STIS 2015
6. Agosto: Ritmo, repetição e espaços tensivos
STIS - Seminários Teóricos Interdisciplinares do SEMIOTEC
Carolina Lindenberg Lemos e Paula Martins de Souza
Conferência dupla STIS AGOSTO 2015
Dia 28 de agosto das 14 às 15:30, na Sala de Conferências do STIS
Ritmo e Repetição em Textos Verbais (Drª. Carolina Lindenberg Lemos – British Council/GES-USP)
Resumo: A noção de que a repetição possa ter um efeito no ritmo dos textos é algo delicado para a abordagem semiótica. A disciplina que se desenvolveu a partir do trabalho seminal de A.J. Greimas buscou desde sempre regularidades e generalizações que pudessem criar um modelo descritivo dos textos. A perspectiva de abordar efeitos tende à contingência e à fluidez de cada realização e, portanto, a uma impossibilidade de generalização eficaz. Para contornar essa dificuldade e ainda tratar dessa relação que nos parece primordial, abordaremos a repetição como uma das estratégias possíveis para a manipulação do ritmo no texto. Iniciaremos nossa investigação pela especulação de casos extremos de repetição total e de sua ausência absoluta, ou seja, de não textos, a fim de mostrar pelas vias do andamento de que maneira esses dois conceitos – ritmo e repetição – estão intimamente relacionados. Em seguida, saímos do mundo dos extremos para tratar de casos possíveis. Por contraste à noção de isotopia, estudaremos de que forma a repetição age sobre o ritmo em textos reais. Isso nos levará a postular estilos tensivos distintos para a isotopia e a repetição, mostrando que, em grande medida, a repetição se constitui num regulador da espera no texto. Esse percurso revelará assim que a repetição é, na verdade, uma manifestação possível da estrutura tensiva subjacente.
Breve Reflexão acerca dos Espaços Tensivos (Paula Martins de Souza - Doutoranda USP/FAPESP/GES-USP)
Resumo: O espaço tensivo foi pensado por Claude Zilberberg como um meio de entrecruzar as duas dimensões a serem consideradas no exame da significação, a saber, os estados de alma e os estados de coisas. A dimensão da intensidade seria responsável pelos estados de alma, que afetam o sujeito, ao passo que a dimensão da extensidade se responsabilizaria pelos estados de coisas (ZILBERBERG, 2011, p. 253). Visto desse modo, o espaço tensivo tem o grande mérito de trazer à luz as ações das narrativas já motivadas do ponto de vista passional, além de poder lidar com os textos que não apresentam grandes transformações externas ao sujeito. Não obstante, concebido como uma unidade indissociável entre estados de alma e estados de coisas a análise feita por meio do espaço tensivo corre o risco de ficar “colada” ao foco – ou à apreensão – do próprio sujeito narrativo, uma vez que todos os estados de coisas estariam pela subjetividade dele condicionados. Em outras palavras, o fechamento do espaço tensivo nessas duas dimensões pode promover uma análise insuficientemente objetiva dos dados do texto. Tudo se passa como se o analista “caísse na conversa” do sujeito da narrativa, enxergando os eventos por meio de seu ponto de vista. Se essa questão pode não se colocar com a mesma premência quando o que está em análise é a significação do narrador de um texto, ela se torna patente quando se trata da análise de um outro sujeito, uma vez que se a significação de seus estados de corpo e de alma são o resultado de um cruzamento entre seu ponto de vista (seu campo subjetivo) e o ponto de vista da “realidade” narrada (campo objetivo). Neste segundo caso, sustentamos que há um entrecruzamento entre espaços tensivos: a intensidade e a extensidade internas ao sujeito (seu campo subjetivo) seriam projetados como um todo enquanto a intensidade de um novo espaço tensivo cuja extensidade (seu campo objetivo) seria o “estado de coisas” dado pelo narrador.