Registro da Conferência em chat escrito, de 28 de agosto de 2015:
Ritmo e Repetição em Textos Verbais
conferencista: Drª. Carolina Lindenberg Lemos – British Council/GES-USP
Breve Reflexão acerca dos Espaços Tensivos
conferencista: Paula Martins de Souza - Doutoranda USP/FAPESP/GES-USP
moderador: Equipe STIS
[14:02] <daniervelin> Com imensa alegria, em nome da organização do STIS - SEMINÁRIOS TEÓRICOS INTERDISCIPLINARES DO SEMIOTEC -, damos boas-vindas a todos vocês que nos honram com sua presença: conferencistas e participantes.
[14:02] <Renilze> Ótimo, Thalita e Daiervelin.
[14:02] <daniervelin> O Stis é um programa de conferência realizado na penúltima semana de casa mês de março a dezembro, congregando pesquisadores do Brasil e do exterior em torno de temas interdisciplinares
[14:02] <daniervelin> Agradecemos o aceite das duas ilustres conferencistas de hoje
[14:03] <daniervelin> Carolina Lindenberg Lemos será a primeira a apresentar hoje. Em seguida, será dada voz a Paula Martins de Souza, e no final abriremos a sala para o debate.
[14:03] <daniervelin> Informaremos o código para os slides no início de cada apresentação.
[14:03] <daniervelin> Faremos agora uma breve apresentação de nossas conferencistas convidadas, que poderão acrescentar ou corrigir alguma informação em suas apresentações
[14:03] <daniervelin> Carolina Lindenberg Lemos é graduada em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Semiótica e Linguística pela USP e doutora em Linguística pela USP e em Langues et Lettres pela Universidade de Liège.
[14:03] <daniervelin> Realizou estágio de mobilidade internacional na Universidade de Paris VIII, sob supervisão do Prof. Dr. Denis Bertrand.
[14:03] <daniervelin> Atualmente é membro do Grupo de Estudos Semióticos da USP e examinadora do IELTS, junto ao British Council.
[14:04] <daniervelin> Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Semiótica, atuando principalmente nos seguintes temas: epistemologia da semiótica, historiografia linguística, estrutura linguística e enunciação.
[14:04] <daniervelin> Paula Martins de Souza é graduada em Letras, com habilitação em Linguística e em Língua Portuguesa pela USP e doutoranda pelo programa de Semiótica e Linguística Geral da USP, sob orientação do Prof. Dr. Waldir Beividas.
[14:04] <daniervelin> É membro do GES-USP (Grupo de estudos Semióticos da USP) e sua área de pesquisa incide sobre a relação entre a Semiótica Discursiva e a Psicanálise, por meio da Epistemologia delineada por Louis Trolle Hjelmslev.
[14:04] <daniervelin> Thalita, você quer acrescentar algo?
[14:05] <thalita> apenas mais algumas informações sobre a dinâmica do STIS
[14:05] <thalita> posso continuar?
[14:05] <CarolinaLL> sim
[14:05] <daniervelin> sim, por favor
[14:05] <thalita> ok
[14:05] <Renilze> Bem vindas Thalita, é um prazer está neste debate. Aguardo o código dos Slides.
[14:05] <thalita> Boa tarde a todos! Sejam bem-vindos!
[14:06] <thalita> Para quem participa pela primeira vez, teremos 30 minutos de apresentação das conferencistas (só por escrito, aqui no chat)
[14:06] <paulamartins> Obrigada!
[14:06] <thalita> não temos vídeo nem áudio
[14:06] <Renilze> OK!!!
[14:06] <thalita> durante esse tempo, a sala estará moderada
[14:06] <cidaviegas> obrigada!
[14:06] <thalita> após as duas apresentações, abriremos a sala para perguntas, sugestões e discussão geral das ideias expostas
[14:06] <thalita> o código para os slides será indicado no início de cada apresentação
[14:07] <thalita> Código da apresentação da Carolina: lemos
[14:07] <Renilze> Ok!!! Obrigada!!!
[14:07] <thalita> basta inserir o código à direita, depois de escolher o tipo de atendimento: “apresentação de slides”
[14:07] <thalita> vocês podem regular o tamanho do chat e slides ajustando a coluna vertical entre as partes
[14:07] <thalita> desejamos um ótimo seminário a todos!
[14:07] <daniervelin> Título da apresentação de Carolina Lindenberg Lemos: "Ritmo e Repetição em Textos Verbais"
[14:08] <thalita> CarolinaLL, pode começar quando quiser. Cole, por favor, frases pequenas, de até 3 linhas, durante sua apresentação, ok?
[14:08] <CarolinaLL> Obrigada, Thalita. Obrigada, Dani
[14:08] <CarolinaLL> Então são trinta minutos
[14:08] <daniervelin> isso
[14:08] <CarolinaLL> achoque eu tinha entendido 40
[14:08] <CarolinaLL> mas tudo bem
[14:09] <daniervelin> CarolinaLL, pode ser
[14:09] <daniervelin> aqui temos flexibilidade quanto a isso
[14:09] <CarolinaLL> eu tinha pensado em escrever como num chat mesmo, mas se for preciso eu colo frases também
[14:09] <daniervelin> fique à vontade!
[14:09] <CarolinaLL> bom, eu vou apresentar para vocês o coração da minha tese
[14:09] <CarolinaLL> coração porque é de onde nasceu e para onde tudo converge
[14:10] <CarolinaLL> como eu dizia no resumo, para quem conseguiu ler
[14:10] <CarolinaLL> (aliás, se estiver muito lento, me avisem)
[14:10] <CarolinaLL> como eu dizia, efeitos são coisas complicadas de se discutir
[14:11] <CarolinaLL> porque podemos no limite dizer que cada um "sente" de forma diferente
[14:11] <CarolinaLL> então como posso falar de tensão nos textos?
[14:11] <CarolinaLL> A fim de escapar dessa arma- dilha, buscaremos, antes de mais nada, entender a repetição como uma das estratégias possíveis para chegar a um certo efeito.
[14:12] <CarolinaLL> que é esse efeito de tensão
[14:12] <CarolinaLL> vou dar um exemplo
[14:12] <CarolinaLL> quando vemos um poema como "The Hollow Men" de TS Eliot
[14:13] <CarolinaLL> ele termina assim:
[14:13] <CarolinaLL> This is the way the world ends
[14:13] <CarolinaLL> This is the way the world ends
[14:13] <CarolinaLL> This is the way the world ends
[14:13] <CarolinaLL> Not with a bang but a whimper
[14:13] <CarolinaLL> uma tradução rápida:
[14:13] <CarolinaLL> Como o mundo acaba
[14:13] <CarolinaLL> Como o mundo acaba
[14:13] <CarolinaLL> Como o mundo acaba
[14:13] <CarolinaLL> Não com um explosão mas com um gemido
[14:14] <CarolinaLL> Veja: por que ele repete?
[14:14] <CarolinaLL> a informação já está dada na primeira vez
[14:14] <CarolinaLL> mas ele usa a repetição para criar uma expectativa
[14:14] <CarolinaLL> é essa expectativa crescente que vou chamar de "efeito de tensão"
[14:15] <CarolinaLL> Meta-comentário: é estranho não poder dizer: ok?
