STIS 2013
10. Dezembro: Leituras Semióticas Peirceanas
10.1. registro dezembro
STIS Seminários Teóricos Interdisciplinares do Semiotec
Registro de Conferência em chat escrito, de 6 de dezembro de 2013:
Leituras semióticas peirceanas - sensação, percepção e representação
conferencista: Hugo Mari
moderador: Equipe STIS
[15:15] <adelmaa> Prezado Mari, seja bem-vindo.
[15:16] <adelmaa> Peço, por gentileza, a todos os presentes que durante a apresentação do Prof Dr Hugo Mari vocês não façam qualquer interrupção.
[15:18] <adelmaa> Boa tarde a todos! Vamos começar a última conferência do STIS do ano de 2013.
[15:18] <adelmaa> Os STIS têm a honra de receber como ilustre palestrante no evento do ano calendário de ano 2013 o prof Dr Hugo Mari, docente do Programa de Pós-graduação em Letras da PUC Minas
[15:19] <adelmaa> Sua formação acadêmica foi realizada na UFMG com a conclusão da Licenciado em Letras (1972) e obtenção dos títulos de mestre (1980) e doutor em Estudos Linguísticos em UFMG.
[15:19] <adelmaa> . Em 2001 fez uma estágio de pós-doutorado na Université Paris XIII. Atualmente, é professor do Programa de Pós-graduação em Letras da PUC Minas. Sua atividade de pesquisa e
[15:19] <adelmaa> de docência está voltada para as áreas de semântica, pragmática e análise do discurso. Participou como autor e como organizador dos livros Ensaios sobre Leitura 1 (2005) e
[15:19] <adelmaa> Ensaios sobre Leitura 2 (2007), publicados pela Editora da PUC Minas, bem como de diversos livros
[15:19] <adelmaa> sobre análise do discurso, Fundamentos e dimensões da análise do discurso (1999), Análise do discurso: fundamentos e práticas (2001), Ensaios em análise do discurso (2002) entre outros. publicados pelo Núcleo de Análise do Discurso da FALE-UFMG.
[15:19] <adelmaa> Como membro do Grupo de Estudos Interdisciplinares da UFMG, co-editou e organizou o livro Universos do conhecimento (2002), publicado pela FALE-UFMG,
[15:20] <adelmaa> assim como o livro Estruturalismo: memória e repercussões (1995), publicado pela Diadorim.
[15:20] <adelmaa> Prezado professor a conferência STIS ocorre da seguinte forma. O palestrante tem a sua disposição 30 minutos para fazer sua apresentação. Após a conclusão de sua exposição abriremos para participação do público.
[15:20] <adelmaa> Com a palavra, prof Dr Hugo Mari apresentando: Leituras semióticas peirceanas - sensação, percepção e representação
[15:21] <mari> Gostaria de iniciar essa conversa, a partir da importância que, no campo da cogninição, a questão da semiotica vem assumindo, principalmente a partir de autores como Zlatev e Brandt (Cognitive Semiotics). Recuperar Peirce nesse contexto me parece algo de extrema importância, não apenas pelo teor de fundamentação dos seus textos, como também pela profundidade de sua discussão. Começo, então, com uma questão geral: por que Pei
[15:22] <mari> Remeto os participantes a quatro questões que formulo no primeiro slide do pps.
[15:24] <mari> Começo com a ideias de como sentimos as coisas, como a forma seminal de todo nosso conchecimento; em seguida: como percebemos as coisas, que em Peirce já assume o teor de uma organização do conhecimento; como representamos as coisas para reportar a um nível mais elaborado do nosso conhecimento, sob a forma de algoritmo. Por fim, o que fazemos com as coisas.
[15:26] <adelmaa> Escolha o tipo de atendimento na janela ao lado :apresentação de slides
[15:26] <mari> O ponto comum nessa discussão emplaca de forma direta toda uma discussão que vem sendo feita sobre a corporificação do conhecimento
[15:27] <adelmaa> escreva: mari para ter acesso aos slides.
[15:28] <mari> Nessa perspectiva, considero o esquema montado no segundo slide temático, que representa a fonte do nosso conhecimento enquanto corporificação. A ideia do corpo, como ponto central, não é nova.
[15:31] <mari> Grande parte dos filósofos que trabalharam sobre a questão do conhecimento tinha essa concepção (São Tomás, Berkley,Hume, Kant...). Chegamos ao final do Sec. XX com a fixação de uma epistemologia da corpor~ificação, assumindo esse lastro de conhecimento construído ao longo da nossa história.
[15:33] <mari> Gostaria, então, de trabalhar algumas especificações da abordagem peirceana, de forma a poder sustentar que Peirce é contemporâneo com sua formulação. Assim, gostaria de começar pelos conceitos básicos que o autor trabalha. Primeiridade, segundidade e Terceiridade. Tratarei aqui de forma mais específica das duas primeiras dimensões.
