STIS 2014
4. Maio; Semiótica e Barroco, Discurso e Imigração
STIS - Seminários Teóricos Interdisciplinares do SEMIOTEC
Carolina Tomasi e Alexandre Marcelo Bueno
Conferência STIS MAIO 2014
Dia 23 de maio das 14 às 16:00, na Sala de Conferências do STIS
Semiótica da Agudeza e a negação da euforia barroquista (Carolina Tomasi - Mestre e doutoranda - FFLCH – USP)
Resumo: As recepções contemporâneas aos séculos XVI e XVII não entendem as produções literárias como barrocas e sim como clássicas, diferentemente, portanto, do valor atribuído ao “estado de barroco” constante dos textos da crítica do século XX (cf. HANSEN In: MOREIRA; ROCHA, 2005, p. 16-17). Ao investigar as obras de Peregrini (1997), Gracián (1986), Hansen (2000; 2006a; 2006b; 2006c), depreendemos a agudeza como sistematizadora das produções barrocas do século XVII. Além disso, notamos, por meio de nossa pesquisa de doutorado, não a presença eufórica de barroco sincrônico ou a existência de um possível neobarroco no século XX, mas sim as gradações da agudeza como operador formal da poesia dita barroquista. A partir dessa agudeza, propomos nesta comunicação, dentro do quadro teórico-metodológico da semiótica tensiva (ZILBERBERG, 2006), demonstrar os caminhos para entender como essa poesia, entendida por muitos críticos como “barroquista” e no século XX como “neobarroca”, é regida por uma oscilação que a regula entre dominância de agudeza do plano da expressão (PE) e dominância de agudeza do plano do conteúdo (PC). Desse modo, as propriedades da agudeza podem ser observadas nos objetos poéticos com algumas diferenças tensivas. Para tratar essas diferenças, sugerimos em nossa fala o desdobramento da agudeza em duas vertentes, demonstradas no soneto de Gregório de Matos (seiscentista) e nos poemas de Affonso Ávila e Haroldo de Campos (o primeiro mineiro e o segundo paulistano, ambos poetas do século XX): agudeza do PC e agudeza do PE, que, observadas de um ponto de vista das gradações tensivas, determinam diferenças de intensidade no obscurecimento do PE do enunciado poético. A instância da enunciação, por exemplo, ao privilegiar a tonificação das agudezas do PE, busca delongar o reconhecimento intelectivo do conteúdo. Por fim, foi-nos possível verificar também que a agudeza do PE promove uma tensão estetizante, um jogo entre o prazer da conservação sensível e o prazer demorado do reconhecimento inteligível do objeto estético.
Interações nos discursos sobre a imigração no Brasil (Prof. Dr. Alexandre Marcelo Bueno – PUC/SP)
Resumo: Discursos sobre a imigração e sobre o imigrante podem ser um espaço fecundo para se refletir e se tentar compreender como a sociedade e o Estado brasileiros se relacionam historicamente com o Outro, com o imigrante, com o estrangeiro. Essa relação é permeada por representações (de si e do outro) que podem ser entendidas a partir de dois caminhos entrelaçados: de um lado pelos caminhos constitutivos de uma suposta identidade brasileira e, de outra, pelo modo como esses valores podem orientar as diferentes possibilidades de interação entre identidade e alteridade, ou seja, entre sociedade e Estado brasileiros e os diferentes grupos imigrantes que para cá vieram ao longo da história do Brasil. A partir dessas colocações, nosso trabalho pretende examinar como a dinâmica interacional entre a identidade brasileira e a alteridade imigrante é constituída por imagens e valores que vão se modificando, a depender do momento histórico em que os discursos são produzidos.