[14:15] <CarolinaLL> bom...
[14:15] <CarolinaLL> Então, como dizia, como contornar o estudo tão vago dos efeitos
[14:16] <CarolinaLL> vamos procurar a estrutura subjacente a essa repetição: como é que ela revela uma organização textual mais profundo
[14:16] <CarolinaLL> profunda e que pode servir de base para manipulá-la
[14:16] <CarolinaLL> Nosso primeiro argumento é que a repetição tem a ver com um certo andamento do texto
[14:17] <CarolinaLL> andamento no sentido musical mesmo
[14:17] <CarolinaLL> algo como a sensação de aceleração e desaceleração
[14:17] <CarolinaLL> mas do conteúdo
[14:17] <CarolinaLL> se vocês adiantarem o slide
[14:17] <CarolinaLL> vão ver que vamos tratar de dois casos de extremos
[14:18] <CarolinaLL> chamo de extremo especulativo porque não formam textos de tão absurdo que são esses exemplos
[14:18] <daniervelin> código para os slides: lemos (basta selecionar ao lado a opção "apresentação de slides")
[14:18] <CarolinaLL> No primeiro caso, quero que vocês imaginem uma concatenação da maior variedade possível de imagens
[14:19] <CarolinaLL> (vejam o terceiro slide: as identidades são essenciais para a diferença)
[14:19] <CarolinaLL> Justamente: o meu exemplo quer mostrar isso: as identidades são essenciais para a diferença
[14:20] <CarolinaLL> então imagine esse monte de imagens variadas passando na tv: colorida, preto e branco, realista, animação
[14:20] <CarolinaLL> imagine que chegamos a um conjunto o mais variado possível
[14:20] <CarolinaLL> Teríamos assim fotos realistas e desenhos abstratos, close-ups e planos de conjunto, múlti- plos ângulos, imagens coloridas e em preto e branco e tudo o mais que se possa imaginar combinado de forma totalmente aleatória. Digamos então que tenhamos chegado a uma miríade de imagens tamanha que nenhum espectador pudesse encontrar aí alguma coerência
[14:21] <CarolinaLL> e que nossa sequência fosse longa o suficiente para que as fronteiras de início e de fim também se dissipassem e deixassem de operar como elementos reguladores
[14:21] <CarolinaLL> qual é o sentido desse texto?
[14:21] <CarolinaLL> a distância - de sentido - entre as imagens é tão distante que não conseguimos atribuir um sentido
[14:22] <CarolinaLL> a aceleração do sentido de uma imagem para a outra é tão grande que não é trajeto
[14:22] <CarolinaLL> vemos um salto
[14:22] <CarolinaLL> são por demais aceleradas
[14:22] <CarolinaLL> bom,
[14:22] <CarolinaLL> agora imagine o inverso
[14:23] <CarolinaLL> Menos intuitiva é talvez a impossibilidade de identidades sem dife- rença.
[14:23] <CarolinaLL> Parece relativamente claro que, diante de dois elementos, sabemos facilmente dizer: são iguais.
[14:23] <CarolinaLL> No entanto, para ao menos percebê-los como dois elementos, é preciso que sejam distintos, separados por um espaço em branco ou pelo silêncio
[14:23] <CarolinaLL> Assim, para que sejam iguais, devem antes ser distintos. Se não houver minimamente alguma alternância, borram-se os limites e novamente, como no caso do excesso de variação, nos deparamos com um bloco unitário, com a matéria sem forma.
[14:23] <CarolinaLL> (próximo slide)
[14:24] <CarolinaLL> nesse caso, temos uma desaceleração total
[14:24] <CarolinaLL> tão grande que não vemos distinção
[14:24] <CarolinaLL> (próximo slide)
[14:25] <CarolinaLL> esses dois exemplos nos dão duas condições mínimas de inteligibilidade de um texto
[14:25] <CarolinaLL> a coerência = alguma recorrência
[14:25] <CarolinaLL> a novidade = alguma mudança
[14:26] <CarolinaLL> (próximo slide)
[14:26] <CarolinaLL> Para além dessas características da interpretação, somos confrontados a questões de andamento e ritmo.
[14:26] <CarolinaLL> No primeiro caso, temos um andamento de tal forma frenético do conteúdo que se perde qualquer possibilidade de encontrar-lhe um ritmo. Para que haja ritmo, é preciso que se estabeleçam alternâncias regulares.
[14:26] <CarolinaLL> A mesma falta de ritmo se observa no segundo exemplo, mas por razões inversas. Ao diluirmos as fronteiras, tudo se passa como se estivéssemos o tempo inteiro frente ao mesmo objeto, como uma exposição longuíssima a um único elemento.
[14:26] <CarolinaLL> A estaticidade total também não apresenta alternâncias e, portanto, não cria ritmo.
[14:27] <CarolinaLL> A citação do Dicionário de música apresenta a definição de ritmo
[14:27] <CarolinaLL> veja que, para haver ritmo, é preciso haver seções perceptiveis
[14:27] <CarolinaLL> As “seções perceptíveis” são o que chamamos “alternâncias regulares” ausentes do primeiro cenário; a exigência de que essas alternâncias se desenrolem no tempo se opõe à estaticidade resultante do segundo cenário.
[14:28] <CarolinaLL> (próximo slide)
[14:28] <CarolinaLL> vimos então que uma estrutura: uma alternância ordenada é a primeira exigência para o ritmo
[14:28] <CarolinaLL> mas os nossos exemplos mostram ainda duas coisas
[14:29] <CarolinaLL> ritmo, por sua vez, está na dependência do andamento, uma vez que este age sobre a percepção daquele: os limites máximo e mínimo do andamento apagam qualquer possibilidade de apreensão de um ritmo.
[14:29] <CarolinaLL> ou seja: muito rápido, não há ritmo
[14:29] <CarolinaLL> muito lento também não
[14:30] <CarolinaLL> Por fim, o ritmo está na dependência também do aspecto. Não po- deria ser diferente, uma vez que o aspecto opera as demarcações e as segmentações do texto
[14:30] <CarolinaLL> A demarcação é a função aspectual que estabelece as extremidades e os limites do discurso e se manifesta em incoatividade e terminatividade: o começo e o fim
[14:30] <CarolinaLL> precisamos de um começo e de um fim
[14:30] <CarolinaLL> mas precisamos também de segmentações
[14:30] <CarolinaLL> A outra função aspectual em jogo, a segmen- tação, estabelece limiares e intervalos.
[14:31] <CarolinaLL> Especialmente evidente no segundoexemplo, a segmentação é essencial para que enxerguemos partes num todo, ou seja, para que nosso objeto não seja um contínuo indiferenciado.
[14:31] <CarolinaLL> bom, vimos assim algumas condições da relação da repetição e do ritmo
[14:31] <CarolinaLL> vamos passar para textos reais
[14:31] <CarolinaLL> e vamos ver como a repetição age sobre eles
[14:32] <CarolinaLL> para isso vamos comparar com a noção de isotopia
[14:32] <CarolinaLL> avancem no slide
[14:32] <CarolinaLL> e vejam a definição de Greimas e Courtés
[14:32] <CarolinaLL> há muito em comum entre a isotopia e a repetição
[14:33] <CarolinaLL> veja que G e C usam mesmo a palavra "iteratividade"
[14:33] <CarolinaLL> o conceito de isotopia põe em jogo a semelhança entre semas e figuras, mas ao mesmo tempo cria a necessidade de que se estabeleçam diferenças entre eles.
