discursos cujo valor é a diversidade podem promover uma diversidade que, em seu limite, respeita as peculiaridades da alteridade.
[15:03] <AlexandreMBueno> Gostaria, por fim, de dize que os discursos podem ser uma forma interessante de ter acesso a uma parte da mentalidade da sociedade e do Estado brasileiros em diferentes momentos históricos. De modo prático, esse conhecimento pode nos alertar para que não se cometam novamente algumas injustiças em relação aos imigrantes que continuam a entrar no país.
[15:03] <AlexandreMBueno> (Slide 29) Bom, era isso o que eu tinha para dizer. Peço desculpas pelo mau jeito aqui. Muito obrigado pela atenção de todos!
[15:03] <belcoimbra> Obrigada Alexandre!
[15:03] <tomasi> Adorei, Ale!
[15:04] <AlexandreMBueno> Obrigado, @belcoimbra!
[15:04] <AlexandreMBueno> Obrigado, Carol!
[15:04] <tomasi>
[15:04] <belcoimbra> E a partir de agora abrimos 30 minutos para perguntas aos conferencistas
[15:04] <tomasi> ok
[15:05] <belcoimbra> antes de qqr coisa gostaria de parabenizar pela riqueze das apresetações obrigada tomasi e AlexandreMBueno
[15:05] <AlexandreMBueno> Obrigado, @belcoimbra
[15:05] <tomasi> DE nada, Bel! Nós é que agradecemos o espaço democrático! Amei!
[15:06] <adelmaa> Parabéns, Alexandre, pela sua extraordinária apresentação.
[15:06] <faconti> Alexandre, por favor, vc tem ideia de números de quantos imigrantes entraram no Basil e quando?
[15:06] <AlexandreMBueno> Obrigado, adelmaa!
[15:06] <adelmaa> Parabé a Tomasi, pela apresentação preciosa.
[15:06] <AlexandreMBueno> Isso varia muito, adelmaa.
[15:06] <tomasi> Obrigada, Adelma!
[15:06] <adelmaa> Gostaria de fazer um pergunta: como é que você recebe o discurso das últimas semanas com relação a imigração de haitianano no estado de São Paulo e a aceitação (ilegal) da de bolivianos?
[15:07] <AlexandreMBueno> Respondendo ao faconti
[15:07] <AlexandreMBueno> dependendo do período histórico, há o predomínio de diferentes grupos
[15:08] <AlexandreMBueno> e, infelizmente, os dados não são muito seguros
[15:08] <AlexandreMBueno> mas há estudos que afirmam que entraram no Brasil, mais de 3 milhões de imigrantes ao longo da história
[15:08] <faconti> mas qual grupo contribuiu mais em terms numéricos?
[15:09] <AlexandreMBueno> o maior grupo é de italianos, seguidos de perto pelos portugueses
[15:09] <AlexandreMBueno> foram quase 1,5 de italianos
[15:09] <AlexandreMBueno> e 1,3 milhão de portugueses
[15:10] <tomasi> Meu avô calabrês, por exemplo, se negava em 1945 a falar portugu
[15:10] <tomasi> guês…
[15:10] <AlexandreMBueno> apesar de significativo, os japoneses, por exemplo, tem um grupo bem menor de mais ou menos 200 mil.
[15:10] <tomasi> Me lembrei disso enquanto vc falava, Ale!
[15:10] <AlexandreMBueno> tudo bem, faconti?
[15:11] <tomasi> Por isso ele nunca foi bem aceito; ele sempre quis voltar para a Italia.
[15:11] <AlexandreMBueno> sim, Carol. É normal ter uma resistência em aprender outro idioma.
[15:11] <Juninho> Qual é fator que mais incentiva uma imigração?
[15:11] <AlexandreMBueno> ainda mais quando se mora em uma comunidade.
[15:11] <tomasi> Ele tinha resistência em relação à cultura tbm…
[15:11] <faconti> brigadinha. estou pensando pq é que estamos tendo dificuldades em receber 50mil haitianos. É pela cor?
[15:11] <AlexandreMBueno> Deixa eu responder à pergunta da adelmaa primeiro
[15:12] <AlexandreMBueno> Vejo uma certa resistência à imigração de haitianos e de bolianos na atualidade, adelmaa.
[15:12] <Woodsonfc> AlexandreMBueno O que acha dessa forma de triar os candidatos pela cor que pressupõe uma triagem étinica para determinar um grupo enquanto desfavorecido?
