Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

Número de respostas: 20

QUANDO O DIAGNÓSTICO FALHA COM ELAS

SEMIÓTICA DA INVISIBILIDADE NO TEA

Autores

•     Anna Luiza Crisostomo EEFFTO/UFMG

•     Leticia Almeida Moreira EEFFTO/UFMG

•     Maria Eduarda Carvalho EEFFTO/UFMG

Palavras-chave:

autismo, semiótica, gênero, redes sociais, veridicção, dialogia

Resumo

Este artigo analisa uma aula sobre a construção da verdade em torno do diagnóstico de mulheres autistas a partir de uma postagem nas redes sociais que questiona a negação da existência legítima do diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em mulheres e a naturalização da masculinidade como padrão diagnóstico. A análise utiliza fundamentos da semiótica discursiva, com ênfase em conceitos como dialogia, veridicção e relação entre observador e ator(es). A partir da contraposição entre aceitação e negação do TEA em diferentes gêneros, busca-se evidenciar o apagamento social das mulheres autistas a partir da reinterpretação dentro de normas de gênero, que invalidam sua diferença.

PDF: leia aqui o texto completo

Coordenadores de mesa: 

  • professor Ana Matte
  • Mesa: Thyenne Rocha

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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Ana Cristina Fricke Matte -
Anna Luiza, Leticia, Maria Eduarda e Thyenne, bom dia!
O trabalho de vocês, autoras, me lisongeia, quem diria que minha aula seria um texto-objeto? Obrigada. Estereótipos sociais, como eu entendo, atravessam a vida de todos, e acho que o masking nem é algo que só ocorre no autismo, já que cada um muda seu jeito de comunicar-se conforme o interlocutor, para melhor viabilizar a comunicação. No entanto, quando se trata de pessoas na condição de autismo, isso só acontece com muito empenho e, por ser necessário praticamente o tempo todo, salvo quando se está sozinho, com um imenso gasto de energia, imperceptível aos demais.
Minha pergunta para todos os trabalhos sobre TEA e Semiótica, repito para vocês:

A função da veridicção é muito profícua para tratar de questões como o masking no autismo. Esclarecendo para quem eventualmente não souber, o Masking é um mascaramento, disfarce de características do TEA, uma estratégia que todos os autistas, especialmente mulheres e identificados como elas, usam para se defender de um mundo que só vai reconhecê-los quanto mais típicos se mostrarem. É o contrário da inclusão, não? Mas parece-me que, com moderação e muita consciência, é uma estratégia que pode ajudar em muitos momentos. O que você acha disso?

Um excelente evento para todes nós!

Ana Cristina
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Thyenne Menezes Rocha -

Boa tarde a todos e todas,

Sejam muito bem-vindos à nossa mesa de debates do UEADSL! É uma grande satisfação contar com a presença de cada um e cada uma neste espaço de diálogo, aprendizado e construção coletiva.

Agradeço aos autores e autoras pelos trabalhos apresentados, que certamente enriquecerão as discussões. Ao público, convido a participarem ativamente: comentem, perguntem, tragam suas contribuições. O debate é o que move este evento e é por meio dele que ampliamos perspectivas e fortalecemos o conhecimento.

Desejo a todos e todas um excelente debate, com trocas respeitosas e muitas reflexões inspiradoras.

Vamos juntos e juntas construir um momento significativo!


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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Julia Rodarte Mendonca -
Oi, meninas!
Parabéns pelo trabalho de vocês! Achei muito importante a escolha do tema e a forma como vocês conseguiram articular os conceitos da semiótica com a discussão sobre o diagnóstico tardio em mulheres autistas. A análise da postagem da Renatautista ficou muito clara e me fez refletir sobre como a verdade, nesse contexto, é construída socialmente, e como o gênero influencia diretamente nisso.
O que mais me chamou atenção foi a discussão sobre o masking e como ele aparece como uma forma de sobrevivência, mas também de silenciamento. Vocês acham que o masking, mesmo sendo exaustivo, pode ser útil em algum momento, ou ele é sempre um fator negativo para a saúde mental dessas mulheres?
Mais uma vez, parabéns pela sensibilidade e profundidade do texto de vocês!
Júlia.
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Kayque Edgar Chiarelli Nascimento Cornelio -
Parabéns pelo trabalho, Anna Luiza, Leticia e Maria Eduarda! 👏 A análise que vocês fazem é extremamente necessária — o diagnóstico de mulheres autistas ainda é atravessado por muitos estereótipos e silenciamentos, e vocês conseguiram mostrar isso de forma clara e sensível.