[15:36] <mari> Começo pelo slide remete ao plano global da obra de Peice: primeiridade: reponde pelo sentir modalizado; segundidade pelo pela modalização da percepção; ver, ouvir...; a terceiridade pela construção teorica do conhecimento, desde uma teoria do corpo, até uma teoria sobre uma lógica específica.
[15:40] <mari> Se a primeiridade é o sentir, é o domínio das sensações, o que ela representa em termos de conhecimento? Para muitos autores não faz hoje uma distinção entre sensação e percepção, mas na dimensão dos textos de Peirce ainda penso ser essa uma distinção necessária.
[15:40] <woodsonfc> Ver no slade 6
[15:42] <mari> Passo, então, a uma discussão da primeiridade com base no slide 7 (domínio das sensações). A realidade sensível, nos é dada, ela é imposta ao organismo. Não somos impedidos de ver, de ouvir, a não ser por um processo artificial.
[15:43] <mari> Nossos sensores estão estão sempre atentos a sentir o mundo das coisas, em qualquer dimensão do corpo. O que o organismo dispõe para dar conta das sensações é um percepto.
[15:44] <mari> Peirce julgava a possibilidadfe de existência de um percepto puro, aquele que não fosse resultado de qualquer formulação conceitual, mas apenas de um domínio imediato de uma fração do conhecimento.
[15:45] <mari> E da atuação do percepto que extraímos uma qualidade de sensação: primeiro traço que o organismo assimila em sua experienciação no mundo.
[15:47] <mari> Então, nesse slide, resumo aquilo que representa uma forma primária do conhecimento que resulta do sentir as coisas e que remete para o caminho de experienciação modal (audição, visão, olfto, hápito)
[15:50] <mari> Refiro-me à modalidade háptico (como uma extensão maior do táctil que envolve não apenas o toque manual, mas também a pele, braços, pernas, etc.)
[15:51] <mari> Bem, no slide seguinte (8), trago uma referência do autor sobre a primeiridade. Não sempre seus textos são metodologicamente organizados para situar pontualmente os fenômenos, mas das suas citações podemos extrair alguns pontos fundamentais.
[15:53] <mari> Por exemplo, a primeiridade se caracteriza pela interpelação direta do organismo (não há intermediação aqui); Peirce destacou o olho, mas o ele diz para o olho vale, em princpío para todsas as modalidade sensoriais.
[15:54] <mari> Em resumo, sensível é o domínio bruto da informação, corporificada em sua forma mais primitiva.
[15:57] <mari> No slide seguinte (9), destaco dois aspectos importantes na sensação: a imediatidade e a presentidade. É assim que o corpo, no formulação do autor, opera no mundo sensível: o que vale é o presente que o toca e o imediato que está na frente do oulha, que aciona nas formas sensoriais diretamente.
[15:59] <mari> Uma das questões controversas na formulação do autor é aquilo que ele concebe como o resultado da atividade sensível: qualidade da sensação.
[16:00] <mari> O que é uma qualidade de sensação? Não existe uma resposta direta a essa questão; talvez tenhamos que construir um arcabouço teórico para dizer o isso representa.
[16:02] <mari> Como se vê pela formulação do autor: a QS não se submete a esquemas prévios, ela não é desprovida de lei, mas tambem não é aleatória.
[16:02] <woodsonfc> ver slade 10
[16:03] <mari> Então, Peirce parece já apontar que traços da razão e da consciência já teriam um papel importante nesse processo.
[16:06] <mari> No slide 11, concluo mais ou menos essa discussão. Comentando aqui em particular com o Woodson, a ideia de Peirce, na minha percepção, é que o organismo não 'constroi' algo de provisório pelos sensores para depois ser concertado pela razão.
[16:07] <mari> É evidente que o caminhos do conhecimento que são efetivamente balizados pela razão estão na segundidadee e na terceiridade.
[16:09] <mari> No slide 12, sintetetizo o que representa a primeiridade em termos das ações do organismo sobre o mundo das coisas.
[16:10] <mari> A ideia de uma predisposição do organismo para o conhecimento: todo organismo busca preservar sua sobrevivência, logo ele precisa saber o que serve e o que não serve para a sua sobrevivência.
[16:11] <mari> Buscamos as coisas que podem transformar em energia para o nosso organismo e isso dá uma ideia fundamental daquilo que representa o nosso processo de conhecimento: um organismo precisa conhecer para manter o seu equilíbrrio, sua ordem interna.
[16:12] <mari> Com o slide 13, sintetizo a primeiridade nesse quadro geral da abordagem do autor, passando para a segundidade.