[15:12] <AlexandreMBueno> sobretudo porque eles são sujeitos de cujas formas são desprestigiadas na sociedade brasileira
[15:13] <AlexandreMBueno> uma prova disso está nas manchetes sobre a imigração haitiana, quando falam em "invasão"
[15:13] <AlexandreMBueno> mas o que quase ninguém discute é que no mesmo período entraram mais imigrantes espanhois (europeus e bem formados) e não vimos nenhuma notícia falando em "invasão espanhola"
[15:14] <AlexandreMBueno> faconti, creio que seja pela cor, sim. e pelo fato deles virem para ocupar postos de trabalho considerados mais "baixos"
[15:15] <AlexandreMBueno> Juninho, há uma série de fatores de "expulsão" do país de origem, como dizem os sociólogos.
[15:15] <adelmaa> Concordo, Alexandre!
[15:15] <belcoimbra> AlexandreMBueno: fiquei curiosa... V disse que o tema do desenvolvimento cultural e econômico no qual o imigrante esta inserido na lei pode ajudar a melhorar o padrão cultural ,, v acha que isso contribui para o racismo do “brasileiro” e a segregação?
[15:15] <AlexandreMBueno> mas em geral, é por causa da condição material e financeira mais precária, Juninho, como se pode ver na história da imigração europeia
[15:16] <Woodsonfc> Carol que traços semióticos lhe parecem justificariam essa visão da poesia de Haroldo e Affonso como hereditária da tradição barroca?
[15:16] <AlexandreMBueno> @Woodsonfc, sou completamente contra esse tipo de seleção. talvez um pouco romântico, mas acredito que as pessoas deveriam ter o direito de circular pelo mundo respeitado
[15:16] <adelmaa> É interessante ser colado aqui que o Brasil é signatário da Carats da Nações Unidas, ou seja, ele aceitou que daria os mesmos direitos de brasileiros a indivíduso vitimizados por guerra, catástrofe natural ou perseguição político-ideológica.
[15:17] <tomasi> Oi, Woodson, obrigada pela pergunta. Não há propriamente herança., Nego essa herança.
[15:17] <belcoimbra> tomasi: V falou sobre as estratégias do plano da expressão que articulam um jogo de andamentos: o do prazer sensível, mais acelerado, engendrador de outro prazer, mais desacelerado, na busca da apreensão inteligível.V acha possível uma análise sob a perspectiva da semiótica visual privilegiando o plano da expressão articulada ao titulo das poesias de Aroldo de Campos e Afonso Ávila, por exemplo?...
[15:17] <tomasi> Explicando: embora conhecido como neobarroco, que seria um novo barroco,
[15:17] <AlexandreMBueno> @belcoimbra, eu acredito que sim, pois isso pressupõe a escolha de um determinado imigrante em detrimento a outros grupos que eventualmente podem querer vir para o Brasil
[15:18] <tomasi> o que temos na poesia do final do século XX são outros destinaadores, outro contrato enunciativo e uma predominância
[15:18] <AlexandreMBueno> e o nosso racismo é bastante velado também, talvez até camuflado por causa do discurso que louva nossa mestiçagem
[15:18] <tomasi> dos refreamentos no PE.
[15:18] <tomasi> Bel, já te respondo. TErminando a pergunta do Woodson…
[15:19] <belcoimbra>
[15:19] <AlexandreMBueno> adelmaa, você tem razão em seu apontamento. depois da guerra, quando foi assinado esse tratado, a "elite" brasileira discutiu qual seria o melhor tipo de imigrante, nessas condições, a ser selecionado para entrar no país.
[15:19] <AlexandreMBueno> mas é preciso reconhecer, adelmaa, que hoje o país conta com uma das melhores leis sobre refugio.
[15:19] <tomasi> temos uma agudeza nos seiscentos que se ocupa sobretudo da analogia de unidades semânticas muito distantes, enquanto no século XX,
[15:20] <faconti> Acho que temos enorme preconceito contra cor e contra a pobreza.
[15:20] <tomasi> a preocupação é com o plano de expressão sobretudo o visual. Como vimos, o poema tem seus contornos estilhaçados, indefinidos.
[15:20] <AlexandreMBueno> concordo, faconti. e o pior é que o discurso é muito velado.
[15:20] <adelmaa> Concrodo com você faconti.
[15:21] <adelmaa> ops concordo!
[15:21] <jamerson> Eu tb Adelma
[15:21] <tomasi> Bel, responde pra vc: nas obras de arte (em qualquer texto na verdade) buscamos relações entre PE e PC.
