Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

Número de respostas: 9

DIVERSIDADE E CIDADANIA SOB O OLHAR SEMIÓTICO: UMA ANÁLISE DO DISCURSO SOBRE INCLUSÃO DE PESSOAS AUTISTAS NA ESCOLA

Uma leitura crítica da política educacional brasileira à luz da semiótica discursiva

Autores

•     Ana Luiza Marcos Romualdo Faculdade de Letras/UFMG

Palavras-chave:

Autismo, Inclusão Escolar, Cidadania, Diversidade

Resumo

Este artigo propõe uma análise semiótica do discurso institucional sobre a inclusão escolar de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com base em um recorte do documento oficial do MEC. Utiliza os conceitos de função veridictória, quadro de valores e dialogia para compreender a articulação simbólica da diversidade e da cidadania. Evidencia-se uma tensão entre o parecer e o ser inclusivo.

PDF: leia aqui o texto completo

Coordenadores de mesa: 

  • professor Ana Matte
  • Mesa: Ana Noronha

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Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana C. Noronha -
olá, pessoal!
Aberto este fórum de discussão do Congresso Nacional Universidade EAD e Software Livre.
Coloquem suas questões, observações, vamos trocar nossas impressões por aqui.

Profa. Ana Noronha
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana C. Noronha -
Olá Ana Luíza, parabéns pelo trabalho.
Tema importantíssimo e boa abordagem feita, ao buscar nos documentos oficiais brasileiros o discurso sobre inclusão e relacioná-lo à literatura sobre TEA, trazendo Bauman para alicerçar sua análise no plano social, além de autores que tratam do tema de modo mais especializado.
Quando você diz que o discurso parece inclusivo, porque fala dessa inclusão, mas não é inclusivo, porque não fala como implementá-la, nos dois níveis estamos em discurso, porque estamos tratando do que está no documento - nele não se menciona a implementação. Sendo assim, seria melhor pensar, no item 3 do seu trabalho, na investigação das contradições não entre o discurso e a prática, mas entre a enunciação dos valores universais ("todos têm o direito") e a ausência de uma enunciação do fazer, afinal a lei deveria fazer-fazer.
Achei muito interessante quando você afirma que a lei, ao não afirmar o "como", contribui para que esses direitos fiquem na virtualidade (no sistema), mas não sejam realizados (estou falando de modos de presença semiótica, o virtual e o realizado). Também muito interessante colocar que a falta de questionamento da estrutura leva à não realização do direito à inclusão. Ou seja, reafirma que ele fica na ordem do parecer.
Para além da escola, há outros espaços mencionados nessa lei? Como se dá o tratamento deles, é como na escola?
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana Luiza Marcos Romualdo -
Olá! Muito obrigada pelo comentário e análise a cerca do meu artigo. Respondendo a sua pergunta, pode-se dizer que sim, o documento “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva” (BRASIL, 2008) menciona outros espaços além da escola, como as instituições de apoio e os centros de atendimento especializado. No entanto, assim como ocorre no contexto escolar, esses espaços também são abordados de forma genérica, com valorização da inclusão e da acessibilidade, mas sem explicitação de como se dará a implementação concreta. O tratamento, portanto, segue a mesma lógica do discurso voltado às escolas: afirma-se o direito, mas há omissão quanto aos meios para realizá-lo. Isso reforça o parecer inclusivo em detrimento do ser inclusivo também nesses contextos não escolares.
Em resposta à Primeiro post

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana Cristina Fricke Matte -
Boa noite, Ana Luiza,
Este é o melhor momento da nossa disciplina, quando vocês podem conversar com outras pessoas sobre o trabalho que fez, não ficando restritos à minha avaliação.
Semiótica é minha melhor praia e fico contente que tenha feito bom proveito da disciplina. Achei muito pertinente tomar como texto-objeto a própria lei que tantos questionam por estar longe da realidade. O que você considerou mais difícil de levar do estudo teórico à prática na análise desse texto?
Um ótimo evento!
Ana
Em resposta à Ana Cristina Fricke Matte

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana Luiza Marcos Romualdo -
Olá Ana Cristina, Boa noite! Muito obrigada pelo comentário, fico feliz que achou pertinente o tema. A maior dificuldade foi transpor os conceitos da semiótica discursiva — como função veridictória, quadros de valores e dialogia — para a análise de um texto jurídico-legislativo. Esses textos, embora carregados de ideologia e valores, são construídos com uma linguagem técnica e normativa que, à primeira vista, pode parecer neutra. Foi desafiador identificar, por exemplo, os lugares em que o discurso “parece” inclusivo, mas, por meio de escolhas linguísticas como condicionantes e generalizações, revela suas contradições internas. A análise exigiu um olhar cuidadoso para os silêncios e para o que o texto deixa de dizer, o que só foi possível com o apoio da fundamentação teórica semiótica e da crítica educacional.
Em resposta à Ana Luiza Marcos Romualdo

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana C. Noronha -
Puxa, que interessante essa abordagem.
Realmente, as leis, e a construção de linguagem que se tem nelas, são feitas para parecerem neutras, o que produz uma ilusão no sujeito, e aí para se desvendar os efeitos de sentido fica mesmo mais difícil.
Bom trabalho, Ana Luíza.
Em resposta à Ana C. Noronha

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana Luiza Marcos Romualdo -
Em resposta à Primeiro post

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Maria Cecilia de Albuquerque Cabral -
Boa tarde, Ana!
Parabéns pela sua produção!
Como você considera que os documentos oficiais do MEC podem contribui para os serviços além da educação, especialmente na área da saúde?
Em resposta à Maria Cecilia de Albuquerque Cabral

Re: Diversidade e Cidadania Sob o Olhar Semiótico: Uma Análise do Discurso Sobre Inclusão de Pessoas Autistas na Escola. Autoria: Ana Luiza Marcos Romualdo

por Ana Luiza Marcos Romualdo -
Olá Maria Cecilia, obrigada! Com base na análise que desenvolvi no artigo, considero que os documentos oficiais do MEC, embora voltados prioritariamente ao campo educacional, carregam discursos que têm potência normativa e simbólica também sobre outros serviços públicos — especialmente na área da saúde.

Quando um documento institucional afirma, por exemplo, que “toda pessoa tem direito à inclusão”, ele articula um quadro de valores que ultrapassa a escola e pode (ou deveria) orientar práticas em outros contextos. No entanto, como analisei, o texto muitas vezes permanece no plano do “parecer”, pois não explicita como esse direito será efetivado. Essa ausência de enunciação prática — de um “fazer-fazer”, como foi muito bem apontado em seu comentário — também fragiliza as possibilidades de articulação entre as políticas educacionais e outras, como as de saúde.

Na área da saúde, isso se traduz na dificuldade de construir protocolos intersetoriais claros e eficazes, por exemplo, para o acompanhamento de crianças autistas. O discurso legal que proclama a universalidade de direitos precisa ser acompanhado por diretrizes operacionais que sustentem essa universalidade na prática dos serviços — tanto educacionais quanto de saúde, assistência e cultura.