Aluno
Orientador
Ana Cristina Fricke Matte
Título da dissertação
A Expressão e o Conteúdo da Fala do Jornal Nacional
Área de concentração
(3) Linguística Aplicada
Linha de Pesquisa
(3C) Linguagem e Tecnologia
Temática
Linguagem e Tecnologia
Número de páginas
207
Data da defesa
27/01/2009
Banca Examinadora
(titulares)
Profa. Dra. Ana Cristina Fricke Matte (UFMG)
Prof. Dr. Waldir Beividas (USP)
Prof. Dr. Alexsandro Rodrigues Meireles (UFES)
Resumo
Conrado Moreira Mendes A EXPRESSÃO E O CONTEÚDO DA FALA DO JORNAL NACIONAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Linguística. Área de Concentração: Linguística Linha de Pesquisa: Linguagem e Tecnologia Orientadora: Profª. Drª. Ana Cristina Fricke Matte Resumo Esta dissertação é fruto de uma pesquisa que pretendeu analisar como se constroem os sentidos da fala, em sua acepção saussuriana, do principal telejornal brasileiro: o Jornal Nacional. Por fala, entende-se a realização da língua, o que implica semioticamente a existência de dois planos: conteúdo e expressão. Ao se trabalhar com os dois planos da função semiótica, no que concerne à fala, requisitou-se, de um lado, a fonética acústica, disciplina que analisa as características físicas dos sons da fala, ou seja, as ondas acústicas mecanicamente produzidas. Por outro lado, ancorou-se no escopo teórico-metodológico da semiótica do discurso, disciplina que se interessa pelos mecanismos intra-textuais de produção de sentido do texto, lato sensu. Partindo da análise da fonética acústica, destaca-se o resultado segundo o qual existe uma correlação muito baixa, de 17%, entre a variação segmental (derivada de F0 interna de VV) e a variação prosódica para o F0 (pitch do GA). Além disso, a correlação entre F0 do VV e pitch do GA também é baixa (22%). Isso indicaria uma primeira relação entre conteúdo e expressão, já que se pode considerar o GA uma unidade de sentido, enquanto o VV não. A análise fonética respondeu ainda à seguinte pergunta: existe uma uniformização na fala de repórteres e apresentadores do JN com relação à produção dos arquifonemas /R/ e /S/? A partir de dados fonéticos trabalhados estatisticamente, pôde-se comprovar baixa variabilidade na realização de tais arquifonemas. Quanto ao sentido do conteúdo, ao se fazer uma análise semiótica das matérias do Jornal Nacional, puderam ser depreendidas algumas estruturas invariantes sobre as quais se constrói o discurso desse noticiário. As matérias foram analisadas principalmente no que tange o nível discursivo, previsto pelo percurso gerativo de sentido. Da semântica discursiva, observou-se como se constroem sentidos por meio da análise de temas e figuras. Além disso, do nível discursivo, analisou-se a aspectualização do tempo, ou seja, o andamento do texto. Quanto ao andamento, os textos analisados se estruturam de duas maneiras: a primeira delas é um andamento acelerado inicial que decresce no decorrer do texto. A segunda forma de estruturação textual, no que se refere ao andamento, é uma oscilação entre aceleração e desaceleração. Com relação às análises dos temas e figuras, pode-se dizer que o discurso do Jornal Nacional é muito mais temático que figurativo. Isso quer dizer que o JN muito mais explica e organiza a realidade, por meio de temas, do que a recria discursivamente, por figuras. Buscou-se, ademais, perceber os traços sêmicos subjacentes e chegou-se a uma relação entre, de um lado, o querer e, de outro, o dever. Essa tensão entre o querer e o dever mostra que, na maioria das vezes, este é valorizado euforicamente, ao passo que aquele tem um valor negativo construído no e pelo texto. Poder-se-ia afirmar que a noticiabilidade de uma matéria jornalística, nasce do conflito especificamente entre o dever-não-fazer e o querer-fazer, em que há uma quebra de um contrato fiduciário estabelecido. Por fim, relacionou-se o conteúdo e a expressão da fala do Jornal Nacional para perceber de que maneira se dá o comportamento mútuo desses funtivos. Partindo da proposta de Matte (2008), que mostrou a inadequação do nível narrativo para o estudo interdisciplinar entre conteúdo e expressão da fala, cruzaram-se dados semióticos provenientes de análise temático-figurativa e aspectual do texto, ou seja, a partir do nível discursivo. Os dados semióticos foram representados pelas etiquetas valor (positivo/negativo), disposição (do sujeito em questão, dever/querer) e andamento (acelerado/desacelerado). Dados da pesquisa apontam para um quadro em que alguns elementos do plano do conteúdo afetam, na fala do Jornal Nacional, elementos do plano da expressão, em análises estatisticamente significantes e que, portanto, não devem ser descartadas. Estabelecer-se-ia, portanto, uma relação simbólica, ou seja, que alguns elementos do conteúdo - que não chegam a compor categorias - afetam alguns elementos da expressão, que tampouco formam categorias, sugerindo uma relação culturalmente estabelecida.
Palavras-chave
conteúdo da fala, expressão jornalística, Jornal Nacional
Dissertação no formato PDF
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