[14:33] <CarolinaLL> vejamos o exemplo do poema de Baudelaire
[14:33] <CarolinaLL> no próximo slide
[14:34] <CarolinaLL> Nas duas primeiras estrofes, marcamos algumas palavras e locuções que desencadeiam uma isotopia marítima — sobretudo de uma viagem marítima. Se “les hommes d’équipage” já sugere talvez essa leitura, a ocorrência de “l’albatros” e “des mers” a confirma
[14:34] <CarolinaLL> A ideia de que se trata de uma viagem se faz ver apenas quando acrescentamos os verbos “suivent” e “glissant”. Esses traços são importantes para contextualizar o jogo cruel dos marinheiros enfastiados que aparece na segunda e na terceira estrofe.
[14:34] <CarolinaLL> Esse breve exemplo nos mostra que as expressões têm algo em comum: elas oferecem uma reiteração de traços que vão reforçar uma ideia, como se remetessem todos ao mesmo lugar figurativo.
[14:35] <CarolinaLL> Nesse processo, alguns traços que estão em potência em cada palavra são também suprimidos. É o caso, por exemplo, de tantos semas ligados à fúria do mar, à ressaca, às tempestades. Todos esses traços que poderiam desencadear uma série de lugares comuns da literatura estão aí “desativados”, suspensos.
[14:35] <CarolinaLL> or outro lado, é importante na isotopia que cada elemento seja também diferente um do outro. A diferença entre as expressões marcadas em nosso exemplo faz com que o cenário adquira nuanças e as imagens se enriqueçam. O texto ganha uma direção.
[14:35] <CarolinaLL> Como na isotopia, a repetição nos apresenta um encadeamento sintag- mático e a posição do termo na cadeia é relevante. O primeiro termo é a apresentação do novo.
[14:36] <CarolinaLL> O segundo é já informação dada. O segundo elemento é também o que introduz uma relação particular entre os termos. Em outras palavras, ainda que diferentes em função da sua posição, eles devem ser lidos como o retorno do mesmo.
[14:36] <CarolinaLL> Assim, ele é também o anúncio de uma regra, de uma expectativa de repetição. Em termos semelhantes, na isotopia, o primeiro termo abre toda uma gama de possíveis caminhos. A entrada do segundo revela a relação e restringe as possibilidades
[14:36] <CarolinaLL> Assim, o mecanismo sintáxico da isotopia e o da repetição parecem correr em paralelo. Como vimos no poema de Baudelaire, a isotopia é responsável pela expansão de um sentido pelo texto e, dessa forma, dá-lhe coesão. A repetição também pode ter esse papel, uma vez que por meio da iteração, ela dissemina o sentido do elemento repetido pelo texto
[14:36] <CarolinaLL> Podemos dizer isso, por exemplo, do retorno ao refrão em uma canção. Ele parece muitas vezes “amarrar as pontas”, ou seja, atribuir coesão.
[14:37] <CarolinaLL> Vejamos agora um exemplo de repetição estrita
[14:37] <CarolinaLL> no próximo slide
[14:37] <CarolinaLL> vocês têm o poema "One Art" de E. Bishop
[14:38] <CarolinaLL> Ela repete várias vezes a frase : The art of losing isn’t hard to master;
[14:38] <CarolinaLL> a arte de perder não é difícil de dominar
[14:38] <CarolinaLL> (há melhores traduções...)
[14:38] <CarolinaLL> Aquilo que devemos entender por “perda” vai mudando e se complexificando a cada estrofe com as diferentes figuras do que é deixado para trás: chaves, lugares, nomes, casas, rios, reinos e “você”. Ainda assim, a frase repetida literalmente 4 nos transporta de volta para o início e reúne num mesmo conjunto todas as figuras disparatadas.
[14:39] <CarolinaLL> Uma das funções da repetição aqui é, portanto, dar coesão ao texto, organizando esse contexto como uma moldura que encerra o poema por todos os lados.
[14:39] <CarolinaLL> Uma outra forma de disseminar conteúdos num texto se dá por meio de explicações ou definições. Assim, se voltarmos ao texto de Baudelaire e recorrermos ao dicionário para consultar um vocábulo qualquer, teremos por exemplo
[14:39] <CarolinaLL> vejam o próximo slide
[14:39] <CarolinaLL> temos a definição de um termo do poema
[14:40] <CarolinaLL> (um que eu não conhecia...)
[14:40] <CarolinaLL> huée são os gritos dos caçadores para espantar os bichos
[14:40] <CarolinaLL> uma definição é uma forma de disseminação de conteúdo, como vocês vêm
[14:40] <CarolinaLL> o conteúdo que estava concentrado numa palavra
[14:40] <CarolinaLL> agora são duas frases
[14:41] <CarolinaLL> Ao tratar das definições de dicionário, Hjelmslev (2003 : 74) aponta que os termos definidos podem ser considera- dos reduções dos sintagmas que os definem e propõe a seguinte formulação: “por definição entendemos uma divisão seja do conteúdo de um signo, seja da expressão de um signo.”
[14:41] <CarolinaLL> A definição em termos de divisão indica uma espacialidade dispersa (Zilberberg, 2012 : 22), uma temporalidade alongada, na qual se deixam ver as etapas, e um andamento desacelerado.
[14:41] <CarolinaLL> Assim, isotopia, repetição, defini- ção apresentam, nesses termos, um estilo tensivo descendente
[14:42] <CarolinaLL> A força da surpresa, da introdução de um elemento novo no campo de presença vai diminuindo em virtude da reiteração, da repetição, da escansão desse mesmo elemento. O impacto da novidade vem a ser paulatinamente substituído pelo conforto do conhecido.
[14:42] <CarolinaLL> mas é aqui que a coisa fica interessante
[14:42] <CarolinaLL> pois a repetição não é bem como a definição ou a isotopia
[14:42] <CarolinaLL> Uma definição de dicionário que repetisse o termo a ser definido seria um dicionário ineficaz:
[14:42] <CarolinaLL> veja o próximo slide
[14:43] <CarolinaLL> se eu repito a palavra, não há esclarecimento
[14:43] <CarolinaLL> eu não posso repetir a palavra que eestou definindo no interior de uma definição
[14:43] <CarolinaLL> Nesse sentido, a repetição se distancia dos outros dois mecanismos em função do seu regime de progressão textual
[14:43] <CarolinaLL> Se a isotopia apresenta uma série de semelhanças que reúnem os termos numa linha interpretativa, ela também põe em jogo as diferenças necessárias para a criação de direção no texto.
[14:44] <CarolinaLL> Assim, o modo de progressão da isotopia é linear, ou seja, transitivo, aberto para o que vem em seguida.
[14:44] <CarolinaLL> Num movimento relativamente semelhante, a explicação é um desdobramento de traços de início condensados, mas ela é por isso mesmo uma forma de restrição do leque de interpretações e deslizamentos de sentido que estão em potência no termo isolado. A direcionalidade e a abertura estão também presentes nesse mecanismo.