[16:17] <Woodsonfc_> teste
[16:20] <Woodsonfc_> Hugo caiu
[16:20] <Woodsonfc_> já está de volta
[16:21] <mari> Continuo, então, com o slide 14
[16:22] <Ailton> Boa tarde...Infelizmente, cheguei muito atrasado.
[16:23] <mari> A segundidade orienta~-se em razão de dois parâmetros; a ideia de força que caracteriza a excitabilidade do organismo para o processo de conhecimento; todo organismo quer conhecer, todo organismo precisa conhecer. Logo ele se excita diantes dessa prerrogativa.
[16:25] <mari> O segundo aspecto é o confronto: o nosso olho não percebe a manga, mas a manga que está na mangueira, a uma certa altura, diferente de uma outra que é maior ou menor etc. etc.
[16:29] <mari> O confronto, poderíamos admitir, sustenta nossas impulsos para a racionalidade. È por ele que percebo diferenças, mas também identidades. Nesse confronto Peirce se se estende à multimodalidade (a formulação não estava em voga em sua época), mas ela é certamente um fator sensível. Não percebemos apenas o formato da maçã, mas a cor de sua casca, o seu tamanho e também o seu gosto, ou qualquer outra dimensão multimodal envol
[16:30] <mari> Os dois parâmetros fundamentam nossos passos na construção do conhecimento.
[16:34] <mari> A segundidade é, em resumo (slide 16), um padrão de formação conceitual e nesse aspectos a cognição humana apresenta uma ampla discussão sobre teoria dos protótipos, predicação, pertinência clássica, pertinência difusa e outros padrões.
[16:37] <mari> Concluo, então, com o slide 18 que resume o esquema geral de funcionamento da segundidade e passo a um comentário final sobre a terceiridade. Gostaria, então, de voltar aos slides 4 e 5. No slide 4, sintetizo, sem maiores discussões, o modo como compreendo essa formulação do autor para a terceiridade, isto é, o plano de representação do conhecimento.
[16:39] <mari> Destaco diversos aspectos nessa formulação do autor; em particular aponto para as relações triádicas (comparação, desempenho, pensamento) em correlação com os domínios (possibilidade, existência e leis).
[16:41] <mari> Essas duas dimesões mostram uma necessária complexidade funcional que o autor atribui ao segu quadro de categorias sígnicas. Mas é nesse quadro de complexidade que o autor parece resumir da nossa atividade cognitiva, como mostro no slide seguinte.
[16:44] <mari> Na minha percepção, não podemos reduzir o trabalho do autor na terceiridade como mera tipologia de signos. Para mim ela expressa a gênese dop conhecimento humano que opera com o mínimo de sensação (o que entre pelo nosso olho se traduz como formas artísticas sofisticas; combinações tonais variadas etc.)
[16:46] <mari> Todo esse percurso do nosso desafio para conhecer termina num máxima de racionalização, quando por exemplo crimos algoritmos, teorias, sistemas lógicos etc.
[16:46] <mari> Bem, era isso. Vamos à discussão.
[16:47] <adelmaa> Clap cla clap clap clap clap clap Aplausos para o professor Hugo Mari.
[16:47] <Woodsonfc_> Prof. Hugo Mari, o nosso muito obrigado pela detalhada e dedicada exposição. Agora vamos abrir para as perguntas, que é o momento mais aguardado por todos nós em uma conferência!
[16:47] <Woodsonfc_> Clap clap clap
[16:47] <adelmaa> Gostaria de parabenizar o prof Hugo Mari pela extraordinária aula magna. É uma honra receber V. Sa no nosso evento. Honra maior é assistir uma palestra sobre Semiótica Pierciana com um palestrante fenomenal que tem o poder de traduzir a alma desta teoria para pessoas iniciantes como eu. Fabulosa conferência!
[16:48] <mari> adelmaa: obrigado, mas podemos depois continuar de forma mais efetiva.
[16:49] <adelmaa> Será uma prazer!
[16:50] <mari> adelmaa: na página do Programa aqui da PUC a minha tese sobre o Peirce está disponível para download. Caso tenha interesse.
[16:50] <Woodsonfc_> Hugo, você diz que há atualmente não se faz mais essa distinção de sentir e perceber. Como é visto isso por outros autores?
[16:53] <adelmaa> Obrigadíssima! Mas como gosto de compartilhar o conhecimento farei o seguinte: colocaremos um link no log de sua conferência em nossa página que dê acesso direto a sua tese, pode ser assim?
