Resumo |
Neste trabalho, dedicamo-nos a um levantamento de informações que se resumem a um
discurso sobre o fazer e um discurso do fazer, produzidos por treze professores de disciplinas
introdutórias de língua portuguesa a distância no âmbito do ensino superior. Foram utilizados:
1) um questionário com perguntas que versavam sobre a prática de ensino a distância, com
destaque para a elaboração de atividades didáticas e a comparação entre as modalidades
presencial e a distância; 2) atividades didáticas que nortearam a prática dos professores e 3) a
interação numa disciplina online de um semestre. Por meio da semiótica francesa, analisamos
os dados em busca de informações sobre a produção de sentido no texto, isto é, o que estava
por trás do dizer dos professores. Como premissa dessa teoria, lidamos, aqui, com as marcas
da enunciação e os efeitos de sentido produzidos no texto; por isso, eliminamos o termo
'prática' e utilizamos 'dizer do fazer', uma vez que nosso construto teórico prevê essa prática
enquanto texto. Nesses textos (respostas ao questionário, enunciados das atividades e
interação na disciplina online), tentamos captar a estrutura narrativa lógica no percurso dos
sujeitos inscritos e como se dava sua constituição, especialmente do sujeito-professor, na
relação com os outros sujeitos e com os objetos, bem como sua existência modal. As
categorias enunciativas (pessoa, tempo e espaço), os procedimentos argumentativos e os
percursos temáticos e seu revestimento figurativo ajudaram-nos também a compreender as
especificidades do contexto retratado pelos professores. Na busca por convergências e
divergências, comparamos os percursos dos sujeitos e dos temas e figuras para verificarmos
as relações estabelecidas entre eles. Os resultados mostram que as divergências aparecem
quando são comparados os discursos dos professores entre si e esses discursos com os da
crítica. Semelhanças entre tópicos do ensino, como concepção de língua, objetivos do curso e
referências, tiveram mais concordâncias, enquanto outros oscilaram mais quanto à
uniformidade ou distinção entre as modalidades de ensino, como as atividades didáticas e
metodologia. Há pelo menos três tipos de ocorrências mais comuns: 1) argumenta-se em favor
da identidade entre esses aspectos para cursos que tenham uma mesma proposta pedagógica,
2) assume-se o emprego de elementos em comum para cursos e ambientes diferentes, embora
haja uma consciência de que isso não deveria ser feito e 3) defesa de uma incursão em novas
práticas sempre adaptadas ao novo meio. Nesses discursos, são refletidas concepções que não
remetem apenas à voz do professor, mas à escola e, em última instância, à própria sociedade. |