[15:21] <AlexandreMBueno> o que, de certa forma, contradiz o discurso de que "recebemos a todos de braços abertos", de que somos tolerantes, de que vivemos em uma "democracia racial" etc.
[15:22] <faconti> contrapõe em muito. É só ver a reação dos shoppings ao pessoal da periferia.
[15:22] <jamerson> pra mim... em muitos momentos; penso ser uma hipocrisia política
[15:22] <belcoimbra> tb concordo que nosso maior preconceito é a pobreza..
[15:22] <tomasi> Na semiótica poética, utilizo nas análises de poesia o semissimbolismo, em que há um PE que endossa o PC. Assim, por exemplo,
[15:22] <adelmaa> Alexandre, ele é velado para quem não sente na pele a dissimulação e o preconceito,mas para quem tem esta realizadade diária, napel do preto, pobre e nordestino, ele é bem visível e agudo.
[15:23] <Woodsonfc> AlexandreMBueno pelo que vejo esse discurso contra o imigrante (seja pela via da inclusão quanto da exclusão) reforçam o mesmo preconceito pois preconizam a TRIAGEM, não acha?!
[15:23] <AlexandreMBueno> é verdade faconti. mesmo dentro da sociedade, temos diferentes identidades orientadas por classe social. quando eles se encontram no mesmo espaço, ocorre esse tipo de manifestação preconceituosa
[15:23] <tomasi> a palavra "vertical" foi apresentada na vertical … Esse é um exemplo simples; há casos mais complexos, claro.
[15:24] <tomasi> Bel, nas análises procurei sempre olhar para o título do poema, claro,
[15:24] <Woodsonfc> tomasi (
[15:24] <Woodsonfc> Carol
[15:24] <AlexandreMBueno> sim, @Woodsonfc, porque a seleção visa à construção de um padrão único.
[15:24] <Woodsonfc> depois falo
[15:24] <tomasi> Há um poema (nao constante desta apresentação), em que Affonso Ávila entitula PILAR.
[15:24] <AlexandreMBueno> jamerson, concordo com você. mas acrescentaria que há também uma hipocrisia incrustada em parte da sociedade, talvez como reflexo dessa outra hipocrisia que você mencionou
[15:25] <belcoimbra> tomasi: como v trata essa analise sob a perspectiva de semiotica tensiva?
[15:25] <tomasi> Temos no enunciado o desenho de um PILAR. rs
[15:25] <tomasi> Bel, eu olho para o andamento. Por exemplo:
[15:25] <tomasi> Principlamente, claro… Temos muitos modos de começar uma análise…
[15:26] <Woodsonfc> Algum problema com o fato de estarmos fazendo perguntas para os dois palestrantes ao mesmo tempo?!
[15:26] <tomasi> Por exemplo: Em um poema visual, em que os versos estão "desmanchados" na vertical, tenho um
[15:27] <tomasi> retardamento do reconhecimento inteligível, ou seja,
[15:27] <belcoimbra> Woodsonfc: aprincipio nao....
[15:27] <tomasi> faço maior esforço para reconhecer um sintagma, por exemplo,
[15:27] <tomasi> nesse caso, h;á um retardamento sensível: mais catálises no sentido hjelmsleviano delongam o reconhecimenbto inteligível do poema.
[15:28] <adelmaa> Não, nenhuma! As perguntas não respondidas podem ser encaminhadas aos nossos palestrantes e quando respondidas poderão ser publicadas site do stis.
[15:28] <tomasi> Esse poema de Avila ou de Haroldo são objetos visuais.
[15:28] <tomasi> Daí, Bel, que o sensível tem um projeto de duração numa poesia como a de Haroldo, Ávila
[15:28] <tomasi> Por exemplo, em USURA CANTO,
[15:29] <tomasi> o nome do livro de DIONELIO MACHADO "OS RATOS"
[15:29] <tomasi> aparece com letras maiusculas
[15:29] <tomasi> a palavra BANCO aparece com maiuscula
[15:29] <tomasi> a palavra cifrao aparece com um símbolo de $
[15:30] <tomasi> Todas essas estratégias estão tonificando o PE e ao mesmo tonificando o PC.
[15:31] <tomasi> Não sei, Bel, se estou esclarecendo… rsrs
[15:31] <belcoimbra> tomasi: esta otimo!!! obrigada!
[15:31] <tomasi> Daí que a semiótica tensiva me ajuda a depreender duas vertentes de agudeza… a do PE e a do PC.
[15:31] <belcoimbra> da é vontade de falar mais e perguntar mais!!! hehehe
[15:31] <tomasi> rsrsrs
[15:32] <tomasi> Woodson ia perguntar? Fala Woodson.