[14:44] <CarolinaLL> A repetição, por sua vez, não produz essa direcionalidade progressiva. Para tanto, é preciso a intervenção de nuanças de diferença entre as ocorrências. A repetição é a permanência insistente num mesmo elemento; seu regime é a circularidade fechada e intransitiva que se encerra em si mesma, voltando sempre ao início. Se levada adiante, ela passará do conforto do conhecido à saturação.
[14:44] <CarolinaLL> Vou falar agora então do estilo tensivo da repetição e vou parar por aí por conta do adiantado da hora
[14:45] <CarolinaLL> depois conversamos sobre os outros pontos na discussão se for o caso
[14:45] <CarolinaLL> Assim Um novo estilo tensivo se anuncia na repetição: o estilo ascendente.
[14:45] <CarolinaLL> O estilo descendente discutido até aqui é o resultado da apreensão de uma regra. O novo nos é apresentado, mas logo nos damos conta de que ele se repete e que continuará a se repetir de forma regular.
[14:46] <CarolinaLL> Cada ocorrênciaé a confirmação do esperado. Não há surpresa. As retomadas são cada vez mais átonas, justamente por não trazerem nada de novo ao espírito.
[14:46] <CarolinaLL> Acontece que a permanência nesse estado é impraticável. A ausência total de mudança leva a uma estagnação: o texto volta sempre ao seu início e não há evolução. Há portanto uma retenção da progressão temporal, associada ao fechamento e à concentração.
[14:46] <CarolinaLL> Em função da natureza complexa e opositiva da linguagem, a perma- nência excessiva num dos polos de uma oposição gera uma expectativa de mudança (Tatit, 2007: 31–32).
[14:47] <CarolinaLL> vejam o slide com a citação do saussure
[14:47] <CarolinaLL> Ainda que o trecho aborde um aspecto específico da língua — a fonologia —, a relação diz respeito à concepção de estrutura em geral
[14:47] <CarolinaLL> Dessa forma, cada elemento da língua não encontrará seu sentido ou sua função em fatores externos, mas se construirá por oposição a um outro elemento interno que lhe é comparável
[14:48] <CarolinaLL> Assim, se a oposição está na fundação do sistema e apenas podemos compreender um elemento por sua relação de dependência com outro, a afirmação deum convoca também a presença do outro.
[14:48] <CarolinaLL> Saussure propõe que um esforço continuado numa certa direção atingirá um limite
[14:49] <CarolinaLL> Se voltarmos à repetição, vemos que, ao atingir um limite mínimo de tensão, a repetição sugere o seu oposto, ou seja, uma quebra do esquema repetitivo.
[14:49] <CarolinaLL> ou seja: de tanto repetir e ir a lugar nenhum, esperamos que algo finalmente aconteça
[14:49] <CarolinaLL> A repetição cria um efeito de parada na progressão textual. A perma- nência nesse estado seria a continuação da parada
[14:49] <CarolinaLL> veja o slide com o quadrado
[14:50] <CarolinaLL> Do ponto de vista do desenvolvimento de um texto, a demora excessiva em qualquer uma dessas fases é inviável.
[14:50] <CarolinaLL> justa- mente pelo caráter opositivo da linguagem, o alongamento em qualquer dessas fases acaba por gerar uma tensão.
[14:50] <CarolinaLL> Um texto que se mantém sempre numa mesma fase produz um estranhamento, um mal-estar. Assim, a repetição será administrada de forma a preparar a mudança e criará uma tensão expectante de mudança
[14:51] <CarolinaLL> Enfim, aquilo que era o mais esperado e sem surpresa: a repetição que sabíamos que continuaria indefinidamente
[14:51] <CarolinaLL> é ela que, por sua própria insistência, criará as condições textuais para a sua mudança
[14:51] <CarolinaLL> ou seja: a repetição a longo prazo é insustentável
[14:52] <CarolinaLL> Podemos nos perguntar ainda sobre o que determina o limite da repetição tolerável.
[14:52] <CarolinaLL> mas aí entraríamos no próximo ponto do que constitui a espera
[14:53] <CarolinaLL> e deixaremos isso para uma outra ocasião.
[14:53] <CarolinaLL> termino então resumindo
[14:53] <CarolinaLL> abordamos a delicada noção de que a repetição possa ter um efeito no arranjo tensivo do texto. Dizemos que é delicada porque a própria ideia de estudar efeitos é fluida e frequentemente contingente ao ato de leitura.
[14:53] <CarolinaLL> Assim, preferimos falar da repetição como uma manifestação possível da trama tensiva do texto.
[14:54] <CarolinaLL> Abordamos então a repetição em estilos tensivos descendente e ascendente, na progressão textual e da construção da espera e do papel fundamental do aspecto para a gerência da repetição
[14:54] <CarolinaLL> bom, é isso
[14:54] <daniervelin> muito obrigada, CarolinaLL!
[14:54] <CarolinaLL> obrigada
[14:54] <CarolinaLL> referências no fim do slide
[14:55] <daniervelin> peço que todos guardem as questões para fazer à CarolinaLL depois da apresentação de paulamartins
[14:55] <thalita> obrigada, CarolinaLL!
[14:55] <paulamartins> clap, clap, clap, clap!!!
[14:55] <CarolinaLL> eu é que agradeço
[14:55] <CarolinaLL> heheeh
[14:55] <daniervelin>
[14:55] <daniervelin> bom, então convidamos paulamartins para iniciar sua apresentação
[14:55] <thalita> código para os slides: martins (basta selecionar ao lado a opção "apresentação de slides")
[14:56] <daniervelin> título: "Breve Reflexão acerca dos Espaços Tensivos"
[14:56] <daniervelin> código: martins
[14:56] <paulamartins> Dani, seria o caso de sinalizar aquela página em que você colocou os slides?
[14:56] <daniervelin> sim
[14:56] <daniervelin> como os gráficos ficaram um pouco ilegíveis, sugerimos que os acessem pelo link
[14:56] <daniervelin> http://stis.textolivre.org/salaConferencias/apresentacoes/martins/martins.pdf
[14:57] <paulamartins> Legal, Dani! Obrigada!
[14:57] <daniervelin> mas também é possível pelo código, aqui do lado
[14:57] <paulamartins> Posso começar, então?
[14:57] <daniervelin> à vontade!
[14:57] <paulamartins> Boa tarde a todos!
[14:57] <paulamartins> Gostaria de começar agradecendo a oportunidade de participar dos Seminários Teóricos Interdisciplinares do SemioTec.
[14:57] <paulamartins> É uma honra para mim poder compartilhar a pesquisa que venho desenvolvendo no doutorado!
[14:58] <paulamartins> Agradeço especialmente a Daniervelin Pereira e aos idealizadores dos STIS, a quem parabenizo por essa brilhante solução de aproximar os pesquisadores de nossa área!
[14:58] <paulamartins> Como foi sugerido por Daniervelin, no momento do convite para esta conferência,
[14:58] <paulamartins> vou tratar aqui de uma questão que considero como um dos pontos nevrálgicos da pesquisa que venho desenvolvendo.
[14:58] <paulamartins> Trata-se de um estudo sobre o funcionamento metodológico do “espaço tensivo”, proposto originalmente por Jacques Fontanille e Claude Zilberberg,
[14:58] <paulamartins> e desenvolvido por Zilberberg mais tarde.
