Olá meu nome é Karlla Leal. Eu sou professora da Escola Municipal Ignácio de Andrade Melo. Eu atuo como professora de língua materna para o oitavo ano do Ensino Fundamental e venho aqui apresentar vários projetos com os alunos que envolvem a questão dos recursos educacionais abertos, do gênero discursivo "carta", do movimento de retextualização e da multimodalidade. Todos os artigos aqui apresentados referentes à Escola Municipal Ignácio de Andrade Melo apresenta uma mesma introdução, uma mesma referenciação e o que vai se alterar são as ações individuais desses alunos, quer dizer, a produção desse gênero discursivo e as narrativas que eles produziram também. Isso porque muitos alunos, como eu trabalho numa zona de risco da prefeitura, na comunidade São José, pertencente a zona Noroeste, se inserem nessa comunidade e já carregam em si essa questão da baixa estima, inclusive pela evasão docente e discente. Foi importante esse movimento de igualdade em relação à produção de todos os artigos, que todos incluiriam uma base teórica, uma introdução, uma justificativa... Esse trabalho foi realizado conjuntamente à professora, no caso, eu fui inserindo a parte teórica, a parte de referenciação e eles entraram na questão das produções, inserindo as imagens, escrevendo as narrativas e relatando como foi as sensações. Esse projeto, dentre as várias ações, subprodutos, destaca-se a produção do podcast cujo tema era "O poder de desafiar o não". Um tema bastante significativo para eles, associando com o estudo de um filme que a gente já tinha trabalhado "Menina de Ouro" e com uma música do Emicida, "Passarinhos", com a Vanessa da Mata. Esse projeto dialogou com outros projetos da escola como o "Nepso", que é um projeto envolvendo a pesquisa também, e outro projeto que é o da "Justiça Restaurativa", que funciona para a mediação de conflitos, uma associação de várias instituições. Foi muito interessante observar o engajamento e esse movimento de retextualizacao do gênero "carta" para outros gêneros, utilizando os aplicativos de celular e de edição de vídeos, música e fotos, como o "Inshoot", o "PicsArt" e o "Audacity" A gente percebeu o engajamento justamente por tratar essa questão dos gêneros que são considerados à margem da instituição Escola. Foi muito interessante de como, com esse movimento de iniciação à pesquisa, a gente percebeu que eles se sentiram motivados, se sentiram orgulhosos. Muitos relataram inclusive que pensam em trabalhar futuramente com essa questão da tecnologia. A gente também apresenta o WordPress, nosso blog. Esse blog funcionou como um portfólio, um diário mesmo para ter um acompanhamento de como esse gêneros discursivos estavam sendo entendidos pelos alunos. Não foi só um movimento de retextualizacao solto, houve uma contextualização. Enfim, foi um trabalho muito interessante, muito legal. Eles nunca haviam experienciado essa questão da pesquisa, de participação em um congresso da UFMG. Então, a gente percebeu uma sensação de orgulho e de autoafirmacao, do ser capaz. Não é porque é uma escola pública, não é porque é pertencente a uma zona de risco, de periferia, que isso vai condicionar algo. Enfim, foi um trabalho muito bacana e significativo para esses alunos.