A crítica à lógica binária e ao apagamento das identidades não normativas também é muito potente. Fiquei pensando: como vocês veem o papel da Terapia Ocupacional na transformação dessas narrativas? Será que os espaços clínicos já estão se abrindo para escutas mais plurais?
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Maria Virginia Lelis Malschitzky Crespo -
Partindo também das redes sociais, como vocês enxergam o autodiagnóstico a partir de postagens relatando estereotipias comuns, em pessoas/ mulheres funcionais, mas que se descobriram dentro do espectro a partir do diagnóstico dos filhos, por exemplo?
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Marcelle Cristina Ribeiro Mendes -
A leitura desse artigo me tocou bastante. Ele escancara algo que muitas vezes passa despercebido: como o diagnóstico de autismo é fortemente influenciado por estereótipos de gênero, gerando um apagamento real e doloroso das experiências das mulheres autistas.

Achei muito interessante como a semiótica foi usada para revelar esses sentidos escondidos nos discursos sociais. A oposição entre a voz que duvida do diagnóstico e a identidade da autora da postagem — uma mulher autista e psicóloga — mostra como a verdade não é algo fixo, mas construída socialmente, a partir de posições de fala.

O artigo também me fez pensar em como é urgente ampliar a compreensão sobre o autismo, incluindo identidades não binárias, que nem mesmo aparecem no texto analisado. Saio da leitura com a sensação de que precisamos estar mais atentos aos silêncios, às exclusões e às formas sutis de invalidação. Esse debate precisa chegar mais longe, especialmente em contextos clínicos e educacionais.
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Fernanda Goncalves Ramos -
É muito importante questionar o lugar do gênero em diagnósticos. Incrível como vocês trabalharam essa análise! Obrigada por serem o porta voz dessa temática. Abraços
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Julia Victoria Campos Emiliano -
Achei o artigo muito pertinente e urgente, especialmente porque mostra como o diagnóstico do autismo ainda carrega vieses de gênero que prejudicam o reconhecimento das mulheres autistas. A análise a partir da semiótica discursiva, trazendo conceitos como dialogia e veridicção, ajuda a entender como essas “verdades” são construídas e reforçadas nas redes sociais e na sociedade em geral. É triste pensar que a masculinidade ainda é vista como padrão, e isso invisibiliza tantas experiências legítimas. O artigo abre um espaço importante para refletirmos sobre a necessidade de desconstruir esses padrões e dar voz a quem é frequentemente silenciado. Parabéns às autoras pela contribuição crítica e sensível!
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Isadora Baroni Santos -
Achei esse artigo muito necessário. Ele mostra como as mulheres autistas muitas vezes passam despercebidas por causa dos estereótipos de gênero. Enquanto meninos são diagnosticados mais cedo, as meninas acabam sendo vistas só como tímidas ou sensíveis demais. Isso atrasa o apoio que elas precisam e contribui pra um sofrimento silencioso. A forma como o texto usa a semiótica pra explicar essa construção social da “verdade” é bem interessante. Me fez pensar em quantas pessoas ainda são invalidadas só por não se encaixarem no que é esperado.
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Maria Helena Teixeira Ribeiro -
Parabéns por discutirem um tema tão necessário. A invisibilizarão do TEA em mulheres é uma pauta real e pouquíssimo discutida.
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Thyenne Menezes Rocha -
Gostaria de parabenizá-las pelo trabalho sensível e muito necessário.
Os comentários aqui no fórum demonstram o quanto esse tema mobiliza reflexões sobre o masking, a lógica binária dos diagnósticos, os silenciamentos históricos e até os autodiagnósticos. E diante disso tudo, gostaria de trazer uma provocação:
Como vocês imaginam que esse tipo de análise semiótica, crítica e profundamente contextualizada, pode ser incorporada à formação de profissionais de saúde e educação? Vocês enxergam algum caminho para que essas áreas acolham mais efetivamente não apenas os corpos diversos, mas também as narrativas e subjetividades plurais que hoje ainda são silenciadas?
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Beatriz Rodrigues Ferreira -
Parabéns pelo trabalho meninas! O artigo se destaca por trazer à tona uma discussão urgente e ainda pouco explorada: o apagamento das mulheres autistas dentro dos padrões tradicionais de diagnóstico. A escolha metodológica, ancorada na semiótica discursiva, revela um olhar crítico e sensível ao modo como discursos de verdade são construídos socialmente e influenciados por normas de gênero. A articulação entre os conceitos de dialogia, veridicção e posicionamento discursivo é feita com maturidade analítica, revelando a complexidade do tema com rigor teórico. Destaca-se também o mérito de integrar reflexões da Terapia Ocupacional, campo que tem muito a contribuir com abordagens mais humanas e individualizadas. Seria interessante expandir a análise para outros espaços discursivos além das redes sociais, como políticas públicas e materiais pedagógicos.
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Maria Cecilia de Albuquerque Cabral -
Parabéns pela publicação!
Muito interessante ver esses debates importantes em meio acadêmico. É muito necessário ampliar os estudos acerca do diagnóstico de mulheres autistas para chegar em uma sociedade mais consciente sobre a realidade.
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Luana Testa Pereira dos Santos -
Parabéns, meninas!
O trabalho de vocês levanta um tema muito importante e pouco discutido e a forma como usaram uma postagem de rede social para a discussão deixou a análise atual e fácil de se conectar com a realidade. Fiquei com uma curiosidade: como vocês acham que podemos, na prática, tornar as experiências das mulheres autistas mais visíveis e respeitadas, principalmente em lugares como escolas, hospitais ou no dia a dia?
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Nathalie Maissa Dias Fantoni -
Boa noite!