[14:59] <paulamartins> Para chegar a essa questão, proponho: (i) introduzir o assunto principal da tese que venho desenvolvendo;
[14:59] <paulamartins> (ii) depois, gostaria de apresentar algumas noções do funcionamento do espaço tensivo, conforme proposto por Zilberberg;
[14:59] <paulamartins> (iii) com isso, acredito que será possível explicar as dificuldades metodológicas que o espaço tensivo pode trazer para algumas questões de análise;
[14:59] <paulamartins> (iv) finalmente, gostaria de propor uma solução possível para essas dificuldades.
[14:59] <paulamartins> Acho importante ressaltar que se trata apenas de uma revisão do uso das ferramentas metodológicas em vista da adequação ao objeto de análise.
[15:00] <paulamartins> Com isso, quero dizer que a proposta vai completamente na esteira da semiótica tensiva, à qual se filia imediatamente.
[15:00] <paulamartins> Comecemos, então, pelo assunto principal da tese.
[15:00] <paulamartins> (i) Introdução ao assunto principal da tese
[15:00] <paulamartins> Desde 2011, venho desenvolvendo uma tese a respeito do sujeito semiótico. A ideia é a de aprofundar a análise do sujeito com inspiração no pensamento psicanalítico.
[15:01] <paulamartins> Ocorre que, ao fazer análises de diversos textos, é comum verificar que há, por assim dizer, duas dimensões diferentes, por meio das quais se pode observar o sujeito.
[15:01] <paulamartins> Essa diferença entre “dimensões” fica nítida, por exemplo, nas análises que Greimas faz em Da Imperfeição (2002). Nessa obra, Greimas está tratando do momento epifânico; da apreensão artística.
[15:01] <paulamartins> Ele procede a uma gramaticalização do que constituiria esse momento específico que aparece em algumas narrativas.
[15:01] <paulamartins> Um dos elementos que participam dessa estrutura básica da epifania é a ampliação do tempo e do espaço, conferindo a esse evento uma sensação de eternidade.
[15:02] <paulamartins> Essa sensação se dá com o sujeito que vivencia o momento epifânico.
[15:02] <paulamartins> Ao mesmo tempo, sob um outro ponto de vista ou, talvez, em uma outra dimensão do mesmo acontecimento, o tempo e o espaço desse evento são ínfimos.
[15:02] <paulamartins> Tão logo se dá a sensação, ela já termina, enquanto que o espaço a que ela se dirige é sempre restrito.
[15:02] <paulamartins> Caso não consideremos que se trata de dois pontos de vista, de duas dimensões do mesmo evento, fica difícil explicar como a eternidade pode caber dentro dos limites de uma curta temporalidade.
[15:03] <paulamartins> Em uma tentativa de dissociar o ponto de vista da vivência do sujeito da ocorrência de sua vivência em um dado estado de coisas estabelecido pelo texto,
[15:03] <paulamartins> busquei separar essas duas dimensões do mesmo evento em:
[15:03] <paulamartins> (a) campo subjetivo, que responderia pelos estados de alma do sujeito; e
[15:03] <paulamartins> (b) campo objetivo, que responderia pelo modo como esse estado de alma se articula com um determinado estado de coisas textualmente dado.
[15:04] <paulamartins> Interessa ressaltar que não se trata apenas de uma divisão entre estados de alma por um lado e estado de coisas por outro, como se fossem dissociados.
[15:04] <paulamartins> Inclusive, esse é o ponto principal aqui, conforme pretendo explicar logo mais.
[15:04] <paulamartins> Mas antes, passemos para o segundo tópico desta conferência, pois interessa ter o funcionamento do espaço tensivo em mente para avançar na discussão a respeito dos campos subjetivo e objetivo.
[15:04] <paulamartins> (ii) Funcionamento do espaço tensivo, conforme proposto por Zilberberg
[15:05] <paulamartins> De acordo com o que foi mencionado no resumo desta conferência, o espaço tensivo foi pensado por Zilberberg como um meio de entrecruzar as duas dimensões...
[15:05] <paulamartins> a serem consideradas no exame da significação, a saber, os estados de alma e os estados de coisas.
[15:05] <paulamartins> A dimensão da intensidade seria responsável pelos estados de alma, que afetam o sujeito,
[15:05] <paulamartins> ao passo que a dimensão da extensidade se responsabilizaria pelos estados de coisas (ZILBERBERG, 2011, p. 253).
[15:05] <paulamartins> Na semiótica tensiva, a intensidade rege a extensidade, o que significa que os estados de coisas são condicionados pelos estados de alma.
[15:06] <paulamartins> Para dar um exemplo do interesse em entrecruzar essas duas dimensões da significação, podemos pensar em um sujeito “x” que é dentista e, como todos os dias,
[15:06] <paulamartins> se dirige a seu consultório com a devida antecedência. Seu ponto de partida dista cinco quilômetros do consultório.
[15:06] <paulamartins> Comparemos esse sujeito com o sujeito “y”, que se dirige ao aeroporto com pouco tempo para o fechamento do portão de embarque,
[15:06] <paulamartins> e que depende dessa viagem para assistir ao casamento de um filho. Ele está a cinco quilômetros do aeroporto.
[15:06] <paulamartins> Parece unânime o fato de que o sujeito “y” terá a impressão de que o caminho para o aeroporto é muito mais longo do que o caminho do sujeito “x” para o consultório,
[15:07] <paulamartins> ... ainda que ambos tenham a mesma extensão física.
[15:07] <paulamartins> Ocorre que os estados de alma modificam a impressão de cada sujeito a respeito dos estados de coisas, que, nesse caso, seria o mesmo estado do ponto de vista cosmológico.
[15:07] <paulamartins> Para o sujeito “y”, que anseia desesperadamente chegar ao aeroporto, o espaço parece não avançar.
[15:07] <paulamartins> Parece, ao sujeito “y”, que ele não sai do lugar. Seu espaço fica estreito e ele não é capaz de focalizar a totalidade do trajeto. Apenas apreende os elementos à medida que chegam.
[15:08] <paulamartins> Enquanto o sujeito “x”, uma vez posto a caminho, terá a impressão de que já chegou. Isso, porque ele não está em atraso;
[15:08] <paulamartins> o percurso não é uma questão para ele, que o traça cotidianamente, e conhece cada detalhe. Ele programou todo o percurso, que transcorrerá sem acidentes.
[15:08] <paulamartins> O sujeito “y”, então, diferentemente do sujeito “x”, atravessa seu percurso com a espacialidade alargada. Ele é capaz de focalizar todo seu transcurso e antever sua chegada programada.
[15:08] <paulamartins> Sendo assim, o sujeito “y” possui uma alta dose de intensidade (a dimensão dos estados de alma) e uma baixa dose de extensidade (a dimensão dos estados de coisas).
[15:09] <paulamartins> O sujeito “x”, ao contrário, possui uma baixa dose de intensidade, pois não está alarmado com a perda de um importante compromisso.
[15:09] <paulamartins> Também possui uma alta dose de extensidade porque é capaz de focalizar todo o transcurso.
[15:09] <paulamartins> Na figura 1, dos slides, temos os dois percursos, do sujeito “x” e do sujeito “y”, projetados em espaços tensivos.