[16:54] <mari> Woodsonfc_: Acho que existem duas posições fundamentais; se separamos sensação de percepção, então, temos que considerar a primeira como algo de ordem mais primitiva, talvez como o Peirce e preservar a segunda como algo que implca elaboração, por se tratar de um nível de formapção de conceitos e não ainda de sua representação. Há uma outra tendência em juntar as duas dimensões e, nesse caso, fica prevalecendo a percepç
[16:54] <mari> forma de conhecimento, onde a elaboração não faça presente.
[16:57] <Woodsonfc_> Vemos três colunas e três linhas no quadro 4 o que é então a coluna e a linha dentro do quadro?
[17:02] <mari> Woodsonfc_: Na verdade, isso é um conjunto de dados que estão espalhados pela obrra do autor, mas quando as reunimos, talvez possamos ter uma clareza melhor porque a abordagem peirceana não pode ser reduzida a uma taxionomia de signos. Por exemplo, as três colunas internas representam dimensões fundamentais para a representação, só que para cada um desses pontos, coniderando os nove quadros internos, temos, em cada caso uma mulip
[17:06] <mari> o qualissigno é um primeiro correlato - representamen (porque não é nem o objeto, nem o representamen); ele é avaliado como uma dimensão comparativa (linha 1, lado direito), porque sentir o cheiro da laranja e diferente de manipular a casca da laranja; ele é uma pssibilidade (por ser algo disponível para qualquer sensor em qualquer experiência sensível - poder construir um qualissigno)
[17:06] <adelmaa> Porf Hugo, eu poderia dizer que a de linha Pierce se preocupa em desvendar o signo, enquanto a de Greimas está voltada para o símbolo?
[17:07] <mari> O mesmo poderíamos acrescentar para outros elmentos inseridos num desses nove espaços. Notamente, a tradição ratificou mais a coluna verde, por ter um apelo representacional mais direto.
[17:10] <mari> adelmaa: Sua questão é interessante, mas talvez a gente não possa fazer essa comparação, já que, para Peirce, signo é tudo isso (com os desdobramenos possíveis que são muitos) que aparece nos quadros internos do esquema. Na verdade, para ele o que o organismo retém no qualissigno já é um signo, tal como o argumento que pode ser uma teoria.
[17:10] <Woodsonfc_> É verdade pois o ïcone , índice e símbolo são estudados nos manuais de português das escolas fundamentais
[17:13] <Woodsonfc_> Então vamos terminar pois o adiantado da hora não nos permite continuar mais!
[17:14] <adelmaa> Os STIS agradecem a todos vocês pela presença ao nosso vento durante todo o ano de 2013 e esperam contar com sua participação nas próximas palestras do ano calendário de 2014.
[17:14] <Woodsonfc_> Agradeço sobremaneira a disposição do prof. Hugo Mari e
[17:15] <adelmaa> A equipe STIS , sob a coordenação geral da Profa Dra Ana Cristina Fricke Matte, oferece a todos vocês um pequeno trecho de uma oração irlandesa como mensagem de felizes festas:
[17:15] <adelmaa> Que a estrada se abra à sua frente, Que o vento sopre levemente em suas costas, Que o sol brilhe morno e suave em sua face, Que a chuva caia de mansinho em seus campos.
[17:15] <mari> Woodsonfc_: Espero que nos próximos eventos, a minha agenda esteja mais estável.
[17:15] <adelmaa> E até que nos encontremos de novo a partir de fevereiro de 2014 Que Deus guarde vocês na palma da Sua mão. Feliz Natal e um Ano Novo iluminado. para vocês , sesu familiares e amigos.
[17:16] <Woodsonfc_> Clap clap clap
[17:16] <adelmaa> Muitíssimo obrigada, prof Hugo. Sua conferência foi magistral.
[17:16] <adelmaa> Clap cla clap clap clap clap clap
[17:17] <mari> adelmaa: Ok, prazer em conhecer por essas linhas tortas, mas fascinantes.
[17:18] <adelmaa> Informamos a todos que para receber seu certificado vocês devem encaminhar uma mensgem para E-mail: stis@textolivre.org nos fornecendo seu nome completo e nickname do login na sala do STIS.
[17:20] <adelmaa> Nós que estamos honrados com sua presença em nosso evento.
[17:22] <adelmaa> Obrigada a equie STIS que de forma voluntária e colaborativa faz junto comigo este evento acontecer mensalmente. Amigos Hugleo, Woodson, Beth Guzzo, Madu Ferreira, Aline, meu abraço de agradecimento bem apertado. .
Como citar este texto:
MARI, Hugo. Leituras semióticas peirceanas - sensação, percepção e representação. In: STIS - Seminários Teóricos Interdisciplinares do Semiotec. Ano III, 2013. Disponível em: <http://stis.textolivre.org/site/index.php/artigos/12-stis/registros-das-palestras-logs/61-log-hugo-mari>. Acesso em: 26 fev. 2014.
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