EDIÇÃO 25/11/2018 Texto pra cego ver: #paracegover Grupo Texto Livre. Jornal do UEADSL 25/11/2018 Na edição de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre João Wanderley Geraldi, um dos conferencistas do da 13ª edição do Congresso Nacional Universidade EAD e Software Livre – UEADSL. Formado em Letras, Geraldi conta que a trajetória até o curso não foi de imediato. Ele iniciou a graduação em Direito e em Economia, atuando no Banco do Brasil de São Luiz Gonzaga, até se encantar com a sala de aula, quando começou a lecionar na Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. “Em 1966, me tornei professor, o que redirecionou toda minha formação: cancelei minha matrícula no curso de Economia; terminei o curso de Direito e matriculei-me no curso de Letras. Já dava aulas como professor leigo. Depois veio o mestrado, o doutorado, a livre-docência e o concurso de titular, toda a carreira na Unicamp”, explica. Além disso, ele acrescenta que “como havia sido professor de Ensino Fundamental e Médio, meu interesse pelo ensino permaneceu e me levou a escrever sobre este tema ao longo da vida, além de participar de inúmeros eventos com professores. Nunca deixei de estar no ensino básico, e trouxe para o ensino superior a preocupação com este nível de ensino. Para mim, a dedicação à educação tinha muito que ver com uma militância política que iniciei aos meus 16 anos”. Em relação ao UEADSL, Geraldi abordará em sua palestra o tema “A Escola e as Tecnologias”, em que trabalhará a diferença entre as tecnologias na escola e as tecnologias de escola. Segundo ele, as tecnologias de escola são produzidas a partir das demandas das instituições escolares, tais como giz, quadro-de-giz, álbum seriado, carteiras escolares, livro didático. Já a segunda, são as tecnologias produzidas longe da escola e de que esta faz uso, são produtos do desenvolvimento da sociedade. “Assim, o computador e a internet são tecnologias que podem estar na escola, mas não são tecnologias da escola! No texto [que apresentará no congresso] defendo o ponto de vista de que as novas tecnologias trazem em seu bojo uma questão fundamental para a escola. Ela não pode mais ser a instituição da socialização dos conhecimentos, pois estes estão circulando na internet! Logo, estas tecnologias demandam que a escola redefina sua função. É algo muito mais profundo do que usar a internet, por exemplo, para educação à distância! Ou para pesquisas escolares. A existência da rede, das conexões que permitem circular por uma galeria temática de forma aprofundada acabam com esta ideia de que todos têm que aprender a mesma coisa e ao mesmo tempo”, esclarece o professor. Para ele, uma base comum curricular, por exemplo, é “algo absolutamente canhestro quando a diversidade de percursos dos objetos de estudos está disponível. Em segundo lugar, outra mudança será fundamental: como a informação está noutro lugar, não mais na escola, sua função passa a ser a da reflexão crítica e não a da socialização das informações. Neste sentido, o retrocesso de coisas como Escola sem Partido é que retorno à Idade Média e à escolástica”. Geraldi deixa um recado para os futuros professores. “Aqueles que ainda se preparam para serem professores, num ambiente que será bastante hostil com a escola nos próximos anos, sabem que em seu futuro não poderão ser "transmissores" de conhecimentos, mas educadores reflexivos, aqueles capazes de tomar os vividos por si e por seus alunos e tornar estes vividos perguntas”, acresce o professor que conclui “é com as perguntas na mão que irão à herança cultural disponível (na internet) para tentarem produzir aprender caminhos de construção de respostas para perguntas do passado. E somente com as perguntas e com esta aprendizagem que poderão elaborar respostas às perguntas de hoje, para as quais não Wikipédia que tenha respostas, porque são perguntas ainda à espera de respostas. Será neste formular perguntas e elaborar respostas que se dará seu exercício profissional. Se o professor imagina que poderá continuar a transmitir conhecimentos, então esta profissão estaria em vias de extinção! Enfim, estes encontros que se debruçam sobre as práticas e sobre o conhecido, como o UEADSL, são fundamentais para esta difícil aprendizagem no mundo da superficialidade do consumo: a reflexão”. Participe! http://ueadsl.textolivre.pro.br Apoio: CAED FALE UFMG Texto: Natália Giarola, Edição: Ana Matte e Lucca Fricke