[15:10] <paulamartins> Se ficar difícil de visuailizar, por favor, vejam as figuras em outra aba...
[15:10] <paulamartins> O gráfico à esquerda, que representa a impressão que o sujeito “x” tem do percurso de cinco quilômetros, marca o alto grau de intensidade, na vertical,
[15:10] <paulamartins> e o baixo grau de extensidade, na horizontal.
[15:10] <paulamartins> é a coluna tarjada em cinza
[15:10] <paulamartins> À direita, temos a representação da impressão do sujeito “y” sobre seu percurso de cinco quilômetros.
[15:11] <paulamartins> Visualizamos ali, ao contrário, um baixo grau de intensidade e um alto grau de extensidade.
[15:11] <paulamartins> Mas, notem que eu, enquanto narradora das duas situações, do sujeito “x' e do sujeito “y”, fiz referência a uma outra espacialidade, que não foi contemplada por nenhum desses dois gráficos.
[15:11] <paulamartins> Eu mencionei que ambos teriam de atravessar a MESMA distância de cinco quilômetros. Isso nos leva ao terceiro tópico que assinalei anteriormente:
[15:11] <paulamartins> (iii) dificuldades metodológicas que o espaço tensivo pode trazer para algumas questões de análise
[15:12] <paulamartins> A dificuldade reside na representação de dois pontos de vista no espaço tensivo: o meu, enquanto narradora, e o do sujeito que vivencia a experiência.
[15:12] <paulamartins> Os gráficos que foram apresentados cotejando os dois sujeitos excluem a minha perspectiva, que considera que ambos os sujeitos tenham de atravessar a mesma medida espacial.
[15:12] <paulamartins> Como a espacialidade faz parte dos estados de coisas, e não de alma, ele é representado pela linha horizontal do gráfico.
[15:12] <paulamartins> Caso houvesse o meu ponto de vista representado – isto é, um ponto de vista que se embasa em medidas físicas e que portanto se quer cosmológico –,
[15:13] <paulamartins> então a medida da linha horizontal teria de ser a mesma nos dois gráficos.
[15:13] <paulamartins> Note-se inclusive que esse não é um caso textual excepcional. Trata-se de uma recorrência a divergência entre o ponto de vista da narração e do sujeito que vivencia a coisa narrada.
[15:13] <paulamartins> Ocorre que, ao representar o entrecruzamento entre o estado de alma de um sujeito e o estado de coisas que ele vivencia, é claro que a representação não vai levar em consideração a comparação...
[15:13] <paulamartins> entre essa vivência e um estado de coisas que é notado por outrem.
[15:13] <paulamartins> Não obstante, muitos textos constroem a significação de um ator justamente pelo seu modo de vivenciar as coisas, isto é, seu modo particular de lidar com a “realidade” que o entorna.
[15:14] <paulamartins> Claro que não se trata de considerar uma realidade em si mesma. Trata-se de considerar a “realidade” construída por cada texto.
[15:14] <paulamartins> Por exemplo, em Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, a “realidade” do mundo em que a protagonista vai parar não pretende reproduzir uma semiótica do mundo natural de modo algum.
[15:14] <paulamartins> Não obstante, é o contraste entre aquele estado de coisas e os estados de alma de Alice que causam a maior impressão da narrativa,
[15:14] <paulamartins> bem como o cotejo entre os estados de alma dela e os estados de alma dos habitante do lugar, para quem nada de extraordinário está se passando.
[15:15] <paulamartins> Com isso, chegamos ao próximo e último tópico desta conferência:
[15:15] <paulamartins> (iv) Proposta de uma solução possível para essas dificuldades
[15:15] <paulamartins> A proposta tem por objetivo, então, representar a significação do ponto de vista que um sujeito tem de uma dada vivência,
[15:15] <paulamartins> mas DENTRO do estado de coisas gerais que se configura no texto como um todo.
[15:15] <paulamartins> Isto é, dentro da “realidade” construída pelo texto em que essa vivência se insere.
[15:15] <paulamartins> Para isso, proponho o entrecruzamento de dois espaços tensivos.
[15:16] <paulamartins> (iv.a) O primeiro espaço tensivo é o do sujeito da vivência, como foi o caso dos dois gráficos que já vimos, representando os sujeitos “x” e “y”. Trata-se de seus campos subjetivos.
[15:16] <paulamartins> Isso, porque se trata de estabelecer, no espaço tensivo, a representação da “realidade” conforme se dá internamente ao sujeito da vivência.
[15:16] <paulamartins> Mesmo a dimensão do estado de coisas, nesse gráfico, já está condicionada pelo ponto de vista subjetivo do sujeito.
[15:16] <paulamartins> (iv.b) O segundo espaço tensivo projeta o primeiro, como um todo, no eixo da intensidade, ao passo que a “realidade” do texto – seu estado de coisas – se desenvolve no eixo da extensidade.
[15:16] <paulamartins> O resultado desse segundo espaço tensivo é, então, o entrecruzamento do ponto de vista do sujeito sobre a “realidade” e a “realidade” do texto em si mesma.
[15:17] <paulamartins> Esse resultado gera o campo subjetivo do narrador.
[15:17] <paulamartins> Ou seja, a percepção do narrador sobre os estados de alma e os estados de coisas
[15:17] <paulamartins> Tomemos por exemplo um excerto de Dom Casmurro. No romance, Bentinho começa a desconfiar que teria sido traído por Capitu e seu amigo Escobar.
[15:17] <paulamartins> Ele oscila entre a crença e descrença na traição até que se dá a morte de Escobar. Durante o velório, um gesto de Capitu fortalece em seu espírito a suspeita da traição.
[15:18] <paulamartins> Segue o excerto do capítulo CXXIII, em que se dá essa passagem da narrativa:
[15:18] <paulamartins> “A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem aos olhos algumas lágrimas poucas e caladas...
[15:18] <paulamartins> As minha cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala.”
[15:18] <paulamartins> Imaginemos agora – pedindo desculpas antecipadas a Machado de Assis – que o romance tivesse sido escrito em terceira pessoa, por um narrador onisciente.
[15:18] <paulamartins> Vamos supor que esse narrador soubesse que não teria havido traição alguma. A partir desse novo ponto de vista, improvisemos uma reconstrução do excerto citado:
[15:19] <paulamartins> “Bentinho, que duvidara da fidelidade de seu amigo, vendo-o agora morto, foi tomado de confusos sentimentos. O velório lhe parecia uma confusão geral.
[15:19] <paulamartins> No meio da confusão, viu Capitu voltar o olhar ao morto por alguns instantes.
[15:19] <paulamartins> Ela, emocionada com a perda prematura do amigo, e comovida com a situação da recém viúva, não pôde conter algumas lágrimas,
[15:19] <paulamartins> que logo disfarçou para não desesperar ainda mais a viúva que consolava.
[15:19] <paulamartins> O que Bentinho viu, interrompeu abruptamente seu pranto de amigo arrependido.
[15:19] <paulamartins> No gesto de Capitu, não pode enxergar outra coisa senão a dissimulação da dor da perda irremediável de seu amante.”