Trabalho extremamente relevante! Os desafios do TEA são diferentes entre os gêneros e só agora essa discussão tem sido ampla.
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Sara Antunes -
Boa noite, pessoal! Parabéns pelo trabalho! Achei muito importante a forma como vocês usaram a semiótica discursiva para mostrar o quanto o diagnóstico do autismo em mulheres é invisibilizado pela sociedade, especialmente por causa das normas de gênero. A análise que fizeram sobre a negação e aceitação do TEA trouxe uma reflexão muito forte sobre esse apagamento social. Me tocou bastante como vocês mostraram que essa invisibilidade não é só sobre o diagnóstico, mas também sobre a luta diária dessas mulheres para serem vistas de verdade. Vocês acham que a conscientização pode ajudar a mudar essa realidade? Parabéns pela sensibilidade e pelo conteúdo!
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Maria Isabela Bertolini Viol -
Achei de extrema importância o seu texto porque mostra como o diagnóstico de autismo ainda é marcado por estereótipos de gênero, dificultando que meninas e mulheres autistas sejam reconhecidas e acolhidas. Sua análise usando a semiótica ajuda a entender que, muitas vezes, a “verdade” aceita socialmente é construída com base em preconceitos. De que forma você acha que seria possível repensar esses discursos e promover mais visibilidade e inclusão para todas as identidades dentro do espectro autista, não só as que se encaixam em modelos masculinos?
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Roberta Amim Correia -
Ótimo trabalho! O artigo aborda de forma clara e objetiva a questão do diagnóstico tardio de TEA em mulheres, utilizando a semiótica para desvelar os mecanismos de invisibilidade de gênero. A análise equilibrada entre fundamentação teórica e estudo de caso concreto, somada ao uso de fontes confiáveis, torna o conteúdo acessível e relevante. Parabéns pelo trabalho bem fundamentado e pela importante contribuição para o debate sobre autismo e gênero!
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Pollyanny Junia Brandao -
Nunca tinha refletido sobre como a masculinidade se consolidou como parâmetro silencioso para o diagnóstico de TEA, tornando a experiência feminina invisível até mesmo dentro do discurso médico e científico. O artigo me provocou profundamente ao mostrar que não se trata apenas de um atraso no diagnóstico em mulheres, mas de um verdadeiro apagamento de identidades que não se encaixam no modelo normativo.
É uma leitura que amplia o olhar e escancara a urgência de repensarmos práticas clínicas, educacionais e sociais a partir de perspectivas mais inclusivas e plurais.
Parabéns pelo artigo!
Abraços,
Pollyanny Júnia Brandão
(Coautora do artigo “Cinema e TV”)
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Re: Quando o Diagnóstico Falha Com Elas. Autoria: Anna Luiza Crisostomo, Leticia Almeida Moreira, Maria Eduarda Carvalho

por Bianca Fonseca Leite -
Parabéns às autoras pelo olhar crítico e pela proposta de desconstruir verdades naturalizadas. É muito importante que estudos como este tragam à tona esse viés histórico que naturaliza o autismo como um fenômeno masculino e deixa tantas mulheres sem apoio.