[15:33] <Woodsonfc> É tomasi
[15:33] <tomasi>
[15:33] <tomasi> Estou aqui à disposição.
[15:33] <Woodsonfc> Pois é sobre essa agudeza
[15:33] <tomasi> Diga lá
[15:34] <adelmaa> Prezados, o tempo de nosso evento, está chegando ao seu término.
[15:34] <adelmaa> Gostaríamos de agradecer aos nossos conferencistas convidados de hoje, a doutoranda Carolina Tomasida USP e ao Prof Dr Alexandre Bueno da PUC/SP pelas brilhantes participações, encantadoras
[15:34] <adelmaa> apresentações e pelos profundos ensinamentos aqui construídos por todos.
[15:34] <belcoimbra> Fomos realmente presenteados por Carolina e Alexandre!!! Clap clap clap!!!
[15:34] <tomasi> Obrigada, Adelma! Ale, obrigada pela companhia!
[15:34] <Woodsonfc> esse conceito parece unir essas duas tradições poéticas (barroca e neobarroca
[15:34] <adelmaa> Agradecemos a todos os participantes do Brasil e de nossos países irmãos vizinhos do mercosul pelas honrosas presenças.
[15:34] <tomasi> Obrigada a todos!
[15:34] <adelmaa> Para ter acesso a todas as palestras do STIS basta clicar do lado direito da página em registro, em seguida clicar na palestra escolhida e quando esta janela se abrir clicar abaixo dos resumo em onde esta escrito registro aqui (em azul)
[15:34] <adelmaa> Para receber o certificado deste evento basta encaminhar uma mensagem para o STIS neste endereço: stis@textolivre.org com os seguintes dados:
[15:34] <AlexandreMBueno> Obrigado!
[15:35] <faconti> tomasi, perdoe minha ignorância, por favor.
[15:35] <adelmaa> 1. nome completo 2. apelido usado durante o evento.
[15:35] <adelmaa> Em nossa próxima conferência STIS debateremos o tema TICS NA ESCOLA: PROJETOS INOVADORES
[15:35] <Woodsonfc> mas pode responder tomasi
[15:35] <AlexandreMBueno> Carol, foi uma honra
[15:35] <adelmaa> Dia: 20 de junho de 2014 Hora: 14:00 horas
[15:35] <tomasi> Woodson, esse conceito não une tradições.
[15:35] <adelmaa> Conferencistas convidados: 1. Prof Ms. Daniel Marcolino Claudino de Sousa FE/USP 2. Profª Drª Adriana Maria Tonini - UFOP
[15:35] <belcoimbra> Em coro com a Adelma...Obrigada a todos pela participação!
[15:35] <AlexandreMBueno> Se alguém quiser, fique a vontade para entrar em contato.
[15:35] <adelmaa> Pronto , agra que ja fiz a conclusão p,podemosim continuar papenado, sem preocupação do tempo.
[15:35] <tomasi> Pois o tempo discursivo é outro. Pena que temos pouco tempo agora. Se quiser continuar, falemos por email, ok?
[15:35] <faconti> Legal, Adelma
[15:36] <jamerson> Agradeço a oportunidade
[15:36] <Woodsonfc> vamos nos falando Carol tomasi
[15:36] <tomasi> Já já saio pra USP. Mas se quiser posso ficar mais um pouco.
[15:36] <adelmaa> Desculpe-me, queria muito gardecer a Belcoimbra pela brilhante moderação e a Thalita pela apresntçaõ.
[15:36] <Woodsonfc> Vou ver se apareço em Sampa em Outubro
[15:36] <tomasi> Obrigada BEeel!!! Adorei!
[15:36] <adelmaa> Ao Woodosn pela presença extraodinária.
[15:36] <tomasi> Obrigaaada Thalita!!!!
[15:37] <tomasi> Gostei tbm de ver o Woodson por aqui!!!
[15:37] <tomasi> Apareça…
[15:37] <tomasi> aqui em Sampa!
[15:37] <faconti> Tb gostei de ver Wood
[15:37] <belcoimbra> tomasi: que alegria ter v conosco!!! obrigada mais uma vez!!!!!
[15:37] <adelmaa> O STIS só esta realidade por eu ter a sorte de ser parte de uma grupo de pessoas fabulosas que não medem esforço para fazer nosso abrasil nadar no acaminho certo, pela ediucação das pessoas.
[15:37] <tomasi> Pena que tenho de ir à faculdade agora!! BEeeel, que delícia! Ameeei, viu?