[15:20] <paulamartins> No caso do texto original de Machado de Assis, apresenta-se ao enunciatário um efeito de sentido de uma descoberta angustiante.
[15:20] <paulamartins> A cena descrita por Bentinho funciona como uma “prova” da traição efetuada, fazendo com que seu estado de alma chega ao grau máximo de intensidade.
[15:20] <paulamartins> Quanto aos estados de coisas, eles se mantêm no grau menos elevado, posto a certeza inferida por Bentinho não advir de evidências dadas pelos fatos:
[15:20] <paulamartins> o choro pela morte de um amigo próximo não pareceria descabido a outros expectadores.
[15:21] <paulamartins> Poderíamos ainda entrar em detalhes da dimensão da extensidade para fortalecer sua análise em graus menos elevados nesse excerto do texto.
[15:21] <paulamartins> Com efeito, a dimensão da extensidade é formada pelas duas subdimensões da temporalidade e da espacialidade.
[15:21] <paulamartins> Quanto à espacialidade, ela está fechada na cena descrita por Bentinho. Se ele pudesse ter um olhar mais aberto à espacialidade, ele veria com mais distinção o que se passa à volta de Capitu.
[15:21] <paulamartins> Mas, em seu relato, em torno de Capitu, ele enxerga apenas uma “confusão geral”. Quanto à temporalidade, ela também se mostra restrita:
[15:21] <paulamartins> nos capítulos anteriores, Bentinhos vinha oscilando entre a crença ou descrença na fidelidade de amigo.
[15:21] <paulamartins> No momento do velório, ele chega com a ideia assente de que o amigo lhe seria fiel e que sua desconfiança seria despropositada.
[15:22] <paulamartins> Não obstante, todas as suas conjecturas elaboradas em um tempo passado, que deveriam implicar em determinados valores epistêmicos a serem utilizados no futuro,
[15:22] <paulamartins> perdem-se em um presente restrito.
[15:22] <paulamartins> Preso ao presente, o sujeito simplesmente não considera suas próprias convicções passadas e, então, projetadas para o futuro.
[15:22] <paulamartins> Então, o excerto dado do romance de Machado de Assis poderia ser representado pelo gráfico tensivo da figura 2,
[15:23] <paulamartins> Velam onde se localiza Bentinho, na"crença da traição"
[15:24] <paulamartins> Na figura, há uma espacialidade e uma temporalidade restritas na extensidade, ao passo que há um alto grau passional na dimensão da intensidade.
[15:24] <paulamartins> Como dizíamos, podemos representar essa narrativa em um espaço tensivo simples porque aquele que sofre os estados de alma e aquele que descreve os estados de coisas são coincidentes.
[15:24] <paulamartins> Em uma palavra, o narrador é o sujeito da ação.
[15:24] <paulamartins> O segundo texto, em que simulamos a narrativa de Machado enunciada em terceira pessoa, o espaço tensivo se complexifica.
[15:24] <paulamartins> Além do entrecruzamento entre os estados e de alma e os estados de coisas feito pelo sujeito, há que se considerar esse cruzamento em relação aos estados de coisas dado pelo narrador.
[15:24] <paulamartins> Esse novo entrecruzamento trará à luz a significação final dada ao enunciatário.
[15:25] <paulamartins> Antes de mostrar a proposta que faço da complexificação do espaço tensivo, é interessante lembrar de mais um detalhe a respeito do funcionamento do espaço tensivo.
[15:25] <paulamartins> Nos gráficos tensivos que vimos até o presente momento, as correlações estabelecidas entre as dimensões da intensidade e da extensidade são sempre inversas.
[15:25] <paulamartins> São inversas porque quanto mais houver de uma dimensão, menos haverá da outra.
[15:26] <paulamartins> Observem na mesma figura 2 que a “crença na traição” é composta de alta intensidade e baixa extensidade, ao passo que a “sapiência do ocorrido” é composta de baixa intensidade e alta extensidade.
[15:26] <paulamartins> Mas há também as correlações conversas entre as duas dimensões. Nelas, quanto mais há de uma dimensão, mais há também da outra.
[15:26] <paulamartins> A lógica inversa aparece com muito maior recorrência nas análises. Parece mesmo muito mais intuitivo considerar paixão e razão como inversas.
[15:26] <paulamartins> Inclusive, isso é usado como argumento em favor do réu em casos de crimes passionais: é social e juridicamente esperado que um sujeito tomado de um alto grau passional haja com menos razão.
[15:26] <paulamartins> Pensando na baixa incidência de gráficos de correlações conversas nas análises que efetua,
[15:27] <paulamartins> Zilberberg (2012, p. 44) considera que as correlações inversas poriam em jogo uma lógica mais humana...
[15:27] <paulamartins> ao passo que as correlações conversas seriam mais da ordem do utópico, do mítico, do inesperado.
[15:27] <paulamartins> Assim, seria considerado mais esperado, do ponto de vista da lógica humana, que Bentinho, tomado pelo medo da traição,
[15:27] <paulamartins> não pudesse mesmo raciocinar a contento a respeito das coisas do mundo que apreende.
[15:27] <paulamartins> Tendo visto a diferença entre as correlações inversas e conversas, retomemos o segundo texto, em que simulamos uma narrativa da “descoberta” de Bentinho,
[15:28] <paulamartins> em terceira pessoa e por um narrador onisciente.
[15:28] <paulamartins> Para dar conta da análise desse segundo texto no espaço tensivo, proponho, como disse anteriormente, entrecruzar o ponto de vista de Bentinho com o ponto de vista do narrador.
[15:28] <paulamartins> Na figura 3, podemos visualizar o espaço de Bentinho que foi apresentado anteriormente sendo projetado, como um todo,
[15:28] <paulamartins> apenas na dimensão da intensidade do segundo espaço tensivo, do narrador.
[15:29] <paulamartins> As setas sinalizam como o espaço tensivo de Bentinho inside sobre a intensidade do espaço tensivo do narrador.
[15:29] <paulamartins> A essa dimensão da intensidade, que é o campo subjetivo de Bentinho, acrescento, pois, os estados de coisas dado pelo narrador.
[15:29] <paulamartins> Para este, a dimensão da extensidade figura de modo contrário ao de Bentinho. Isso, porque, sendo onisciente, o narrador obtém os graus máximos de temporalidade e de espacialidade.
[15:30] <paulamartins> Ele consegue observar a cena do velório em sua totalidade, e não apenas no espaço fechado de Bentinho.
[15:30] <paulamartins> Ele também tem a espacialidade plena, pois domina o passado, o presente e o futura dessa cena.
[15:30] <paulamartins> *futuro
[15:30] <paulamartins> O resultado do espaço tensivo do narrador é, então, uma correlação conversa entre as dimensões. Ele une a alta intensidade passional de Betinho ao alto conhecimento dos estados de coisas.
[15:30] <paulamartins> A impressão geral promovida por esse narrador é, pois, de algo inesperado: embora apresente os fatos e evidências de que não houve traição,
[15:31] <paulamartins> e de que Capitu age apenas de acordo com o esperado em uma situação de perda, ainda assim Bentinho é tomado pela certeza do adultério.
[15:31] <paulamartins> Essa indignação, esse espécie de surpresa do narrador, fica manifestada pela correlação conversa que, como mencionei anteriormente,
[15:31] <paulamartins> Zilberberg diz que serviria à manifestação de algo que vai contra a expectativa, contra a lógica humana.
[15:31] <paulamartins> Assim, nessa microanálise, considero que o entrecruzamento dos espaços tensivos do sujeito da vivência e do narrador funcionou a contento.
[15:31] <paulamartins> Caso tivéssemos isolado o ponto de vista do narrador apenas, teríamos como resultado de análise a figura 4, que, como vocês podem ver,
[15:32] <paulamartins> resulta em uma correlação inversa, assim como a de Bentinho, mas inversa a ela como um todo.
[15:32] <paulamartins> Isso, porque, apesar de a extensidade do narrador ser grande, a intensidade é baixa: conhecendo os fatos e as implicações decorrentes deles,
[15:32] <paulamartins> ele não se surpreende em nada ao ver o modo de proceder de Capitu.
[15:32] <paulamartins> É apenas o entrecruzamento entre o espanto de Bentinho diante da cena do velório e o conhecimento dos fatos...
[15:32] <paulamartins> que pode causar esse efeito de sentido de surpresa em relação ao modo ciumento de Bentinho de proceder.
[15:33] <paulamartins> É, portanto, essa significação adicional – do ponto de vista do narrador sobre o ponto de vista do sujeito da ação – que,
[15:33] <paulamartins> salvo engano de minha parte, não podia ser contemplada pelo espaço tensivo simples.
[15:33] <paulamartins> Enfim, espero que tenha conseguido ser clara na exposição da proposta como um todo.
[15:33] <paulamartins> De um modo ou de outro, agradeço muito a participação de todos e me ponho à disposição para as questões e sugestões possíveis.
[15:33] <paulamartins> Também gostaria de deixar registrado meu e-mail, paulamartins@usp.br, e de agradecer mais uma vez a todos os organizadores do STIS.
[15:33] <daniervelin> obrigada, paulamartins !
[15:34] <paulamartins> Seguem as referências utilizadas (também registradas no último slide):
[15:34] <daniervelin> excelentes conferências!
[15:34] <paulamartins> Assis, Machado de [1899] Dom Casmurro. São Paulo: L&PM Editores, 1997.
[15:34] <thalita> clap clap clap!
[15:34] <paulamartins> Greimas, Algirdas Julien [1987] Da Imperfeição. Trad. Ana Claudia de Oliveira. São Paulo: Hacker Editores, 2002.
[15:34] <paulamartins> Zilberberg, Claude [2006] Elementos de semiótica tensiva. Trad. Ivã Lopes, Luiz Tatit e Waldir Beividas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011.
[15:34] <LILIANE> Gostei muito da apresentação!
[15:34] <paulamartins> Zilberberg, Claude [2012] La structure tensive. Liège: Presses Universitaires de Liège.
[15:34] <paulamartins> OBRIGADA!!!
[15:34] <Renilze> Obrigad Paula Martins!!!
[15:34] <thalita> convidamos então os participantes para discutir os temas abordados pelas conferencistas
[15:34] <cidaviegas> ótima apresentação.
[15:34] <paulamartins> Sou eu quem agradece!!!
[15:35] <paulamartins>
[15:35] <manuelalvaross> Uma questão de estudo de muita confiabilidade.
[15:35] <CarolinaLL> *palmas*
[15:35] <paulamartins> rsrsrs...
[15:35] <Renilze> ******************** **************************
[15:35] <daniervelin> CarolinaLL: vc terminou mesmo no ponto que me gerou dúvida! rs Seria possível pensar no gráfico da tensiva para representar um ritmo "ideal"?
[15:36] <paulamartins> Não sei se consegui captar bem a pergunta, Carol...
[15:36] <Renilze> Gostaria de participar do debate. Mas, preciso ir trabalhar.... Sucesso ....
[15:36] <paulamartins> Em que vc pensa ao dizer "ideal"?
[15:36] <paulamartins> Obrigada, Renilze!!!
[15:36] <CarolinaLL> não é minha pergunta
[15:36] <CarolinaLL> e pergunta para mim, acho
[15:36] <jpmartins> Oi Paula, quero te parabenizar pela pesquisa, que durante muitos anos lendo e relendo Dom Casmurro e tratamdo-se de uma narrativa longa (romance) e não a breve (conto) as questões da Crítica Literária (elementos interno (narrador/tempo/espaço/tensão) foi tão bem explanada.
[15:36] <jamersonjardel_> Obrigado.
[15:36] <paulamartins> Ah... rs... desculpe...
[15:37] <CarolinaLL> não faz mal, paula
[15:37] <CarolinaLL> bom, dani
[15:37] <Esivaldo> Muito obrigado pela maravilhosa palestra
[15:37] <CarolinaLL> o que você quer dizer com "ritmo ideal"
[15:37] <CarolinaLL> ?
[15:37] <daniervelin> paulamartins: muito interessante o problema que você coloca: os pontos de vista da percepção! Mas como lidar metodologicamente com a diversidade de pontos de vista de diferentes narradores sobre uma mesma cena?
[15:38] <CarolinaLL> desculpa, estou um pouco perdida
[15:38] <CarolinaLL> Dani: eu respondo?
[15:38] <jamersonjardel_> parabens pela exposição
[15:38] <paulamartins> Obrigada, "jpmartins"!
[15:38] <renataxavier> parabens e obrigado
[15:38] <jpmartins> Queria colocar que teu trabalho também liga-se à Linguística Cognitiva...as metáforas conceituais...e você conseguiu abrir um exemplo de pesquisa...que perpassa a semiótica, também. A plurissignificação...nossa!!! Excelente!
[15:38] <daniervelin> CarolinaLL, nao sei se seria ideia, seria entre a aceleração e a desaceleração
[15:38] <daniervelin> ideal*
[15:38] <daniervelin> entre a novidade e a repetição
[15:38] <paulamartins> TAmbém estou... espero a resposta de Carol e depois respondo sua pergunta, ok, Dani?
[15:39] <Belcoimbra> Muito bom pessoal!
[15:39] <CarolinaLL> OK
[15:39] <CarolinaLL> Dani, o gráfico tensivo não representa um ritmo. Ele representa um andamento
[15:39] <Emanuel> Parabéns tanto a Carolina quanto a Paula pelos trabalhos!
[15:39] <daniervelin> CarolinaLL, é mais uma dúvida mesmo... não sei se vc chegou a pensar em uma representação
[15:39] <Esivaldo> Que Texto maravilhoso, Parabéns Professora Pela Belíssima Pesquisa
[15:40] <jpmartins> Minha pergunta é o que você acha mais "tensional"...os quatro amigos, a amizade de longos anos...dos laços afetivos que os emolduraram acabar, ou uma desconfiança da esposa (Capitú) trair o esposo (Bentinho)?
[15:40] <daniervelin> CarolinaLL, então não seria possível usar o gráfico de forma alguma numa análise sobre o ritmo?
[15:40] <CarolinaLL> Não pensei numa representação. Aliás, é muito difícil inserir o ritmo nas representações gráficas do Zlbbg, mesmo se o ritmo perpassa todo o trabalho dele, não?
[15:40] <Belcoimbra> Amei as duas palestras gostaria muito de ficar mais, mas tb tenho aula agora
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