[15:37] <belcoimbra> tomasi: quero trocar umas figurinhas com v!!!!!
[15:37] <Woodsonfc> Que extraordinária , nada mais que a obrigação!
[15:38] <AlexandreMBueno> Valeu, gente! Obrigado pela participação e pelas perguntas!
[15:38] <adelmaa> Sejam nossos parceiros. Divulguem agora nosso ,seu evento também.
[15:38] <AlexandreMBueno> Com certeza, adelmaa
[15:38] <tomasi> Claro, Bel!!! Vamos nos falando, hein?
[15:38] <belcoimbra> adelmaa: obrigada por tudo!!! pela confiança!! pelas trocas!!! pelo carinho de sempre!!!
[15:38] <adelmaa> Alexandre, muitíssimo obrigada!
[15:38] <tomasi> Vou divulgar!!! )))
[15:38] <AlexandreMBueno> Eu é que agradeço o convite, adelmaa!
[15:38] <tomasi> Ale, vamos nos falando, hein? )))
[15:38] <AlexandreMBueno> Foi muito bom passar a tarde com vocês!
[15:39] <AlexandreMBueno> Vamos, sim, Carol!
[15:39] <tomasi> Foi ótimo mesmo!
[15:39] <adelmaa> Obrigada Carolina Tomasi, por ser tão especial!
[15:39] <belcoimbra> clap clap clap!!!!!!!
[15:39] <faconti> beijins a todos. ciao
[15:39] <AlexandreMBueno> obrigado, clap clap clap!
[15:39] <tomasi> Obrigda faconti!!!
[15:39] <Woodsonfc> Obrigado Caral e Alexandre
[15:39] <AlexandreMBueno> Obrigado, @Woodsonfc
[15:39] <tomasi> Se quiser faconti pode mandar perguntas por email.
[15:39] <AlexandreMBueno> Obrigado, faconti.
[15:40] <Woodsonfc> Vou ver se volto a semiotizar a vida e trocar com vcs
[15:40] <adelmaa> Obrigada faconti pela presença tão especial.
[15:40] <tomasi> Isso, Woodson!
[15:40] <faconti> preciso estudar pra falar com vcs
[15:40] <tomasi> Que isso, Faconti!
[15:40] <faconti> vi
[15:41] <belcoimbra> bj gente!!!!! parabens a todos!!!!!! fui!!!!
[15:41] <faconti> vixe, aconteceu algo aqui na mina tela. ciao, lindinhos
[15:41] <AlexandreMBueno> Bem, vou me retirar também! Abraços a todos! Foi uma ótima experiência que desejo repetir um dia!
[15:41] <adelmaa> Até junho! Esperos todos vocês aqui, na nossa sala virtual.
[15:41] <AlexandreMBueno> Abraços
[15:41] <Juninho> Boa tarde!
[15:41] <adelmaa> Com todo prazer!
[15:42] <adelmaa> Alexandre e Carol, você receberão seus certificados por e-mail.
[15:42] <tomasi> Woodson, aparece no Minienapol…
[15:42] <adelmaa> Grande cheiro!
[15:42] <tomasi> Grande bacio, Adelma!!!
[15:43] <tomasi> Obrigada, Adelma! ))
[15:43] <Woodsonfc> aparecerei Carol
[15:43] <Woodsonfc> baci Carol
[15:43] <tomasi> Blz! Baci Wood!
[15:48] <tomasi> Baci tutti!
Slides das apresentações:
http://stis.textolivre.org/salaConferencias/apresentacoes/tomasi/tomasi.pdf
http://stis.textolivre.org/salaConferencias/apresentacoes/alexandre/alexandre.pdf
Como citar este texto:
TOMASI, Carolina. Semiótica da Agudeza e a negação da euforia barroquista. In: STIS - Seminários Teóricos Interdisciplinares do Semiotec. Ano III, 2014. Disponível em: <http://stis.textolivre.org/site/registros/12-stis/registros-das-palestras-logs/68-log-carolina-tomasi-e-alexandre-marcelo-bueno>. Acesso em: 23 maio 2014.
BUENO, A. Marcelo. Interações nos discursos sobre a imigração no Brasil. In: STIS - Seminários Teóricos Interdisciplinares do Semiotec. Ano III, 2014. Disponível em: <http://stis.textolivre.org/site/registros/12-stis/registros-das-palestras-logs/68-log-carolina-tomasi-e-alexandre-marcelo-bueno>. Acesso em: 23 maio 2014.
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